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SÃO PAULO – Logo após anunciar um grupamento na razão de 120 ações para 1, a Mundial (MNDL3) viu seus papéis dispararem 110% em poucos dias no começo de maio, indo de R$ 10,80 (preço alcançado após grupamento) para R$ 22,40. Embora tenha corrigido a maior parte desta valorização nos dias seguintes, os ativos MNDL3 encerraram o mês com alta de 17,08%, sua maior valorização mensal desde junho de 2011 – período que coincide com o famoso episódio da “bolha do alicate”.
Qualquer alta da Mundial é suficiente para trazer a lembrança do período em que as ações da fabricante de alicates subiu mais de 3.000% entre abril e junho de 2011. Logo após esta disparada, os papéis da empresa despencaram 86,46% em apenas 3 dias – entre 20 e 22 de julho – indo de R$ 6,99 para R$ 0,95.
A característica preliminar de uma bolha é a ausência de um fator racional que justifique a elevação do preço, é um fenômeno, principalmente, baseado na euforia. É o que ocorreu em 2011, quando as ações saltaram de R$ 0,57 para R$ 7,99 em menos de dois meses. Talvez este “passado” foi o que colaborou para a ação MNDL3 tenha fechado o último mês a R$ 14,05, bem abaixo dos R$ 22,40 alcançados ao longo do mês.
Uma segunda chance?
Depois de dois anos ostracizada pelos investidores, a ação da Mundial operava bastante abaixo de seu patrimônio. A ação estava cotada a apenas R$ 0,09 antes do grupamento. Além disso, a empresa agora operava com lucros, ao contrário dos fortíssimos prejuízos que haviam sido registrados em 2011.
Mas, cotada aos centavos e com o passado sombrio, faltava credibilidade para sustentar uma recuperação, ou até mesmo a aposta por parte dos investidores. “O grupamento uma tentativa de passar alguma credibilidade para o mercado. E com a ação valendo reais, fica muito mais difícil ter um tipo de bolha como aquela. Mas é a mesma empresa”, diz Wagner Caetano, diretor da Top Traders.
Com isso, desta vez a história da Mundial promete ser bastante diferente. No fechamento da segunda-feira (3), a ação atingiu os R$ 13,55 – quase um real abaixo do valor patrimonial por ação, de R$ 14,39. A empresa também não está muito “cara” perto de seu lucro, com uma relação P/L em torno de 10 vezes.
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Ainda é cedo para qualquer pessoa afirmar o que é justo para a Mundial, já que isso, basicamente, depende do desempenho da empresa no curto prazo. Mas a companhia “pede” aos investidores uma segunda chance, para conseguir provar que qualquer alta que suas ações registrarem não é uma “bolha”.