WeWork trabalha em se depreciar de propósito para salvar seu IPO

A startup pode diminuir para menos da metade seu valuation e adiar abertura de capital para 2020, diz a imprensa americana

Allan Gavioli

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SÃO PAULO –  Dias antes de abir capital na bolsa, a WeWork, startup americana que aluga escritórios para trabalho compartilhado, o coworking, está pensando em diminuir seu valor de mercado, de acordo com informações do The Wall Street Journal. E o valuation da empresa deve cair pela metade.

Esta mudança ocorre apenas algumas semanas depois da apresentação oficial da documentação para o IPO. A oferta de ações na bolsa, a princípio prevista para as próximas semanas, deve ser adiada para 2020, disseram fontes ao WSJ.

Segundo o jornal americano, a We Company, a holding que controla a WeWork, planeja colocar o valor de mercado da startup em US$ 20 bilhões, uma cifra bem menor que os US$ 47 bilhões pelos quais a empresa havia sido avaliada após rodadas de investimento privado.

O aporte mais recente ocorreu no começo de 2019, quando o SoftBank, uma corporação multinacional japonesa, se tornou o maior investidor da companhia, injetando US$ 2 bilhões na WeWork. Desde 2017, o grupo japonês e seu fundo de investimento, o Vision Fund, já investiram US$ 10 bilhões na companhia, de acordo com o Business Insider. 

Evitando novos fracassos

Ao diminuir propositalmente seu valuation e adiar seu IPO, a WeWork está tentando não trilhar o mesmo caminho de grandes startups na Bolsa esse ano.

A startup visa evitar péssimos resultados após estreias na bolsa, como ocorreu com a Uber, que perdeu 32% de valor de mercado desde que abriu capital, ou Lyft, que acumula uma perda de 40% desde março, quando passou a ter ações negociadas na Bolsa.

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Assim, a WeWork objetiva administrar as expectativas do mercado e evitar a qualquer custo uma desvalorização astronômica de suas ações. Ainda mais quando os recente resultados financeiros da startup americana se assemelham muito com o cenário da Uber e da Lyft, que reportam continuamente prejuízos bilionários.

Apesar de valer US$ 55 bilhões na bolsa, a Uber registrou um prejuízo de US$ 5,2 bilhões no segundo trimestre de 2019. E a WeWork, pelo que parece, caminha pelo mesmo trajeto.

A startup de coworking registrou prejuízo de US$ 1,9 bilhão no ano passado, o dobro do que foi perdido em 2017. Desde 2016, o prejuízo aumentou mais de 300%. No primeiro semestre deste ano, a WeWork já registrou US$ 904,6 milhões de prejuízo e teve faturamento de US$ 1,5 bilhão.

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Expectativas

Os números da WeWork, tanto os prejuízos quanto os aportes milionários, seguem o caminho do que vem se tornando tradicional entre as recentes empresas de tecnologia.

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Startups esperam que seus modelos de negócio cheios de inovação consigam um crescimento exponencial. Até lá, contudo, prejuízos seguirão sendo prejuízos. E no fim, o mercado espera que, no futuro, esses modelos vinguem e essas startups se tornem as chamadas ‘empresas disruptivas’.

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Mas tudo são apenas expectativas. E diante desse cenário, os possíveis investidores levantaram preocupações em relação a sustentabilidade do modelo de negócios da empresa.

Segundo o Wall Street Journal, há a possibilidade do SoftBank, que atua como investidor-âncora no IPO, comprar uma parcela significativa dos cerca de US$ 3 bilhões a US $ 4 bilhões que a empresa espera levantar na oferta pública de ações. O quanto sairia cada papel, porém, iria ficar a cargo do SoftBank.

Ainda de acordo com o jornal americano, nas próximas semanas o WeWork deve organizar roadshows para apresentar a ideia de abertura de capital formalmente para investidores. Com isso, já será possível avaliar se o IPO da empresa sairá mesmo do papel e em que condições isso deve ocorrer.

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.