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Joseph Safra se tornou o banqueiro mais rico do mundo ao transformar um banco brasileiro em um império global. Com sua morte aos 82 anos, o destino desse multibilionário conglomerado está nas mãos da próxima geração da família.
O que está em jogo é um conjunto de ativos formado pelo Banco Safra SA, o Safra National Bank de Nova York e o suíço J Safra Sarasin – empresas com cerca de US$ 85 bilhões em ativos bancários. Há também um portfólio de imóveis de US$ 2,3 bilhões, que inclui o Gherkin em Londres e o 660 Madison Avenue em Nova York, uma participação na empresa de bananas Chiquita Brands International e até uma mansão em São Paulo.
Juntos, seus quatro filhos e a esposa Vicky podem herdar uma fortuna estimada em cerca de US$ 17,6 bilhões, de acordo com o índice de Bilionários da Bloomberg.
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A sucessão formal de um dos maiores bancos “de dono” do Brasil, em que a família centraliza decisões na prática, ocorre em um momento em que a pandemia acelera desafios em alguns dos principais setores de atuação dos Safra, da indústria financeira a imóveis. Os Safra – famosos pela abordagem cautelosa em relação a novos negócios – também precisam enfrentar concorrência cada vez mais acirrada por clientes ricos com fintechs e bancos globais.
“A importância do Safra no sistema financeiro é menor hoje do que já foi antes. Outros bancos cresceram mais do que ele”, disse Rafael Schiozer, professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas. O BTG Pactual, por exemplo, ultrapassou o Banco Safra em ativos neste ano, segundo dados do Banco Central, afirmou Schiozer.
“A família agora enfrenta desafios tanto na definição de uma estratégia para seus negócios quanto na definição de seu controle”, disse Schiozer.
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Joseph Safra “deixa um legado que será seguido por muitas gerações”, segundo nota do Banco Safra divulgada na quinta-feira, que dizia que a morte ocorreu por causas naturais. O banco não respondeu pedido de comentários adicionais.
A dinastia Safra tem suas origens no Império Otomano, quando financiava comerciantes de caravanas de camelos, e atravessou crises globais e familiares.
Joseph Safra nasceu em 1938, em Beirute, no Líbano, de uma família judia de banqueiros com raízes em Aleppo, na Síria. Seu pai, Jacob, mudou-se para o Brasil após a Segunda Guerra Mundial e o Banco Safra foi estabelecido em 1957. Joseph e o irmão Moise dirigiram a empresa brasileira. O irmão mais velho, Edmond, havia deixado o país e criado seus próprios bancos na Europa e em Nova York, que mais tarde venderia para o HSBC. Edmond morreu em 1999, vítima de incêndio criminoso em Mônaco.
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No Brasil, Joseph e Moise transformaram o banco em um dos maiores da América Latina, atendendo às pessoas mais ricas e às empresas mais importantes do país. O negócio ficou conhecido por sua solidez, suportando as muitas turbulências brasileiras.
A gestão também teve seus problemas, inclusive em 2009, depois que o grupo foi vinculado a um fundo que repassava recursos para Bernie Madoff, que orquestrou um esquema de pirâmide de US$ 17,5 bilhões.
Joseph e Moise se separaram nos anos 2000, quando Joseph criou um banco rival, o J Safra. Moise então vendeu sua parte nos negócios da família para Joseph em 2006 por cerca de US$ 2,5 bilhões e deixou o banco.
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Joseph já deixou pavimentada sua sucessão. Seus filhos Jacob, David, Alberto e Esther ingressaram no grupo de acionistas do Banco Safra, em dezembro passado, de acordo com um documento regulatório. Dois deles já exerciam funções centrais dentro do grupo antes da morte do pai, com Jacob dirigindo a parte internacional das operações, enquanto David supervisiona a operação brasileira.
O filho do meio de Joseph, Alberto, saiu do conselho de administração do Safra em 2019, devido “exclusivamente à sua intenção pessoal de dedicar-se a outro projeto com a família”, segundo nota enviada pelo Safra na época. Alberto manteve sua participação no Grupo J. Safra e criou a ASA Investments, uma empresa de investimentos e de gestão de recursos. A filha de Joseph, Esther, é educadora e nunca se envolveu com o banco.
Os Safra mais jovens já estão deixando sua marca no império familiar. A unidade brasileira entrou no varejo bancário neste ano, por exemplo. Em outubro, lançou o AgZero, um banco digital sem agências, ao mesmo tempo em que reforçou a plataforma digital de investimentos com a marca Safra Invest. Notoriamente discreto, o banco investiu mais em marketing.
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“O Safra sempre foi um banco tradicional, mas ser tradicional não significa que não esteja evoluindo”, disse Schiozer. “O que o diferencia é que o Safra é visto como seguro, ninguém tem medo de fazer negócios com o banco.”
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