Mark Zuckerberg teria alertado Trump sobre o crescimento do TikTok nos EUA em 2019

CEO do Facebook teria feito lobby para barrar ascensão de chinesas do setor de tecnologia, de acordo com o The Wall Street Journal

Pablo Santana

(Getty Images)
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SÃO PAULO – Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, alertou o presidente Donald Trump, em um jantar na Casa Branca, em outubro do ano passado, que as empresas de tecnologia chinesas representavam uma ameaça aos Estados Unidos, segundo informações do The Wall Street Journal.

O executivo defendeu que controlar o avanço das empresas chinesas deveria ser prioridade do governo, pois elas representam um risco para os valores americanos e o domínio tecnológico do país.

A reportagem do jornal americano também revelou que Mark Zuckerberg teria apontado que o aplicativo de vídeos, controlado pela chinesa ByteDance, não teria o mesmo compromisso do Facebook com a liberdade de expressão. Os senadores Tom Cotton e Chuck Schumer, que se encontraram com Zuckerberg em setembro, pediram uma investigação sobre a companhia chinesa em outubro.

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O aplicativo cresceu durante a pandemia, se tornando uma grande ameaça para os negócios do Facebook, já que compete diretamente com o Instagram. Em seu depoimento no Congresso dos Estados Unidos, durante a audiência que investiga práticas antitrustes no setor de tecnologia, Zuckerberg alfinetou o TikTok.

O TikTok e o WeChat, da chinesa Tencent, foram alvos de uma ordem executiva assinada pelo presidente americano no início deste mês que proíbe empresas ou qualquer cidadão do país de fazer negócios com as multinacionais chinesa. 

No texto, Trump diz que as empresas representam um risco à segurança nacional. Segundo o presidente americano, a coleta de dados do TikTok e WeChat poderia “permitir ao Partido Comunista Chinês acesso às informações pessoais e proprietárias dos americanos”, concedendo à China a possibilidade de rastrear a localização de funcionários federais, criar dossiês com informações pessoais para chantagem e conduzir espionagem corporativa.

O TikTok entrou Justiça contra o decreto, alegando que o governo não buscou um acordo com a empresa e tomou decisões baseadas em relatórios “sem fundamentação”.

“Buscaremos todos os recursos disponíveis a fim de garantir que o Estado de Direito não seja descartado e que nossa empresa e nossos usuários sejam tratados de maneira justa – se não pela Administração, pelos tribunais dos EUA”, escreveu o TikTok em seu site oficial.

O aplicativo, com mais de 100 milhões de usuários mensais nos Estados Unidos, está no centro de uma disputa que se intensificou nas últimas semanas após Trump ameaçar banir o aplicativo dos EUA até o dia 15 de setembro. Entenda mais sobre a guerra tecnológica protagonizada pelo TikTok, envolvendo China e EUA.

Uma ordem emitida por Trump em 14 de agosto deu à ByteDance 90 dias para fechar negócio com uma empresa americana. Para evitar o banimento, o TikTok está negociando com a Microsoft e a Oracle para vender as suas operações nos EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

À CNBC, um porta-voz do Facebook defendeu o executivo da empresa afirmando ser “ridículo sugerir que as preocupações de segurança nacional de longa data foram moldadas apenas pelas declarações de Zuckerberg”.

Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios