Faturamento de PMEs avança 2,5% no primeiro trimestre de 2023, aponta estudo

Indicador desenvolvido pela plataforma Omie acompanhou cerca de 115 mil empresas com faturamento de até R$ 50 milhões por ano

Rikardy Tooge

Declaração do Imposto de Renda (Unsplash)
Declaração do Imposto de Renda (Unsplash)

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O faturamento médio das pequenas e médias empresas (PMEs) do Brasil avançou 2,5% no primeiro trimestre deste ano na comparação com igual período do ano passado, de acordo com levantamento da plataforma Omie, que acompanhou a movimentação financeira de cerca de 115 mil empresas, de 660 atividades econômicas, com faturamento anual até R$ 50 milhões.

Segundo Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, o dado ficou acima da expectativa e acende um sinal positivo para a saúde econômica do país. “Traz reflexos positivos para a empregabilidade e também para o empreendedor, que vê incremento nos negócios”, avalia Beraldi ao InfoMoney.

Vale lembrar que um terço dos empregos formais do país é gerado pelas PMEs e que o monitoramento da atividade é difícil de ser feito por indicadores oficiais – são mais de 8,5 milhões de empresas com esse perfil no país. “Nosso critério é acompanhar o fluxo de contas a receber dessas companhias, que é uma proxy do faturamento. Também é importante ressaltar que a coleta é anônima”, diz Beraldi.

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O desempenho do 1T23 também supera o resultado do quarto trimestre de 2022, quando o indicador subiu apenas 0,6% em relação a igual período de 2021. “Estávamos vindo de uma desaceleração do fim do ano, e isso reforça a percepção de que houve uma retomada neste primeiro trimestre”, diz Beraldi.

Embora os juros tenham permanecido no patamar de dois dígitos no período, o economista avalia que a recuperação do rendimento médio dos trabalhadores do país – que encerrou 2022 em R$ 2.808, em nível próximo ao observado no pré-pandemia – contribuiu para o resultado. A melhora do salário, somada ao declínio da inflação no período, criou um cenário favorável ao consumo neste segmento, prossegue.

O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) observa o comportamento de quatro grandes setores (comércio, indústria, infraestrutura e serviços) e foi desenvolvido em cima da base de clientes da plataforma, que oferece ferramentas de gestão para as PMEs, o chamado ERP (Enterprise Resource Planning).

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Desempenho por setor

Dos setores monitorados pelo IODE-PMEs, o melhor desempenho foi visto em infraestrutura. No caso das pequenas e médias, explica Felipe Beraldi, fazem parte do segmento empresas de serviços auxiliares da construção civil, por exemplo, como obras de acabamentos e reformas.

“É uma atividade que está sendo muito demandada por conta da entrega de imóveis que foram construídos no período de juros mais baixos da pandemia”, aponta o economista.

Fonte: IODE-PMEs
Fonte: IODE-PMEs

No comércio, o crescimento foi observado nos atacadistas, com alta de 3,2% no primeiro trimestre do ano frente a igual período de 2022. Por outro lado, o segmento de reparo de veículos apresentou retração de 5,3% no mesmo comparativo.

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Puxaram a alta de 1,4% no faturamento do setor de serviços as atividades ligadas ao setor financeiro, serviços pessoais, jurídicos e contábeis e atividade artísticas. “A retomada da renda foi fundamental para o desempenho”, reforça Beraldi.

Por fim, o único segmento que apresentou retração no primeiro trimestre do ano foi a indústria, com baixa de 0,5% ante o primeiro trimestre de 2022. A pesquisa mostrou que o detrator para o resultado foi a indústria de transformação. Por outro lado, a fabricação de móveis, máquinas e equipamentos impediu que o resultado fosse pior.

Perspectiva

A perspectiva do economista da Omie é que o indicador encerre 2023 com alta de 2% em relação a 2022, diante da projeção de retomada da confiança nos consumidores e perda de fôlego da inflação.

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“Diante do resultado acima do esperado no primeiro trimestre, revisamos a projeção de crescimento da movimentação financeira de 1,5% para 2% no comparativo 2023 com 2022. Ainda que possam existir desafios na macroeconomia, a recuperação da renda vem demonstrando força”, avalia Beraldi.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br