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Tempos atrás era fácil encontrar alguém andando na rua, com o smartphone na mão, caçando personagens do Pokémon Go, fenômeno mundial lançado em 2022 que ‘capturou’ US$ 5 bilhões nos seus cinco primeiro anos de vida. Os jogos mobile continuam evoluindo e, agora, a moda tem sido personalizar os avatares virtuais para torná-los cada vez mais estilosos e, em alguns casos, também poderosos.
Segundo a última edição do relatório de mercado de games, divulgado pela consultoria Newzoo, os chamados jogos mobile, aqueles específicos para smartphones, movimentaram cerca de US$ 92 bilhões no ano passado. Desse montante, uma importante fatia de US$ 2,4 bi vem das chamadas microtransações, que são aquelas de menor valor -geralmente entre US$ 1 e US$ 10- para aquisição de acessórios para os jogos de celular, como skins, avatares, poderes e etc.
Esse mercado é tão forte que virou o principal negócio de várias empresas, como é o caso da Razer Gold, uma fintech subsidiária da norte-americana Razer, fabricante de hardwares e softwares, que chegou ao Brasil em 2012, depois de comprar a Rixty. Entre os seus serviços, a companhia permite que os jogadores comprem créditos no site, nos correspondentes físicos ou por meio de cartões-presentes vendidos nas lojas do varejo.
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Atualmente, a empresa mantém um portfólio de 42 milhões de clientes em todo o mundo. Desse total, um terço está na América Latina, especialmente no Brasil, que se tornou um dos principais mercados. Para atender essa porção de usuários, a empresa vende créditos virtuais para 42 mil títulos de jogos e conteúdos, em 25 moedas diferentes.
“Antigamente, o jogador comprava um CD para videogame e com ele jogava a campanha inteira, sem precisar comprar mais nada. Em 20 anos, o cenário mudou”, explica Dennis Ferreira, diretor geral do Razer Gold na América Latina. Agora, o jogo, que é gratuito, oferece uma série de benefícios e possibilidades de personalização. “Esses itens não necessariamente dão mais performances, mas conferem estilo ao personagem”, afirma Ferreira.
O paradoxo do faturamento da empresa está na plataforma onde a maioria de suas vendas é feita: nos estabelecimentos fixos, mesmo a empresa tendo opções digitais. Segundo Dennis, isso acontece porque a empresa incentiva que os pais comprem os créditos por meio dos cartões presentes, em alternativa a ter de dar um cartão de crédito ao jogador, que, em muitos casos, tem menos de 18 anos.
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Por esta plataforma, a empresa oferece benefícios, o que consequentemente a faz reter os clientes, sejam eles os próprios jogadores ou seus responsáveis. Esse tipo de cartão pode ser adquirido em supermercados e lojas do varejo, por exemplo.
“Essa é uma forma segura de dar crédito porque o comprador sabe exatamente quanto está gastando, se R$ 20, R$ 50 ou R$ 100”, comenta Ferreira.
Transação bilionária
Outra empresa que tem faturado com as microtransações em jogos é o Zro Bank, um banco multimoedas que encontrou no Pix as a service uma fonte de lucrar ainda mais. A fintech opera um serviço que dá às empresas estrangeiras a possibilidade de vender créditos para seus jogos no Brasil, por meio da ferramenta de pagamentos instantâneos do Banco Central.
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No final de janeiro, a empresa completou cinco meses de operação do serviço que já transacionou R$ 1 bilhão. Os clientes que recorrem ao serviço do Zro Bank podem integrar a função como um API no seu site ou aplicativo, facilitando a inserção rápida de créditos nos jogos. Segundo um levantamento do Instituto Postman API Plataform, o Brasil é o quarto país que mais utiliza esse tipo de interação entre aplicativos.
O ticket médio das transações operadas pela fintech é de R$ 22 e a maioria das empresas que contratam o serviço (cerca de 60%) é do mundo dos games ou são casas de apostas, destaca Edísio Pereira, CEO do Zro. Em vista dos números positivos e da procura que tem registrado, o banco espera fechar o ano de 2023 intermediando mais de R$ 25 bilhões.
“Nosso serviço é receber em reais e enviar esses recursos para o exterior, para atender empresas estrangeiras que querem vender para brasileiros. Montamos um sistema multibancos dentro do nosso próprio sistema para ter 100% de disponibilidade para os clientes”, pontua Pereira.
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O Pix as a service surgiu em um momento delicado para o banco digital, que tinha sua operação mais focada nas criptomoedas. Com o mercado cripto em baixa, a fintech teve de se reorganizar para conseguir lucrar, então recorreu à função financeira que teve grande adesão do público brasileiro.
“O começo de 2022 foi um pouco difícil porque o ano anterior tinha muito bom, depois de o bitcoin atingir recorrentes máximas. Quando as criptomoedas começaram a cair, os usuários do aplicativo passaram a comprar e interagir menos. No meio do ano, portanto, decidimos abrir o segmento especializado em B2B, justamente para deixar de depender tanto do mercado cripto”, recorda Edísio.