Oracle: o brasileiro que foi de estagiário a presidente aos 35 anos

Rodrigo Galvão entrou na Oracle aos 19 anos, construiu sua carreira como um 'empreendedor dele mesmo' e virou CEO da companhia aos 35 anos

Mariana Amaro

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Quando Rodrigo Galvão estava na faculdade de administração de empresas, seguiu o caminho da maioria das pessoas da sua idade: foi atrás de um estágio. Ele encontrou uma vaga que achou interessante, escreveu um único currículo e mandou. Rodrigo foi chamado para uma entrevista e para vaga e começou, assim, a sua carreira na Oracle, a multinacional de tecnologia da informação.

Ele entrou em 2002, como estagiário e usou sua posição como uma alavanca para criar relações e desenhar sua carreira. “Quando você entra na empresa, jovem, é o momento de conhecer pessoas e todo mundo quer te ajudar. Eu percebi isso e fui conhecendo as pessoas e criando relações”, afirma Galvão, em entrevista ao podcast Do Zero ao Topo.

O salário que ele recebia também era usado de forma estratégica: “eu tinha a sorte de não precisar pagar as contas de casa então usava o meu salário para viver algumas experiências diferentes. Uma delas era ir almoçar com os gestores e gerentes na sexta-feira. Era um dinheiro que não tinha na época, mas via como um investimento em relacionamento”, afirma.

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Depois de seis meses de estágio, Galvão foi efetivado e fez uma série de mudanças de área dentro da companhia. Em 2017, aos 35, assumiu a presidência da Oracle no Brasil em um momento muito particular de transformação digital e cultural na companhia. Para ele, o maior desafio ao assumir o cargo foi lidar com sua falta de vivência e experiência. Nos quatro anos em que esteve à frente da operação nacional, com cerca de 2 mil funcionários, Galvão implementou uma série de novidades, como o recrutamento às cegas.

Agora, após 21 anos na companhia, Galvão assumiu a vice-presidência de tecnologia para a América Latina da Oracle e afirma que, embora tenha pensado em sair da companhia algumas vezes, sempre se enxergou como um empreendedor da própria carreira. “Nossa carreira é como uma startup de nós mesmos. Quando você entra em uma empresa, você entra como um produto básico. O que uma startup precisa? Precisa ter um bom produto, precisa de investimento, desenvolvimento e conexões (…) para uma pessoa é a mesma coisa. Conheça as pessoas, crie relações, crie seu próprio ‘produto’, estude, se desenvolva e seja resiliente. Eu sou empreendedor de mim”, afirma.

O momento da Oracle

Os números mais recentes divulgados pela companhia indicam que a Oracle teve uma receita trimestral mundial acima do esperado, apoiada, principalmente, em uma forte demanda por serviços de computação em nuvem. “Temos crescido de maneira muito sólida em todas as linhas. Mas, especificamente na nuvem, conseguimos trazer para os clientes a oportunidade de gerar novas receitas e novas visões de mercado e economizar ao mesmo tempo”, afirma Galvão.

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A receita total da Oracle subiu 18,5%, para US$ 12,28 bilhões no segundo trimestre fiscal ante perspectiva média do mercado apurada pela Refinitiv de US$ 12,05 bilhões no período. A empresa também reverteu o prejuízo de US$ 1,25 bilhão registrado um ano antes e registrou um lucro líquido de US$ 1,74 bilhão, ou US$ 0,63 por ação, no trimestre encerrado em 30 de novembro.

A empresa vem reforçando presença no mercado de computação em nuvem para competir melhor com rivais como Microsoft e Amazon e, segundo analistas, a companhia estaria preparada para lidar melhor com cenário de fraqueza macroeconômica do que rivais.

Para Galvão, o momento de crescimento exponencial de tecnologia que vivemos exige uma preparação das empresas e dos funcionários e foco na busca por soluções. “A inovação financia a inovação. Eu gero um processo de inovação tecnológica que vai te gerar um novo modelo que pode ser uma nova fonte de receita ou fazer uma economia. O que vai fazer sobrar dinheiro em caixa para investir em mais inovação”, completa.

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Agora, na cadeira de vice-presidente de tecnologia para a América Latina, Galvão é o convidado do episódio #148 do podcast Do Zero ao Topo. Ele falou sobre como foi chegar tão jovem à principal cadeira da companhia e contou sobre como é possível empreender mesmo dentro de uma empresa. O programa está disponível em vídeo no YouTube ou em áudio em ApplePodcastsSpotifyDeezerSpreakerGoogle PodcastCastbox e Amazon Music.

Sobre o Do Zero ao Topo

O podcast Do Zero ao Topo traz, a cada episódio, um empreendedor(a) ou empresário(a) de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias usadas na construção do negócio.

O programa já recebeu nomes como José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; Rony Meisler, da Reserva; o empresário Abílio Diniz; Alcione Albanesi, do Amigos do Bem, Stelleo Tolda, um dos fundadores do Mercado Livre, e Sérgio Zimerman, da Petz.

Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.