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SÃO PAULO – A pandemia de coronavírus mexeu com as expectativas dos profissionais em relação às empresas em que trabalham. Por razões de home office, benefícios como vale-transporte, auxílio combustível, estacionamento e subsídio para academia perderam espaço entre os mais desejados – enquanto outros ganharam lugar.
Foi o caso dos aportes na previdência privada, que subiram da nona para a quinta posição entre os benefícios que os funcionários mais valorizam, segundo levantamento conduzido pela Robert Half, consultoria de recrutamento. De olho no filão da previdência empresarial, Antonio Rocha, ex-consultor e ex-sócio da McKinsey, criou a fintech Onze em 2019.
Menos de dois anos depois, a Onze anuncia hoje um aporte de R$ 53 milhões recebido do fundo americano Ribbit Capital.
“Tradicionalmente a previdência privada é um benefício oferecido por grandes companhias aos seus funcionários. Simplificamos o esforço do RH para que esse produto se torne acessível também para empresas de menor porte”, diz Rocha. “Atendemos empresas de 50 ou de 2 mil colaboradores”.
Plataforma para funcionários e para RHs
Mistura de empresa de tecnologia com gestora, a plataforma da Onze permite às empresas oferecer previdência privada como benefício aos funcionários de maneira 100% digital. Ela atende, de um lado, os empregados e, de outro, os departamentos de recursos humanos.
Por meio do aplicativo da fintech, os funcionários gerenciam seus planos. É por lá que eles podem simular, contratar, acompanhar e tirar dúvidas sobre a previdência privada. Em parceria com a Zurich Seguros, a Onze disponibiliza mais de 20 fundos de gestoras independentes – como Legacy, Claritas, ARX, entre outras – e um gerido por ela própria.
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A partir de uma análise do perfil de investimento de cada profissional, o aplicativo sugere o modelo mais adequado para cada caso – se um PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) ou um VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), com tributação progressiva (segundo a renda) ou regressiva (segundo o tempo do investimento), entre outras características.
No aplicativo, os profissionais também podem acessar um módulo de saúde financeira que envolve check-ups financeiros regulares e gratuitos, uma plataforma de aprendizado e teleconsultas com uma rede de especialistas em finanças pessoais da Onze.
Do lado dos departamentos de RH, a fintech oferece o Onze Prev, plataforma de acompanhamento do benefício que pode ser integrada aos sistemas de gestão das empresas. As transferências de informações relacionadas aos planos, que não raro demandam trabalho manual, foram todas digitalizadas, o que confere eficiência ao processo.
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“O RH também recebe relatórios consolidados sobre a saúde financeira global da equipe, baseados nos check-ups anônimos”, explica Rodrigo Neves, diretor de operações da Onze..
A Onze conquistou os primeiros clientes em outubro do ano passado. Atualmente, tem contratos com 15 empresas, entre elas a Mobly, um dos maiores comércios eletrônicos de móveis e decoração. A expectativa é alcançar 100 clientes até o fim de 2021.
Investidor focado em fintechs
A Onze nasceu pelas mãos de Rocha dentro da Red Ventures, que possui um portfolio com mais de duas dezenas de empresas digitais em todo o mundo, incluindo Bankrate, Healthline, CNET, Zoopla e uSwitch. O executivo se associou à companhia americana após deixar a McKinsey para liderar sua área de venture building, construindo novos negócios a partir do zero.
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O aporte série A na Onze tem o Ribbit Capital como único investidor. Com origem na Califórnia, no Vale do Silício, a firma de venture capital foca em fintechs. No Brasil, já investiu em startups como Nubank, Guiabolso e Cora.
Com os R$ 53 milhões que acabou de captar, a Onze deve investir no aprimoramento da sua plataforma, com a inclusão de novas funcionalidades, além de ampliar o esforço comercial. “Queremos estabelecer canais de parceria comercial. Hoje vendemos a Onze com uma equipe interna, mas enxergamos boas perspectivas para trabalhar com corretoras de benefícios também”, explica Rocha.
O executivo ressalta que o mercado de previdência privada empresarial aberta soma aproximadamente R$ 150 bilhões (sem contar os fundos de pensão fechados) e está concentrado nos grandes bancos, que trabalham primordialmente com grandes empresas. Não há muitos abordando as empresas menores de forma agressiva – o que ele enxerga como uma oportunidade.
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“Estamos animados com o aporte da Ribbit, que era um investidor que queríamos muito ter como parceiros. Estamos ao lado de empresas muito bacanas, com missões parecidas com a nossa”, diz Rocha. “Estamos todos indo atrás de mercados dominados pelos bancos”.