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SÃO PAULO (Reuters) – Quase 10 anos após ter estreado no Brasil, a gigante industrial chinesa BYD anunciou na quarta-feira dois lançamentos de carros elétricos, parte de uma aposta da empresa que pode envolver um investimento bilionário no maior mercado da América Latina no momento em que a mudança de governo pode fazer o país focar em tecnologias que reduzam emissões de carbono.
A BYD, que tem origem na produção de baterias para celulares de aparelhos eletrônicos e começou a fabricar carros na China em 2003, lançou dois utilitários esportivos elétricos no Brasil, parte de um plano de ter cerca de um terço de seus modelos sendo vendido no Brasil até o final do próximo ano.
Atualmente, a empresa produz ônibus elétricos e painéis fotovoltaicos em Campinas (SP)e tem uma fábrica de baterias para veículos elétricos em Manaus. Ela também tem dois projetos de monotrilho no Brasil, um em Salvador e outro em São Paulo. A companhia, maior fabricante de veículos elétricos da China, também tem negociado a venda de um lote de carros elétricos para a companhia de transporte por aplicativo 99.
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Mas com os lançamentos da quarta-feira, os modelos Song Plus – híbrido plug-in – e Yuan Plus – 100% elétrico – a BYD amplia foco no setor de consumo no país, aproximando-se do preço cobrada por SUVs elétricos e híbridos no país, de 250 mil reais.
O preço ainda é salgado, mas coloca a empresa em melhor posição de disputar o segmento com grupos como Stellantis, Toyota e Caoa Chery, uma vez que os dois únicos modelos vendidos hoje pela BYD no Brasil – Tan e Han – custam cerca de 500 mil reais e focados no mercado de luxo.
Apesar dos valores, o mercado de carros elétricos e híbridos no Brasil tem acelerado, mesmo sem uma política nacional clara de incentivo. Em 2022 até outubro, as vendas no segmento subiram 44% sobre mesmo período do ano passado, mesmo com os modelos mais baratos no mercado nacional custando mais de 140 mil reais.
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“Acredito que agora é o momento certo política e ambientalmente para investirmos na construção destas novas tecnologias no Brasil”, disse a presidente da BYD para as Américas, Stella Li, à Reuters, durante o lançamento. “Mas vai ser um processo muito desafiador e precisamos de um governo que tenha a cabeça aberta para que a tecnologia cresça aqui.”
O presidente-eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, tem prometido uma agenda de combate às mudanças climáticas. No final de outubro, o coordenador do programa de governo, Aloizio Mercadante, afirmou que o governo precisa estimular um processo de reindustrialização focado em uma “economia mais verde” e citou que a indústria automotiva nacional precisa se modernizar para incluir veículos híbridos.
Em outubro, a BYD assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia que pode abrir linhas de produção de veículos na área industrial abandonada pela Ford em Camaçari. O governo baiano mencionou investimentos pela empresa da ordem de 3 bilhões de reais, mas Li evitou dar detalhes, afirmando que uma decisão sobre o projeto deve sair até o final deste ano.
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Questionada sobre o risco representado pelo histórico brasileiro de turbulências políticas, econômicas e jurídicas, além de medidas adotadas por governos petistas que privilegiaram marcas estabelecidas no país em detrimento de rivais asiáticos, Li disse que a BYD “tem muita paciência com o Brasil”.
“A BYD está no Brasil há quase 10 anos…Vivemos muitas mudanças políticas neste período, além de cambiais, e com inflação. Mas eu acho que no longo prazo o Brasil tem suas próprias vantagens”, disse a executiva.
Ela citou fatores como o tamanho do mercado, disponibilidade de matéria-prima para baterias como lítio e um novo governo que aparenta estar mais aberto a incentivar o setor. “Estamos em momento muito bom para começar a realmente expandir as tecnologias no Brasil…e com o tempo o Brasil poderá desenvolver sua própria indústria”, disse a executiva, referindo-se aos veículos elétricos e híbridos.
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Li citou a carga tributária como um dos principais motivos para os elevados preços dos veículos elétricos e híbridos no país em comparação com outros mercados, mas espera que o governo de Lula mude o quadro.
Segundo o diretor de sustentabilidade e marketing da BYD no Brasil, Adalberto Maluf, enquanto carros a combustão pagam entre 5% e 10% de IPI, híbridos e elétricos pagam de 7% a 14%.
“Se você cobrar imposto elevado, você mata a indústria antes que ela possa crescer”, disse Li.
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Maluf afirmou que a BYD trabalha com um cenário em que 10% das vendas de veículos do Brasil serão de modelos elétricos e híbridos até 2025 ante um patamar atual de 2,4%. Depois disso, a fatia, segundo o executivo, deverá saltar para 30% em 2030.
“Para nós é uma corrida na América Latina. Precisamos de uma posição de liderança na região e agir rapidamente”, disse Li.
Na região, a BYD está presente também no Chile, Uruguai, Colômbia, Equador, Panamá, Costa Rica e México.
No Brasil, o plano, segundo Maluf é elevar o número de concessionárias da BYD de 15 para 25 até dezembro, ampliando para 50 até julho de 2023, chegando a 100 no final do próximo ano. Isso dará uma cobertura de 85% do mercado nacional, segundo o executivo.