Frasle Mobility (FRAS3) diversifica receita e busca novas aquisições no exterior

Empresa de peças automotivas faturou R$ 3 bilhões em 2022 e terminou exercício com alavancagem zero, abrindo espaço para novas investidas

Rikardy Tooge

Produção da Frasle Mobility (Divulgação)
Produção da Frasle Mobility (Divulgação)

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A Frasle Mobility (FRAS3), antiga Fras-le, segue pisando no acelerador para consolidar sua tese de ser uma house of brandings para a manutenção automotiva. A controlada da Randon ( RAPT4) mudou recentemente de nome para mostrar ao mercado que vai além das pastilhas para freio, em uma tese de aquisições iniciada há quase dez anos.

Especialista em produtos para troca e manutenção de freios automotivos, a companhia expandiu seu portfólio de produtos desde 2016 e vem conseguindo diversificar a receita. “Há dez anos, 100% do faturamento vinha dos produtos de fricção [freios] e, em 2022, encerramos com 49% de participação”, resume Anderson Pontalti, diretor superintendente da Frasle Mobility, ao InfoMoney.

O segundo item que mais gerou faturamento para empresa no último ano é o de suspensão e direção, com 26,8% da receita – um indício do efeito prático da aquisição da Nakata, em um negócio de R$ 457 milhões anunciado no fim em 2019.

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Mas Pontalti lembra que a tese de diversificação da então Fras-le começou antes, em 2015, quando a companhia via os primeiros movimentos de eletrificação dos carros.

“Os elétricos consomem menos fricção, mas são mais pesados, por exemplo, o que exige uma suspensão melhor. A expansão do portfólio é a tese que ‘blinda’ a empresa”, explica o executivo.

Anderson Pontalti, diretor superintendente da Frasle Mobility (Divulgação)
Anderson Pontalti, diretor da Frasle: eletrificação pautou tese de aquisições da empresa (Divulgação)

Com o racional estruturado, a empresa fez uma capitalização de R$ 300 milhões em 2016 e foi às compras. Além da Nakata, especialista em suspensão, a empresa comprou Fremax, Armetal e Controil que complementam a oferta de produtos para frenagem para além das pastilhas de freio – o carro-chefe da empresa.

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A Frasle Mobility se posiciona como um ecossistema de marcas voltadas para o chamado undercarriage, grupo que envolve produtos para freio, suspensão e direção. Além de peças para manutenção de carros e motos, a empresa tem ofertas menores para aviões e até elevadores.

“Nenhum concorrente tem uma tese tão ampla como nossa. Temos uma lógica para além do segmento de bens de capital, já que a manutenção nos oferece uma recorrência de receita maior, algo até mais próximo do varejo”, explica o diretor de relações com os investidores, Hemerson Fernando de Souza.

Mercado internacional no radar

Além da busca por diversificar a receita por produtos, a Frasle Mobility trabalha também para ampliar seu faturamento no mercado externo. Dos R$ 3,06 bilhões de receita líquida em 2022, R$ 1,18 bilhão veio das vendas fora do Brasil, o que representa cerca de 38% do total.

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Souza aponta que há potencial para avançar mais neste segmento. “O objetivo é equilibrar melhor as receitas entre mercado externo e interno, até porque gerar uma proteção cambial, que é importante no nosso mercado”, avalia.

Sob esta premissa, a empresa fez a aquisição da britânica Juratek em fevereiro, por 12 milhões de libras (cerca de R$ 74 milhões na cotação atual), marcando presença na Europa. E há apetite para mais, segundo os executivos.

A Frasle aponta que há mais de cinco projetos em análise no pipeline que podem virar aquisições. Após realizar um follow-on de R$ 629 milhões em abril do ano passado, a companhia encerrou o ano com alavancagem zero, ou seja, há espaço no caixa para novas compras.

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Hemerson Fernando de Souza, diretor de RI da Frasle Mobility (Divulgação)
Hemerson de Souza, diretor de RI da Frasle: mercado internacional permite maior proteção cambial (Divulgação)

No radar da empresa estão dois mercados: México e China. A estratégia para estes países vai além das vendas no mercado local, mas o potencial de hub que eles possuem.

“A nossa decisão de China passa por ou vender no mercado deles ou ter ali um ponto estratégico para Ásia e Europa”, afirma Pontalti. Ainda no continente asiático, a empresa mantém desde 2017 uma joint venture com a ASK Automotive para atender o mercado da Índia.

Para o México, apesar de existir alguma barreira de entrada, há potencial de incrementar as vendas para o mercado americano, diante de um movimento de nearshoring (centros de produção mais próximos) dos Estados Unidos, um dos principais da Frasle, lembra Souza.

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Mas os executivos ponderam que não têm pressa para fechar novos negócios. “Existem transações que conversamos mais de cinco anos para fechar. Negócio bom é aquele que vai e volta, mas que temos certeza de que trará retorno sobre o capital investido”, conclui Anderson Pontalti, diretor superintendente da Frasle Mobility.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br