LATAM quer crescer em transporte de cargas e embarca quase 130 mil toneladas entre Brasil e exterior em 2022

Autopeças, calçados e maquinários são os itens mais transportados internacionalmente pela companhia; setor se beneficia da retomada econômica

Anderson Figo

Avião da Latam
Avião da Latam

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A LATAM Cargo, braço de transporte de cargas do Grupo LATAM, transportou entre o Brasil e o exterior quase 130 mil toneladas entre janeiro e outubro de 2022. O volume é 23,8% maior do que o que foi registrado no mesmo período de 2021 (105 mil toneladas).

Do total de produtos transportados em 2022, 40% correspondem à exportação para outros países e 60% à importação para o Brasil. Um ano antes, os percentuais eram de 30% e 70%, nesta ordem. Os dados serão divulgados pela companhia nesta semana.

A maior parte das exportações (54%) são de autopeças, calçados e maquinários, seguido de frutas, flores, vegetais e pescados. Ao todo, 90% das cargas são provenientes de São Paulo/Guarulhos (54%), Campinas/Viracopos (33%) e Porto Alegre (3%), e os principais destinos, que concentram 33% dessa carga, são México (13%), Bogotá (12%) e Miami (8%).

Já na importação, 70% dos produtos que foram trazidos pela companhia ao Brasil são autopeças, calçados e maquinários, seguidos de têxteis e matérias-primas. Neste caso, as cargas têm origem principalmente dos Estados Unidos (55%) e da Espanha (13%), e os principais destinos, que receberam 86% das cargas, foram São Paulo/Guarulhos (45%), Campinas/Viracopos (33%) e Manaus (9%).

Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a LATAM Cargo é líder no Brasil no transporte de cargas internacionais, considerando todas as marcas do grupo em atuação no país (LATAM, LAN Chile, Absa e LAN Cargo S.A). Mas outras companhias aéreas, como a Azul e a GOL, também observaram desde 2021 um crescimento na demanda interna e externa por transporte de cargas.

Segundo especialistas em setor aéreo ouvidos pelo InfoMoney, dois fatores contribuem para este movimento. O primeiro é a retomada da economia global, após a fase mais aguda da pandemia de Covid-19, o que impulsionou o consumo e fez com que as empresas tivessem que voltar a fazer pedidos a seus fornecedores, estimulando o mercado de transporte de cargas.

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O segundo é a crise do frete marítimo, que foi causada pela própria pandemia de Covid-19, e agravada pela guerra na Ucrânia. Entre o início de 2020 e o fim de 2021, o preço do frete de um contêiner da Ásia para o Brasil, por exemplo, subiu cerca de 500%. Ao longo do ano passado, segundo os especialistas, houve oscilações, mas ainda está em um patamar muito superior ao período pré-pandemia. Assim, a demanda por transporte aéreo de cargas cresceu.

As companhias aéreas se beneficiam porque, além de terem uma frota exclusiva para cargas, também podem usar aviões de passageiros para transportar produtos menores, reduzindo seu custo operacional diante da retomada das viagens a lazer e negócios. É a estratégia da Azul, segundo contou o CFO e co-fundador Alex Malfitani, em entrevista ao InfoMoney no fim do ano passado.

No caso da LATAM Cargo, a empresa vem investindo para dar conta da demanda maior por transporte de cargas, seja no Brasil ou no exterior. Ela leva produtos a 19 aeroportos em outros países, e o volume total transportado entre janeiro e outubro de 2022 correspondeu a 2.600 aeronaves cargueiras e uma frequência de mais de 8 voos diários.

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“Conectamos o Brasil ao mercado exterior, abastecendo as cadeias de suprimentos e consumo, oferecendo soluções em transporte que entreguem a rapidez, segurança, confiabilidade e prazos que estes produtos demandam”, disse Otávio Meneguette, diretor da LATAM Cargo no Brasil.

Em setembro do ano passado, a LATAM anunciou uma joint venture com a americana Delta para aumentar a conectividade no transporte de cargas entre os países do continente americano. A companhia também passou a operar, em novembro de 2022, em um novo destino: Santo Domingo, na República Dominicana.

O desafio do setor é o preço do querosene de aviação (QAV), que subiu desde a pandemia de Covid-19, assim como outros combustíveis. Nesta semana, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) divulgou um levantamento que mostra que o QAV na bomba chegou a custar 48,9% a mais no Brasil do que nos Estados Unidos em agosto de 2022.

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Segundo a entidade, na média acumulada até novembro do ano passado, as empresas aéreas brasileiras pagaram 32% mais caro do que as companhias americanas.

Em São Paulo, principal hub de operações das aéreas no Brasil, uma boa notícia na semana passada pode trazer algum alívio: o novo governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assinou um decreto que reduziu a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o QAV de 13,3% para 12%. A medida é válida até 31 de dezembro de 2024 e o impacto deve aparecer nos já balanços das companhias no primeiro trimestre deste ano.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.