Fabricante de toalhas pode ser a 13ª vítima da “maldição do grupamento” na Bovespa

Outra penny stock que precisa se adequar às exigências da BM&FBovespa, a Teka realizou grupamento de suas ações na razão de 100 para 1 nesta quarta-feira

Marcos Mortari

Publicidade

SÃO PAULO – Mais uma penny stock efetuou grupamento em suas ações na Bovespa para se adequar às normas que passaram a vigorar no ano passado, no sentido de excluir empresas com papéis negociados abaixo de R$ 1,00 no mercado acionário brasileiro. Nesta quarta-feira (27), as ações da Teka (TEKA3; TEKA4) passaram a ser negociadas de forma grupada, na razão de 100 para 1, o que fez com que o papel abrisse já não valendo mais centavos. No entanto, devido à baixa liquidez da ação, não houve negócios nesta sessão, até o fechamento desta edição.

A Teka foi a 22ª empresa a realizar tal procedimento no intervalo de um ano, sendo a 20ª penny stock a figurar nessa lista. Apenas Magazine Luiza (MGLU3) e Magnesita (MAGG3), que não estavam nessas condições, gruparam do ano passado para cá. No entanto, ambas as companhias viam seus papéis cotados na casa dos R$ 2 ou R$ 3 e fortemente castigados pelo pessimismo dos investidores. No caso da primeira, figuraram entre as justificativas apresentadas em comunicado ao mercado a diminuição da volatilidade das ações e a melhora da cotação das ações “a fim de evitar que oscilações irrisórias — em centavos — representem percentuais elevados, em linha com as regras de registro de emissores da BM&FBovespa”, o que mostra que o contexto não é tão diferente do das demais empresas que gruparam ações de agosto para cá.

Outra tendência vista em boa parte das operações realizadas, e que é encarado quase que como uma regra no mercado financeiro, é a desvalorização das ações nos pregões seguintes. Em boa parte dos casos, grupamentos ajudam a trazer um número maior de negócios a empresas com baixos volumes movimentados em bolsa, o que é visto como positivo em um primeiro momento, uma vez que aumenta as possibilidades de maior liquidez para ativos que eram negociados a centavos. Mas o que se tem visto na prática é que os grupamentos têm aberto espaço para que aquelas ações que não tinham mais como cair, simplesmente voltassem a se desvalorizar.

Esse movimento foi constatado em ao menos 12 dos papéis das 21 empresas que realizaram grupamento recentemente. Novamente os casos de Magazine Luiza e Magnesita podem ser úteis para ilustrar os dois cenários mais frequentes. A primeira companhia representa a regra, com forte desvalorização logo após o grupamento em outubro de 2005. Já a segunda, andou de lado desde a operação realizada há cerca de duas semanas.

Para explicar melhor a “regra”, basta pensar em como funciona um grupamento. O preço da ação nestas situações não foi elevado porque mais pessoas decidiram comprar e ela se valorizou, mas sim porque o preço sofreu um ajuste para cima devido à diminuição de papéis existentes no capital social. Isso significa que o mercado pode olhar para os fundamentos daquela empresa, como endividamento, fluxo de caixa, Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), etc. e enxergá-la como “cara” no patamar pós-grupamento. Com isso, surge uma pressão vendedora, já que o investidor não vai querer ter em suas mãos um papel sobrevalorizado.

Resta saber como se comportarão os papéis da fabricante de toalhas nas próximas sessões.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.