Fator muda recomendação de BR Malls para neutra, mesmo com bons resultados

Analistas também reduziram preço-alvo dos ativos BRML3, por acreditarem que ação já está precificada pelo mercado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Apesar de considerar que a BR Malls (BRML3) apresentou um bom resultado no quarto trimestre de 2011 e de ter uma visão positiva quanto à estratégia da companhia para se consolidar no mercado, a Banco Fator Corretora mudou a recomendação para os papéis BRML3, de compra para manutenção. A corretora também reduziu o preço-alvo da companhia, de R$ 25,10 para R$ 23,00 – o que configura um potencial de valorização de apenas 6,24% em relação ao fechamento de terça-feira (28).

De acordo com os analistas Iago Whately e René Brandt, a redução de preço-alvo está relacionada às novas projeções da corretora para os principais índices de inflação, principal variável macroeconômica para modelagem no setor de shopping centers. Já com relação à recomendação, os analistas acreditam que as ações estão bem precificadas e oferecem baixo upside em relação ao preço-alvo, mesmo quando consideram-se as recentes aquisições.

“Ressaltamos que o potencial de criação de valor através de aquisições tende a decrescer marginalmente conforme o portfólio da companhia cresce. Apesar de ainda enxergarmos oportunidades de maior consolidação do mercado, lembramos que a companhia tem capacidade financeira limitada”, ponderam Whately e Brandt. 

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Ademais, os analistas enxergam múltiplos pouco atraentes nas últimas aquisições, além da empresa ter obtido financiamentos menos favoráveis, gerando menor potencial de criação de valor. A corretora não incorporou aquisições futuras nas projeções, mas estimam que a companhia seja capaz de adquirir ativos no valor de R$ 800 milhões nos próximos doze meses. 

Bom resultado, mas com lucro líquido abaixo do esperado
De acordo com os analistas, a BR Malls divulgou bom resultado. Entretanto, o lucro líquido ajustado ficou abaixo das estimativas e do consenso de mercado por conta de maiores despesas financeiras com variação cambial e carga tributária elevada. Whately e Brandt atribuem a maior alíquota efetiva apresentada nos últimos dois trimestres à impossibilidade de compensar despesas financeiras com derivativos e variação cambial e por apresentar aproximadamente 40% dos empreendimentos da companhia tributadas pelo regime presumido.

Como pontos positivos, os analistas destacam a receita de aluguel percentual, com crescimento de 14,5 no trimestre e de 35,9 % no ano, e uma margem NOI (resultado operacional líquido) em patamar elevado, mesmo após a aquisição do Shopping Jardim Sul e em função a maior contenção de custos com serviços. Os analistas também ressaltaram que os leasing spreads (aumento no aluguel acima da inflação do período) ficaram e patamar saudável de 4,9% ao ano.

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Já o lucro líquido do último trimestre de 2011 foi considerado um ponto negativo, sendo impactado pelas despesas financeiras contábeis de R$ 19 milhões decorrentes da variação cambial no trimestre e o aumento dos tributos pagos. O aumento da alavancagem financeira da companhia também desagradou aos analistas. 

Confira o resultado da BR Malls no quarto trimestre de 2011:

 (em R$ milhões)  4T11  4T11E*   3T11   4T10  4T11/4T11E  4T11/3T11   4T11/4T10 
Receita Líquida 264 268 219 186 -1,6% +20,2% +41,8%
Ebitda** 208 206 175 133 +1,1% +18,8% +56,2%
Margem Ebitda*** 78,9% 76,8% 79,9% 71,6% +2,1 p.p. – 1,0 p.p. + 7,3 p.p.
Lucro Líquido ajustado 75 99 9 57 – 24,3% + 723,6% + 29,7%

*Projeções da Fator Corretora 
**Geração operacional de caixa
*** Relação percentual entre receita líquida e geração operacional de caixa

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.