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Miguel Patricio, CEO global da gigante de alimentos Kraft Heinz, vê como vital para o futuro da companhia o crescimento mais acelerado em países em desenvolvimento, como Brasil e China. Segundo o executivo, esta necessidade decorre do fato dos consumidores buscarem maior conveniência à medida que a situação econômica melhora.
Patricio falou sobre os desafios para o consumo e a inovação durante painel na Super Lives – 1 ano de pandemia, série organizada pelo InfoMoney e pela XP. (Confira a entrevista completa assistindo ao vídeo acima).
A Kraft Heinz está concentrada em economias maduras, principalmente Estados Unidos. Patricio, no entanto, lembra que o mercado de alimentos nesses locais cresce a uma taxa de 1,5% ao ano, em média, enquanto nos demais países o crescimento é de 7,5%.
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“A indústria de alimentos cresce muito mais rapidamente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. A gente precisa crescer mais em países como Brasil, China e Rússia. Esse crescimento maior é vital para o nosso futuro”, disse.
Em 2020, a Kraft Heinz registrou receitas líquidas de US$ 26,2 bilhões, um crescimento anual de 4,8%. Desse total, os Estados Unidos e Canadá responderam por 79,6%.
Para Patricio, um dos desafios para o crescimento em países como Brasil e China é a distribuição. Enquanto nos Estados Unidos as vendas estão concentradas em grandes redes de supermercados, nos outros países a distribuição é mais pulverizada, com uma fatia relevante sendo realizada por comerciantes de menor porte.
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“China e Brasil têm uma distribuição mais fragmentada e o crescimento (nesses países) é muito ligado a essa capacidade (logística). É preciso escala para reduzir os custos e chegar a mais pontos de venda”, explicou.
A expectativa de Patricio é que o crescimento da economia nos países em desenvolvimento leve a mudanças nos hábitos de consumo, sempre buscando maior comodidade. Como exemplo, ele cita a batata frita congelada. Nos Estados Unidos, esse produto está presente em quase 70% dos lares, enquanto no Brasil essa presença é pouco significativa.
“Nos Estados Unidos, pelo nível de desenvolvimento econômico, a conveniência é mais importante”, disse, acrescentando que a sofisticação nos hábitos de consumo ocorre com o aumento de renda da população, incluindo aí maior demanda por produtos de origem vegetal, por exemplo.
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O que também tem sido fonte de mudanças é a pandemia de coronavírus em curso. Segundo Patricio, quando as infecções começaram na China, ainda em janeiro de 2020, a companhia tomou a decisão de aumentar a compra de matérias-primas provenientes do gigante asiático, antes que houvesse uma interrupção no fornecimento. Na sequência, a multinacional passou a buscar fornecedores em outras localidades.
“No primeiro instante, vimos que ia ter um problema sério de falta de matéria-prima porque a China podia fechar. Ganhamos um fôlego porque aumentamos as compras antes que isso acontecesse e tivemos tempo para desenvolver outros fornecedores.”
Patricio citou ainda a mudança de hábitos trazida pela pandemia, como o maior uso de ferramentas digitais e a mudança de famílias para regiões afastadas dos grandes centros.
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“Para nós, isso é positivo. As pessoas estão indo mais a supermercados e fazendo mais refeições em casa”, disse.
Inovação e eficiência
Sobre inovação, o executivo afirmou que é possível ser uma multinacional preocupada com eficiência e ao mesmo tempo trabalhar com inovação.
“Esses dois mundos não são excludentes. Achar que é preciso ser eficiente ou inovador é algo do passado. As companhias que não unirem as duas características vão perder”, disse.
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Patricio destacou ainda que buscar eficiência é diferente de cortar custo. Para ele, o curto de custo é temporário e pode ser perigoso para a empresa, uma vez que isso poderia impedir investimentos em inovação.
“Uma empresa precisa ter a mentalidade da eficiência, de fazer sempre mais “, explicou.
Na indústria de alimentos, Patricio destaca que a inovação está presente no uso de inteligência artificial, que pode ajudar a reduzir o tempo para o desenvolvimento de um produto. Ele citou o caso da The Not Company, empresa de produtos de origem vegetal em que as receitas são formuladas por um algoritmo de inteligência artificial.
Outra inovação que tem ajudado a indústria de alimentos, segundo o executivo, são as ferramentas de “social business”, utilizadas na melhorar da comunicação com os consumidores.
O CEO global da multinacional de alimentos também acrescentou que a diversidade está mais presente na companhia, que atualmente busca profissionais de diferentes perfis.
“Tínhamos um perfil muito definido do profissional que queríamos. Hoje estou convencido que isso é um erro para as companhias, que precisam buscar diversidade e variedade de pensamentos”, disse.
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