SÃO PAULO – Um grupo de investimentos, uma varejista e uma fabricante de cervejas. A crise afetou de maneira bem diferente cada uma destas empresas, mas trouxe lições e tendências valiosas que devem nortear os principais setores da economia daqui para frente.
“Aprendi que precisamos de muito menos espaço físico do que achava que precisava”, afirmou Guilherme Benchimol, CEO da XP Inc durante a última palestra da Expert desta quarta-feira (15). “Antes da pandemia, ninguém imaginava que dava pra trabalhar de casa. Hoje, a empresa está mais organizada, a gente tem agendas mais efetivas. Isso eu tenho certeza que é um legado que veio para ficar. As pessoas vão ter mais qualidade de vida sem comprometer a entrega”, completou.
Para José Galló, presidente do conselho de admnistração da Lojas Renner, o grande aprendizado da crise é a necessidade de tornar as empresas menos burocráticas e complexas. “A gente descobriu que a complexidade organizacional desencanta o cliente. No fundo, não adianta a gente só se preocupar com a continuidade dos negócios como vínhamos fazendo. Temos que pensar em recriar vários processos, fazer transformações. Saímos da rotina de fazer as mesmas coisas e passamos a entender que devemos trazer disrupção ao mercado”, disse durante a palestra. Confira a fala completa no vídeo acima.
Carlos Brito, CEO Anheuser-Busch InBev, afirma que a crise acelerou tendências que já existiam como o crescimento do e-commerce, a busca do consumidor por saúde física e mental e a procupação com a sustentabilidade. “Os consumidores vão começar a pressionar as empresas para que elas tenham menos impacto ambiental. Com isso, as cadeias de suprimentos vão se tornar mais locais”, afirmou.
Coronavírus: foco nos colaboradores e no lado social
Durante a palestra, os três líderes relataram que, desde o início da pandemia, tiveram duas prioridades principais em comum. A primeira foi garantir a segurança de seus colaboradores. No caso do grupo XP e da Renner, isso significou mandar todos os funcionários para casa. Nas fábricas da AB Inbev, o foco foi adotar medidas para garantir o distanciamento social.
O segundo pilar dessas empresas foi olhar para a comunidade ao seu redor. A XP Investimentos lançou a plataforma “Juntos Transformamos” e fez a doação de R$ 30 milhões em cestas básicas. A Renner adiantou recursos para seus fornecedores, fez doações a hospitais que totalizaram R$ 4,1 milhões e fabricou e entregou máscaras e aventais.
“Essa crise acordou o lado cidadão de todos nós”, disse Brito, ressaltando que a Ambev atuou na fabricação de álcool em gel, máscaras acrílicas e, juntamente com outras empresas, auxiliou na construção de 100 novos leitos para atender a rede pública de São Paulo.
O empreendedorismo pós-coronavírus
Para Benchimol, apesar de a crise atual ter afetado muitas empresas, o cenário pós-Covid19 deverá trazer uma onda de novos empreendedores. “O Brasil sempre foi o país do CDI alto. Agora, o país vai ter um baita impulsso para que as pessoas passem a acreditar mais em seus sonhos com o custo de oportunidade muito baixo. Todo mundo hoje pensa em empreender porque o dinheiro tá coçando na mão”, afirmou.
Em relação ao Brasil, Brito pontuou que a AB Inbev continua otimista. “O brasileiro sabe encontrar soluções. O nosso principal produto de exportação, que viabilizou toda a nossa expansão internacional, foi o talento brasileiro”, disse.
Para Galló, os “novos tempos” vão trazer novas ideias e oportunidades de negócios. “Um furacão tem sua parte destrutiva, mas tem muita energia dentro dele. Esta crise também tem uma dose de energia que vai fazer com que pessoas descubram um potencial que não sabiam que tinham.”
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