Na Assaí (ASAI3) pós-Casino, mercado aguarda definição da remuneração do conselho

Assembleia de acionistas do atacarejo, agendada para o dia 14 de julho, levará nova proposta à votação

Lucinda Pinto

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Com a venda do último lote de ações da Assaí (ASAI3) que estavam nas mãos do Casino, operação amplamente aguardada desde a semana passada, quando terminou o período de “lock-up” relativo à última venda de ações pelo grupo francês, a atenção do mercado agora se volta para os desafios operacionais da rede de atacarejo. O primeiro deles é a definição da remuneração dos executivos, tema que já está em discussão há algumas semanas e que será retomado em assembleia de acionistas, marcada para o dia 14 de julho.

Em abril deste ano, os acionistas do Assaí rejeitaram a proposta de remuneração do conselho e da diretoria em 2023, que somava R$ 101 milhões. O valor representava um aumento de 3% sobre o montante pago em 2022 e de 40% em relação ao que havia sido orçado inicialmente. A nova proposta, a ser analisada na assembleia em julho, é de R$ 70 milhões.

O tema é considerado sensível porque os valores discutidos seguem acima da média de remuneração do mercado, segundo analistas que acompanham a negociação. Há quem diga que a presença do Casino no conselho, com cinco cadeiras até abril, explica parte dessa pressão por salários mais altos. Hoje, há apenas um representante do Casino – Philippe Alarcon –, que deve ser substituído nas próximas semanas.

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Loja da Assaí: em fase “full corporation”, desafio permanece em controlar a alta alavancagem

Ao mesmo tempo, é de interesse dos acionistas que a companhia consiga chegar a um número atrativo o suficiente para reter o CEO, Belmiro Gomes. Na quarta-feira (21), o Assaí realizou um webinar para acionistas para apresentar a nova proposta.

O Casino, que já foi controlador do Assaí, com 42% do capital, detinha agora uma fatia de 11,7%, da qual se desfez no block trade. O resultado da operação será conhecido nesta sexta-feira (23), mas segundo fontes, as 157,6 milhões de ações devem sair com desconto de cerca de 5% em relação ao valor atual de mercado – o papel fechou esta quinta a R$ 13,36, queda de 0,3%.

A operação era aguardada, mas parte do mercado acreditava que a empresa francesa poderia esperar por uma recuperação do preço dos papéis, que acumulam queda de 31,10% no ano, para vender sua participação.

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Sem o Casino como acionista, o Assaí se torna uma “full corporation”, ou seja, uma companhia sem controlador. Além da definição da remuneração dos conselheiros, o mercado monitora atentamente a gestão de outros dois importantes desafios: a desaceleração da inflação dos alimentos, o que pode afetar a receita da empresa; e a alavancagem da empresa, que tem planos ousados de expansão, especialmente fora de São Paulo. Segundo o balanço do primeiro trimestre, a relação dívida líquida/Ebitda da empresa atingiu 2,78 vezes, o maior patamar dos últimos 12 meses.

Lucinda Pinto

Editora-assistente do Broadcast, da Agência Estado por 11 anos. Em 2010, foi para o Valor Econômico, onde ocupou as funções de editora assistente de Finanças, editora do Valor PRO e repórter especial.