O que acontece com os acionistas da Vale que não aprovaram a conversão de ações?

Na quarta-feira, acionistas detentores de 51,48% das ações preferenciais da Vale aprovaram a conversão dos papéis PNs em ONs; mas e o que acontece com aqueles que possuem as 149.029.036 ações VALE5 restantes? 

Paula Barra

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SÃO PAULO – Os acionistas da Vale (VALE3; VALE5) aprovaram na última quarta-feira a conversão das ações PNs em ONs, concluindo mais um passo importante na busca de melhorar sua governança corporativa. No total, 51,48% das ações preferenciais representadas na assembleia, ou um total de 158.111.060, votaram a favor da proposta. Mas um ponto ainda gera dúvidas: o que acontece com os acionistas que não aceitaram a proposta, ou seja, os detentores de 149.029.036 ações VALE5?

Aqueles que não se manifestarem sobre o direito de retirada – isto é, vontade de deixar a base acionária da empresa – a conversão das ações PNs em ONs será feita de maneira automática na proporção de 0,9342 – a mesma utilizada em julho, quando os acionistas aprovaram a reorganização societária da empresa (veja aqui) -, disse a assessoria de imprensa da Vale ao InfoMoney

Por sua vez, para aqueles que quiserem se desfazer de suas ações, devem-se atentar ao prazo: aos acionistas que desejam exercer o direito de retirada deverão manifestar sua intenção de 20 de outubro (hoje) até 19 de novembro. Não feito isso, as ações serão convertidas automaticamente em ONs. 

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Essa situação, contudo, deve envolver uma base muito pequena de acionistas, dado o valor que será pago de R$ 24,26 por ação – valor apurado com base no último balanço aprovado na AGO (Assembleia Geral Ordinária) de 20 de abril de 2017, levantado em 31 de dezembro de 2016  -, ou 20,9% abaixo do fechamento da última quarta-feira (19). 

Em relatório, analistas do Itaú BBA também apontam para a mesma direção: “acreditamos que isso seja improvável (que os acionistas optem pelo direito de retirada) por conta de 3 fatores: 1) valor patrimonial está abaixo do preço atual da ação; 2) esses acionistas fazem parte de uma base muito fragmentada; e 3) eles deveriam ter carregado as ações desde o dia 18 de agosto”. Isso porque só terão direito de retirada aqueles que mantiveram “ininterruptamente” a titularidade das suas ações preferenciais classe A desde o encerramento do pregão de 18 de agosto até a data do efetivo exercício do direito de retirada. Ou seja, ações adquiridas, bem como ações relativas a “aluguel de ações” (posição de tomador e/ou de doador), a partir de 21 de agosto não conferirão ao titular direito de retirada. 

Segundo os analistas do Itaú, mesmo considerando que todos os acionistas PNs exerceçam o direito de retirada, o desembolso da Vale seria de R$ 3,6 bilhões, não alterando sua tendência de desalavancagem. 

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Próximos passos 
A assessoria da Vale diz que a janela do direito de retirada é mais um passo em direção ao Novo Mercado, nível máximo de governança corporativa da B3, que a empresa espera espera alcançar ainda este ano. 

Para analistas do Itaú BBA, é possível que a migração ocorra ainda no 4° trimestre deste ano ou no início do 1° trimestre do 2018. “Vemos esse movimento como marginalmente positivo ao confirmar que a governança corporativa da companhia atingiu os maiores padrões do Brasil”, disseram.

Na mesma linha, os analistas do BB Investimentos comentaram que, “ao se tornar uma corporação, acreditamos que o desconto existente com relação aos seus pares diminua, considerando que um dos pontos questionados pelos investidores sobre a interferência em sua governança deva ser minimizado”. Além disso, eles citam que o processo deve também aumentar a liquidez das ações da empresa e melhorar o acesso ao mercado de capitais (veja mais aqui).