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SÃO PAULO – Desde que as notícias sobre o interesse da Natura (NATU3) em comprar as operações da Avon ganharam forças, o mercado torceu o nariz.
Na sessão do dia 22 de março, quando foi noticiado pela primeira vez o interesse na brasileira na companhia de cosméticos, os ativos NATU3 tiveram uma derrocada de 7,78%, em meio aos temores de maior endividamento da companhia e com os desafios para recuperar as operações da gigante de cosméticos americana.
Assim, não foi exatamente uma surpresa que os papéis disparassem com o anúncio de que a Avon vendeu a unidade na América do Norte para a sul-coreana LG Household & Health Care por US$ 125 milhões.
O acerto para o negócio em dinheiro ocorreu depois que a brasileira afirmou em março que estava negociando um acordo com a Avon “a respeito de potencial transação envolvendo ambas as companhias”. A avaliação do mercado, então, foi de que a negociação perderia força, já que um dos motivos para a Natura negociar a compra da Avon era justamente a operação americana.
Porém, a Natura esclareceu ao mercado que continuava interessada nas operações da Avon – obviamente, excluindo a América do Norte. Mesmo com a confirmação de que continua com as negociações, o que seria visto negativamente pelo mercado, as ações seguiram a disparada de cerca de 10% na B3 na sessão desta quinta-feira (25).
Isso ocorreu porque a venda das operações americanas da Avon para a LG deram indicações importantes para a Natura e o futuro das negociações entre as gigantes de cosméticos.
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Conforme destaca o Citi, embora a Natura tenha mencionado inicialmente que estava analisando os negócios também na América do Norte, os analistas do banco tinham várias restrições sobre o ativo na região, que vem sofrendo há anos com os baixos resultados.
“Por isso, vimos uma possível compra do negócio norte-americano como uma ‘penalidade’ que a Natura eventualmente teria que pagar se estivesse disposta a comprar a Avon”, afirma a equipe de análise.
Assim, a venda dos negócios na América do Norte para um terceiro foi vista como positiva, eliminando o risco da Natura comprar um negócio em dificuldades e também reduzindo o valor potencial da transação total, o que ajuda a diminuir os temores de endividamento.
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O JPMorgan, por sua vez, aponta que o negócio fechado na véspera pode indicar que a Natura está sendo racional nas negociações, uma vez que as operações dos EUA não seriam muito sinérgicas, sendo também um mercado muito desafiador.
Assim, o mercado acompanha de perto os próximos passos da negociação entre Natura e Avon (agora, sem contar com as operações da América do Norte). De acordo com o Valor, as negociações estão bastante avançadas e podem ser concluídas em breve.
Para o Citi, existem alguns pontos positivos para a Natura na compra e fusão com a Avon, principalmente no que diz respeito às sinergias no Brasil e na América Latina.
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No entanto, há também riscos, incluindo (1) preço, (2) complexidade de integração, (3) perda de foco, (4) confrontos culturais e (5) operações em alguns mercados. “Em qualquer caso, a venda da Avon da América do Norte pode ser um obstáculo a menos para a NATU3 e pode, eventualmente, aumentar a probabilidade de uma transação”, afirmam.
Assim, o que antes parecia ser uma dificuldade, agora pode ser um ponto positivo para a conclusão das negociações, com a Natura podem se sair bem nas duas frentes, justificando o forte desempenho dos papéis nesta sessão.
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