Facebook sofre boicote publicitário de empresas contra discurso de ódio na rede social

Organizações pedem que o Facebook seja mais incisivo contra fake news e discursos de ódio

Pablo Santana

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – O Facebook está enfrentando um boicote publicitário promovido por grupos de direitos civis contra as políticas de moderação de conteúdo sobre discursos de ódio presente na rede social.

Na semana passada, um grupo de seis organizações pediu que as empresas parassem de promover anúncios no Facebook durante o mês de julho, porque a rede social teria aceitado discursos de ódio e permitido a veiculação de conteúdos que geram desinformação em sua plataforma. 

Os grupos afirmam que o Facebook permitiu o “incitamento à violência contra manifestantes que lutavam pela justiça racial nos Estados Unidos”, acrescentando a falta de esforços da empresa em combater fake news e outros conteúdos discriminatórios direcionados a grupos socialmente minoritários.

“Eles fecharam os olhos à flagrante supressão de eleitores negros em sua plataforma. Eles poderiam proteger e dar suporte a usuários negros? Eles poderiam chamar a negação do Holocausto como ódio?“, pergunta o grupo que lidera a campanha “Stop Hate for Profit” (pare com o lucro do ódio, traduzido do inglês) formado pelas organizações Anti-Defamation League, Color of Change, Common Sense Media, Free Press, NAACP e Sleeping Giants. 

Grandes empresas do setor de vestuário, como a North Face e a Patagonia, já aderiram ao movimento e se pronunciaram publicamente contra a forma do Facebook de moderar esses conteúdos.

“Por muito tempo, o Facebook não tomou medidas suficientes para impedir a disseminação de mentiras odiosas e propaganda perigosa em sua plataforma”, disse Cory Bayers, chefe de marketing da Patagonia, em uma série de tuítes neste domingo.

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Já a North Face suspendeu os anúncios no Facebook e Instagram, desde o dia 19 de junho, até que a empresa revise sua posição a respeito das reclamações colocadas pelas organizações.

O Facebook possui sua própria política contra fake news e discurso de ódio, mas enfrenta críticas por aplicá-las de maneira desigual – principalmente quando se trata de postagens feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que contêm informações incorretas ou que incitam a violência indiretamente.

O CEO Mark Zuckerberg defendeu recentemente a recusa do Facebook em remover publicações de Trump que violariam as regras, como a postagem que contém a frase “when the looting starts, the shooting starts (quando o saque começa, o tiroteio começa)”, feita durante as manifestações contra a ação da polícia, que resultou na morte de George Floyd. Zuckerberg argumentou que as postagens de figuras públicas devem ser “examinadas abertamente”.

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Na última quinta-feira (19) o Facebook removeu uma publicação da campanha de reeleição do presidente americano, Donald Trump, por entender que o presidente americano usou um símbolo nazista conhecido como “triângulo invertido”.

A VP de negócios do Facebook, Carolyn Everson, disse em entrevista ao Business Insider que o Facebook quer trabalhar com as marcas para ser uma “força do bem”.

“Respeitamos profundamente a decisão de qualquer marca e continuamos focados no importante trabalho de remover o discurso de ódio e fornecer informações críticas sobre votação. Nossas conversas com profissionais de marketing e organizações de direitos civis são sobre como, juntos, podemos ser uma força para o bem”, disse Carolyn.

Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios