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SÃO PAULO – Em 2013, a Refinaria Manguinhos (RPMG3) pediu recuperação judicial no início do ano e passou por uma série de polêmicas, incluindo uma envolvendo a desapropriação de um terreno no Rio de Janeiro. Mas só agora que um novo caso surgiu envolvendo a companhia naquela mesma época.
Segundo a delação premiada do ex-diretor da Petrobras e da BR Distribuidora, Nestor Cerveró, o presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), junto com o ministro de Turismo, Henrique Eduardo Alves e o senador Edison Lobão, teriam pressionado executivos da BR para comprar a refinaria de Manguinhos naquele ano.
Cerveró conta ter ouvido, em 2013, do então presidente da BR Distribuidora, José de Lima Andrade Neto, que ele “tinha sido procurado pela segunda vez pelos deputados Eduardo Cunha e Henrique Alves, que estiveram na BR Distribuidora intervindo para que a estatal comprasse a refinaria”.
“Lima disse também que Edison Lobão também tinha ligado para ele, pressionando no mesmo sentido”, afirma Cerveró, em seu termo de delação número 7. O acordo foi fechado no final de 2015, mas sua íntegra foi tornada pública nesta semana pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo o delator, “o negócio poderia girar em torno de 50 milhões de dólares e, por ser muito favorável ao vendedor, poderia gerar uma propina também muito grande, pois era a venda de um ‘mico'”. Ainda segundo Cerveró, chegaram a ser iniciados estudos para pelo menos acalmar os políticos do PMDB, mas a Operação Lava Jato acabou com as possibilidades de ocorrer um negócio.
“Se essa pressão fosse antes da deflagração da operação Lava Jato, com certeza essa pressão seria irresistível, isto é, o negócio se concretizaria. Depois da deflagração da operação, houve um memorando determinando a paralisação de todos os negócios”, disse na Cerveró na delação.
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Atualmente, os papéis da Refinaria Manguinhos são cotados a R$ 4,10 na Bovespa, mas até abril as ações estavam em apenas centavos. Para se adequar as novas regras da Bolsa para evitar as chamadas “penny stocks”, a companhia fez um grupamento de 20 para 1 no dia 27 de abril, com seus ativos passando de R$ 0,19 para R$ 3,80.