Metas climáticas: Empresas de capital fechado estão muito atrás do que as listadas

Companhias listadas, em maioria, estão comprometidas com metas e planos para redução de emissão; companhias de capital fechado, não

Mariana Amaro

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O mercado financeiro pode ter um impacto positivo no combate às mudanças climáticas. Isso porque, entre as 100 maiores empresas listadas, 69 definiram meta para atingir emissões líquidas de carbono zero. Entre as maiores empresas de capital fechado do mundo, apenas 32 seguem a mesma diretriz.

As informações são de uma análise da organização sem fins lucrativos Net Zero Tracker, ainda sem tradução para o português, com o título Everybody´s Bussiness: The net zero blind spot (em tradução livre, Um negócio de todos: o ponto cego da política de emissão zero).

Em setores de alta emissão, como energia, infraestrutura e manufatura, apenas 14% da receita anual combinada das empresas fechadas é coberta por essa meta, em comparação com 77% das receitas das empresas listadas no mesmo setor.

Qualidade das metas

Segundo o estudo, mesmo entre as empresas de capital fechado que possuem metas, a qualidade dessas é pior quando comparada às metas de empresas de capital aberto.

Entre as companhias fechadas, os objetivos tendem a não incluir curto prazo, não cobrir todo o escopo de suas emissões ou não conter detalhes sobre como a empresa usa compensações de carbono.

E pior: apenas quatro (13%) das empresas de capital fechado com metas climáticas realmente possuiam um planejamento específico para alcançar o objetivo. Entre as empresas de capital aberto, esse percentual chega a 72%.  “As empresas de capital fechado estão ficando muito aquém do em comparação com suas pares de capital aberto”, disse John Lang, líder do projeto do Net Zero Tracker.

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À medida que as empresas listadas enfrentam cada vez mais divulgações obrigatórias relacionadas ao clima, Thomas Hale, professor da Blavatnik School of Government da Universidade de Oxford, disse que existe o risco de as empresas de capital fechado escaparem do escrutínio e ganharem uma vantagem injusta. “É necessária uma regulamentação inteligente para criar condições equitativas e fechar uma brecha potencialmente enorme na ação climática corporativa”, avaliou.

Desafio climático

Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a sustentabilidade é uma preocupação cada mais presente na indústria brasileira: seis em cada dez empresas têm uma área ou departamento dedicado ao tema. O número quase dobrou em relação ao ano passado, quando 34% das indústrias no país afirmaram ter esse cuidado. A proporção de empresários que disseram exigir certificados ambientais de fornecedores e parceiros na hora de fechar um contrato subiu de 26%, em outubro do ano passado, para 45% neste ano. Mais da metade (52%) das indústrias tiveram de comprovar ações ambientalmente sustentáveis na hora de assinarem contratos, contra 40% em 2021.

Feita com executivos de indústrias em todo o país, a pesquisa será divulgada pela CNI durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), que está sendo realizada no Egito até o próximo dia 18. Lá, lideranças globais se reúnem para discutir maneiras de enfrentar e se adaptar às mudanças climáticas.

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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, defendeu  um “pacto de solidariedade climática” entre os países e empresas participantes. Segundo Guterres, essa é a alternativa que resta para evitar, como consequência, o “suicídio coletivo” do planeta.

(Com informações da Reuters)

Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.