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O diretor de estratégia, o conselheiro geral e um oficial de compliance da bolsa de ativos digitais Binance decidiram deixar a empresa após terem ajudado a companhia a navegar uma crise regulatória crescente, gerada pela abertura de investigações nos Estados Unidos, Europa, Ásia Pacífico e Brasil.
A debandada levantou novas questões sobre as perspectivas da corretora, em críticas imediatamente contestadas por seu fundador, o bilionário Changpeng ‘CZ’ Zhao. Nesta sexta-feira (7), via Twitter, ele procurou defender a plataforma, dizendo que “continuamos a construir e continuamos a contratar”.
Zhao teve repetidamente que combater o que ele chama de FUD (sigla em inglês para medo, incerteza e dúvida) em meio a um declínio da participação da Binance nos volumes de negociação de criptomoedas à medida que as autoridades aumentam a pressão regulatória.
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A plataforma está no olho do furacão de uma iniciativa dos reguladores para apertar a supervisão do setor de ativos digitais, após uma perda de US$ 1,5 trilhão no ano passado e uma série de falências, inclusive da exchange FTX.
Patrick Hillmann, diretor de estratégia da Binance, que ingressou na empresa em 2021, tuitou que estava saindo “em bons termos”. Steven Christie, vice-presidente sênior de compliance, e Hon Ng, conselheiro geral, também saíram, disse uma pessoa familiarizada com o assunto, segundo a Bloomberg. A nova conselheira geral será Eleanor Hughes, falou a fonte, que pediu para não ser identificada.
A Binance empregou quase 600 funcionários nos EUA, de acordo com o LinkedIn. Durante as avaliações de desempenho do meio do ano em junho, vários desses funcionários foram questionados se estariam dispostos a se mudar e alguns dos que recusaram foram demitidos, disse a pessoa familiarizada com o assunto.
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Yibo Ling, diretor de negócios da Binance, estava entre os funcionários dos EUA que saíram, de acordo com a pessoa familiarizada com o assunto. Ling não respondeu imediatamente a um pedido de comentário por meio de uma mensagem no LinkedIn.
“Sim, há rotatividade (em todas as empresas)”, escreveu Zhao em seu tuíte. “Mas as razões inventadas pelas ‘notícias’ estão completamente erradas.” Ele disse que a Binance cresceu de 30 para 8 mil pessoas em seis anos e continua sendo a maior exchange de criptomoedas, acrescentando que “conseguimos proteger nossos usuários o tempo todo”.
A Binance enfrenta uma série de investigações regulatórias. A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a SEC, acusou no mês passado a empresa e Zhao de usar indevidamente os fundos dos clientes, enganar investidores e reguladores e violar regras de valores mobiliários.
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Batalha contra SEC
A Binance chamou a ação da SEC de “decepcionante” e disse que pretende defender sua plataforma “vigorosamente”. Zhao e Binance também enfrentam um processo da Commodity Futures Trading Commission (CFTC), a agência reguladora que supervisiona o mercado de derivativos nos Estados Unidos. O Departamento de Justiça dos EUA também está investigando a empresa.
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Na terça-feira, a Comissão Australiana de Valores Mobiliários e Investimentos realizou buscas em vários locais da Binance Australia, disseram pessoas com conhecimento do assunto, pedindo para não serem identificadas. A ação fazia parte de uma investigação sobre o negócio de derivativos locais da operação australiana, agora extinto, de acordo com as fontes.
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A Binance também enfrenta ações regulatórias na França, na Bélgica e no Brasil, onde a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo para investigar a suposta prática irregular da empresa no mercado de derivativos do país. A tendência de maior escrutínio levou alguns parceiros bancários a abandonar a Binance, tornando mais difícil para os clientes financiar transações e sacar dinheiro fiduciário.
Perda de market share
A participação da exchange no volume de negociação global de não derivativos diminui pelo quarto mês seguido, caindo 1,4% para 42% em junho – a menor desde agosto de 2022, de acordo com um relatório da pesquisadora CCData. A Binance parou de oferecer alguns pares de negociação populares, contribuindo para o declínio.
A Binance.US, braço da empresa nos EUA, também viu sua participação no mercado do país cair para 0,9% em 26 de junho, de mais de 22% em abril, após a exchange dar a seus clientes um prazo até 13 de junho para sacar os recursos em dólares, uma vez que a SEC pediu na Justiça o congelamento de bens da empresa.
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A participação de mercado da rival Coinbase nos EUA, por outro lado, subiu em junho para 55%, de 48,4%, à medida que a companhia foi nomeada como parceira de vigilância da Fidelity e outras gestoras de ativos em pedidos de ETF à vista de Bitcoin nos EUA. A Coinbase, no entanto, também é alvo de processo da SEC por oferta irregular de valores mobiliários no país.
O BNB Chain (BNB), o token nativo da corretora cripto, caiu cerca de 1% nesta sexta-feira (7), para US$ 218, em meio a uma queda mais ampla dos ativos digitais. O BNB desvalorizou 11% neste ano, em comparação com um ganho de 45% em um índice com os 100 maiores tokens. O sucesso do BNB e da Binance costuma ser visto como interligado.
(Com informações de Bloomberg e Reuters)