Méliuz (CASH3) avança para venda de 100% do Bankly ao BV e prevê fim da ‘queima de caixa’

Banco Votorantim também concluiu a compra de 3,85% do capital social da empresa de cashback

Rikardy Tooge

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O Méliuz (CASH3) deu mais um passo na noite desta quarta-feira (8) em seu acordo comercial celebrado com o BV no fim do ano passado. A empresa de cashback anunciou a venda de 100% do Bankly, sua plataforma de bank as a service, ao Banco Votorantim por R$ 210 milhões mais ajustes de inflação até o closing do negócio.

Na divulgação feita em dezembro, não estava decidido se BV assumiria 51% ou 100% do negócio. Porém, com o desenrolar das conversas, o banco optou por adquirir a totalidade do Bankly.

A previsão é que o acordo entre Méliuz e BV seja fechado até o fim deste mês. Após esta etapa, a transação deverá ser aprovada pelo Banco Central.

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A partir da concretização do negócio, toda a operação de serviços financeiros do Méliuz, como emissão de cartões e oferta de crédito, passará ser feita pelo BV. Isso significa também que o risco de crédito, o custo operacional dos serviços financeiros e o funding passarão a ser do Banco Votorantim.

“O que era um custo para nós passará a ser receita”, lembra Israel Salmen, CEO da Méliuz, ao InfoMoney.

O Méliuz passará a ser remunerado por cartão de crédito e conta ativadas e percentual atrelado ao volume total de pagamento do cartão (TPV, em inglês). (Correção: Diferentemente do que foi divulgado inicialmente pelo Méliuz, a empresa será remunerada por cartão de crédito ativado, e não por cartão emitido. A informação foi corrigida às 9h56).

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O BV possui uma carteira de crédito estimada em R$ 80 bilhões. Com a soma dos negócios, as transações de crédito do Banco Votorantim e Méliuz chegarão a algo próximo a R$ 250 milhões por ano.

Caixa para de sangrar

Salmen diz também que o negócio permitirá ao Méliuz focar no seu core business: captação e retenção de clientes, terceirizando os riscos e custos que um banco digital enfrenta.

O CEO também entende que manter o Bankly já não fazia o mesmo sentido de quando ocorreu a compra em 2021, em uma transação feita por troca de ações e que foi avaliada em R$ 324,5 milhões.

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“A economia mudou muito desde que compramos o Bankly. Houve uma deterioração do cenário macroeconômico e o risco de ofertar crédito aumentou”, lembra o executivo. “O Méliuz deixa de queimar caixa para crescer e passará a gerar caixa muito em breve”, avalia Israel Salmen.

Com os recursos da venda do Bankly, Salmen aponta que o Méliuz irá rodar com um caixa de R$ 600 milhões, sem contar com a entrada das receitas vindas pelo novo acordo. “É uma posição financeira forte para nosso modelo de negócios e nos permite enfrentar o atual cenário”, argumenta.

BV conclui compra de participação no Méliuz

O Méliuz também informou nesta quarta-feira que concluiu a venda de 3,85% de seu capital social ao BV como parte do acordo. Salmen e os executivos André Ribeiro e Lucas Marques Figueiredo foram os vendedores, com o valor por ação em R$ 1,53 (upside de 59% sobre o preço de tela) – a transação anunciada em dezembro previa o valor base de R$ 1,50 por ação mais CDI do período.

Israel Salmen, que além de CEO é o principal acionista do Méliuz com cerca de 13% das ações, afirma que segue comprometido com o negócio que ajudou a fundar.

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Israel Salmen, CEO do Méliuz (Divulgação)
Israel Salmen, CEO do Méliuz: empresa deixará de queimar caixa a partir de acordo com o BV (Divulgação)

Além da compra dos 3,85% de ações dos executivos, segue em vigor um contrato de opção de que permite comprar a participação do bloco de controle da companhia, que detém participação de 20%.

O prazo do acordo é de 24 meses (até dezembro de 2024) e, caso o BV decida exercer a opção, terá de realizar uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) nas mesmas condições para os demais acionistas, o chamado tag along.

A saber, o valor parte de um valor base de R$ 1,50 por ação que será ajustado ao longo do contrato.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br