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A catarinense Guararapes Painéis inaugurou, hoje, uma nova planta de MDF que coloca a empresa entre as maiores produtoras do mundo, depois de um investimento de R$ 1 bilhão. Com a nova unidade, a empresa espera superar uma receita líquida de R$ 2 bilhões ainda em 2023.
Enquanto a linha de produção era colocada em funcionamento pela primeira vez, no complexo industrial de Caçador, na região central de Santa Catarina, Ricardo Pedroso, CEO da empresa, falou, com exclusividade, com a reportagem do InfoMoney.
“Acabei de receber a informação de que estamos em vias de produzir a primeira chapa. Isso quer dizer que a linha já está apta para começar”, informou Pedroso. Com a linha em funcionamento, a empresa que foi fundada como uma pequena madeireira em 1984, por João Carlos Pedroso (pai do atual CEO) e Valderez Bertolin, praticamente dobrará a sua capacidade de produção.
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O aumento será da ordem de 90%, com uma capacidade de produzir 1,140 milhão m³ ao ano — o maior aumento na produção desde 2016, quando a empresa ampliou de 200 mil m³ para 600 mil m³ ao ano. “Com esse investimento, consolidamos a nossa posição entre os principais players do segmento no mundo, tanto em MDF como compensado de madeira, no mercado interno e para exportação”, afirma Pedroso. Hoje, a empresa exporta para mais de 50 países e 40% do seu faturamento vem de fora, especialmente dos Estados Unidos, onde o compensado de madeira é utilizado de maneira mais ampla na construção civil.
A maior parte do investimento na nova planta veio do caixa da companhia. O restante (R$ 475 milhões) foi captado por meio de créditos verdes (Green Loans) atrelados a ações sustentáveis comprovadas e certificadas. Por isso, a nova fábrica conta com uma série de inovações e tecnologias certificadas, como um evaporador que funciona em circuito fechado e recebe o efluente bruto, separa o conteúdo sólido do líquido e permite a reutilização do material condensado no processo industrial.
Este, contudo, foi o ‘plano b’. A ideia inicial era captar esse dinheiro na Bolsa. No final de 2020, a Guararapes Painéis protocolou seu prospecto para estrear na B3. Antes que o IPO fosse feito, a janela de oportunidades, diz Pedroso, se fechou. “Não concretizamos o IPO por uma questão de mercado. Decidimos manter a governança pronta, nosso conselho continua atuante e a empresa segue com capital aberto, apesar de não ter ações negociadas na Bolsa”, afirma Pedroso.
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E por enquanto, não há planos de tentar novamente. “A janela segue fechada. Há apenas algumas captações específicas e movimentos de follow-on. Com a nossa linha começando a operar agora, vamos focar no ramp-up da operação e seguimos avaliando. Hoje, temos um porte maior, potencial de crescimento, estamos em outro nível de governança. E para fazer [um IPO] precisaríamos de uma nova tese de investimento”, completa Pedroso.
Perspectivas
Com a inauguração, a previsão é que a companhia aumente seu faturamento em torno de 10% a 15% em 2023 e retome o crescimento que viu durante os primeiros anos da pandemia. Segundo um levantamento da Casa do Construtor e da AGP Pesquisas, 68% dos brasileiros fez algum tipo de reforma entre 2020 e 2021. Com isso, empresas do setor de construção civil, como a Guararapes, passaram por um superaquecimento, com um ‘boom’ de pedidos e gargalos nas entregas. “Todo o setor ficou no limite da capacidade durante quase 18 meses. Da metade do ano passado para cá, a demanda passou por uma acomodação e conseguimos normalizar nível de estoque”, afirma Pedroso.
Para 2023, mesmo com o cenário desafiador de aumento de inflação principalmente lá fora, a expectativa ainda é de crescimento. “Todos esses prédios que estão sendo construídos em São Paulo, por exemplo, vão gerar demanda para os nossos produtos daqui a dois ou três anos e durante um longo tempo”, afirma Humberto Oliveira, diretor comercial e de marketing da Guararapes Painéis.
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Com 500.000 m² de área construída em terreno de 1.200.000 m² este é, segundo Pedroso, o maior site das Américas. Com isso, a empresa que começou como uma madeireira com 15 funcionários vai contratar mais 280 pessoas e aumentar a seu quadro total para 2,293 funcionários somando escritórios e suas outras duas unidades fabris, em Palmas, no Paraná, e Santa Cecília, em Santa Catarina.
A expectativa é de alcançar uma receita líquida de R$ 2 bilhões em 2023 e manter uma estratégia de ampliar o portfólio para a indústria moveleira. “Considerando que não vamos crescer apenas em produção, mas também em valor agregado, nosso potencial é de atingir R$ 3 bilhões nos próximos anos”, afirma Pedroso.
Concorrência
O MDF é uma sigla para medium density fiberboard, o que, em uma tradução livre, seria painel de fibra com média densidade, é bastante comum na indústria moveleira. Usado em rodapés, estantes, mesas, armários e outros móveis, o material tinha um mercado de US$ 53 bilhões em 2021, com uma estimativa de atingir US$ 96 bilhões até 2031, segundo uma análise de mercado publicada recentemente.
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Leia também: As apostas da Dexco (DXCO3) para mexer com a construção civil
No Brasil, uma das grandes fabricantes de MDF é a Dexco (DXCO3), ex-Duratex, controlada pela Itaúsa (ITSA4). A empresa registrou um lucro líquido de R$ 154,329 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), queda de 31% na comparação com igual período de 2022, informou a companhia no começo de maio. Os papeis acumulam alta de 29% desde o começo do ano.
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