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SÃO PAULO – O mercado de carros seminovos e usados está em alta: apenas no último ano, foram mais de 11 milhões de automóveis do tipo vendidos. Em um momento de alta procura dos consumidores (entenda em menos de três minutos), companhias como as brasileiras Volanty/Creditas e a mexicana Kavak estão fazendo grandes investimentos em suas próprias plataformas de compra e venda de seminovos e usados no Brasil.
A InstaCarro é uma startup com quase seis anos de história no setor. A empresa captou um novo aporte para expandir sua atuação, acirrando ainda mais a disputa por carros com até dez anos de estrada. A plataforma para venda digital de carris seminovos e usados, que conecta usuários a lojas de automóveis, anunciou nesta quarta-feira (21) um investimento série B de US$ 23 milhões (cerca de R$ 119,4 milhões na cotação atual).
A InstaCarro usará os recursos para expansão, tecnologia e a inauguração do modelo de venda entre pessoas físicas.
O Do Zero Ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney, conversou com o fundador Luca Cafici sobre o modelo de negócio da startup, sobre o mercado de seminovos e usados e sobre os próximos passos da InstaCarro.
Ideia de negócio: carros seminovos e usados pela internet
A InstaCarro foi criada por Cafici no final de 2015, junto de um aporte semente de US$ 3,5 milhões de dólares dos fundos de investimento FJLabs, Lumia Capital e Tekton Ventures. O empreendedor argentino já tinha sido diretor de operações e produto no classificado vietnamita de carros Carmudi.com, quando trabalhava com a venture developer Rocket Internet.
“A tecnologia já tinha resolvido serviços como delivery e streaming de conteúdo, então comecei a olhar para o segmento de carros. É um mercado conhecido por ser pouco amigável: as pessoas ainda sofrem em busca de uma experiência rápida, segura e transparente”, diz Cafici. Uma inspiração para a InstaCarro foi a russa CarPrice, que comercializou 220 mil carros e tem 150 salões de inspeção em 52 cidades da Rússia.
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O Brasil foi o escolhido de Cafici por ser um dos maiores mercados de automóveis do mundo. Segundo a consultoria Focus2move, o país está em sexto lugar no emplacamento de automóveis – atrás de China, Estados Unidos, Alemanha, Índia e Japão. Apenas falando de seminovos e usados, a Kavak estimou que o Brasil suba para a terceira posição, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
O usuário interessado em vender seu carro seminovo ou usado se cadastra na InstaCarro. A startup faz uma avaliação física do veículo, seja em um dos seus dois centros de inspeção na cidade de São Paulo ou com um avaliador treinado indo até a casa do usuário. O processo leva cerca de 20 minutos. O carro tem fotos tirados e é colocado em um leilão online com 4 mil lojistas cadastrados na InstaCarro.
A startup envia as melhores propostas ao usuário e, caso ele aceite a venda, a InstaCarro cuida da documentação, do pagamento e do transporte do automóvel. “Em 24 horas compramos o carro. O guincho vai até a casa do usuário e ele recebe o pagamento em sua conta. Só então cobramos uma comissão do lojista sobre a venda”, diz Cafici.
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O fundador afirma que alguns benefícios desse processo, na comparação com procurar em classificados, são segurança, comodidade e leilão de preços. “A negociação conosco, e não direto com o lojista, melhora a experiência do usuário e evita fraudes. O usuário também pode fazer todo o processo ficando em casa. Por fim, reunir várias lojas pelo país permite que o preço de venda aumente. Há quem seja especializado em carros japoneses ou SUVs, por exemplo, e pague mais no carro porque sabe como vender garantindo a margem”, diz Cafici.
Para os donos de lojas de automóveis, o benefício está em encontrar rapidamente o modelo desejado. O modelo é diferente do visto na Volanty e na Kavak, que compram os carros para então vendê-los a outras pessoas físicas.
Dar a possibilidade de o usuário vender seu seminovo ou usado sem sair de casa foi de comodidade para necessidade, diante da pandemia de Covid-19. “Parte do nosso plano era abrir mais centros de inspeção, porque eles representavam 90% das nossas vendas. Essa situação se inverteu com a pandemia”, diz Cafici.
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A valorização nos preços de carros seminovos ou usados, diante da falta de componentes para montar carros zero quilômetro, também fez as pessoas se animarem em vender veículos. “Agora é o momento de vender. Comprar, talvez no ano que vem”, recomenda o fundador.
A InstaCarro movimentou mais de R$ 1 bilhão desde sua fundação – o tíquete médio de venda está em R$ 40 mil. No primeiro semestre de 2021, a média de crescimento mensal da startup foi de 10%.
Novo investimento e expansão
Em 2017, a InstaCarro captou US$ 30 milhões em uma série A novamente envolvendo FJLabs e Lumia Capital. O total captado subiu para US$ 56,5 milhões com o aporte anunciado nesta quarta-feira. O investimento de US$ 23 milhões foi feito por investidores conhecidos da startup, como FJLabs, mas também por veículos novos, como J Ventures, Rise Capital, All Iron Ventures e Big Sur.
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A InstaCarro já está usando os novos recursos para ir além da cidade de São Paulo. A startup já abriu um centro de inspeção em Curitiba, e chegou digitalmente até Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Goiânia, Joinville, Rio de Janeiro e Santos. Também vai investir mais em tecnologia, melhorando a transparência nos elementos que desvalorizaram os veículos.
O último objetivo é inaugurar a operação de venda de veículos de pessoa física para pessoa física. “Metade dos nossos clientes está vendendo o carro para adquirir outro veículo. Acreditamos que as pessoas estão cada vez mais dispostas a fazer essa aquisição pela internet, como herança da pandemia”, diz Cafici.
Segundo o fundador, referências americanas para o modelo da InstaCarro detém entre 2% e 3% do mercado de comercialização de automóveis. “Nosso objetivo é chegar a essa fatia, o que representaria cerca de 25 mil transações por mês. É nosso objetivo para os próximos anos”, diz Cafici. A InstaCarro não divulga o número atual de transações mensais.
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