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Há pouco mais de um ano no comando do Rappi no Brasil, Tijana Jankovic está diante de um momento desafiador. Enquanto vê o crescimento de rivais em entregas de supermercado, como Shopper e Daki, a executiva de 34 anos trava uma batalha intensa com o iFood pelo segmento de comida de restaurantes.
Ela lidera um grupo com cerca de 40 empresas e associações em uma nova petição no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A alegação é de que o iFood, que domina 80% do delivery de comida, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), violou as regras estipuladas no ano passado pelo órgão. Na época, o Cade proibiu o iFood de fechar contratos de exclusividade com restaurantes.
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Ao jornal O Estado de S. Paulo, Tijana explica por que considera o modelo de exclusividade prejudicial para o mercado – ela falou também sobre outros desafios da gigante no País.
O Rappi foi ao Cade com outros 40 nomes do mercado contra os contratos de exclusividade firmados pelo iFood com restaurantes. Por quê?
Em nenhum segmento há uma concentração de 80% de mercado. E em nenhum outro país há uma concentração tão grande com um nome tão dominante no mercado. A raiz do problema está nas políticas que trouxeram essa participação de mercado, impedindo os demais competidores de competir com as mesmas regras. Não deveria ser permitido bloquear o restante do mercado por falta de acesso ao conteúdo, principalmente a conteúdo essencial para fazer uma empresa funcionar. E hoje os restaurantes não têm uma verdadeira escolha ao se filiar a uma empresa exclusivamente, porque a oferta em deixar a exclusividade não é sustentável financeiramente para o restaurante. A pandemia piorou o poder de negociação de restaurantes. Mesmo assim, esse cenário resultou na saída de grandes players do mercado, como o Uber Eats (procurado pela reportagem, o iFood não se manifestou até a conclusão desta edição).
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Qual é o problema da exclusividade?
Vamos dividir em três pontos. É a concentração de exclusividade entre as marcas que movimenta a decisão de compra. Se você lista o mercado do Brasil, encontra uns 50 nomes que movimentam 60% do País. Existem 500 mil restaurantes, mas o arroz com feijão é uma lista extremamente concentrada. A questão da exclusividade realmente prejudica qualquer outro player em oferecer um mínimo para que possa competir. Outra parte é que não pode haver uma oferta de exclusividade extremamente desbalanceada, pela qual o parceiro basicamente não tem outra escolha. Acreditamos que não deveria existir um desequilíbrio enorme. A terceira parte é que vários rivais não conseguem se beneficiar da competição, que é o que seria saudável. Infelizmente, o restaurante não olha para os demais. Essa cadeia acaba prejudicando o mercado como um todo.
Qual seria a solução?
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Nosso desejo com o Cade é que não faz sentido ter exclusividade no segmento de restaurantes. Mas existem atuações diferentes dessas exclusividades que prejudicam mais ou menos esse mínimo de competição. Existem soluções intermediárias, e o Cade é o mais capacitado para decidir sobre isso. A gente vem trazendo provas de como o mercado atual não está num momento saudável.
O modelo de entregas super-rápidas não está indo bem em 2022. Como isso impacta o Rappi?
Para nós, o cenário é bem diferente. No nosso caso, é uma estratégia de portfólio, e é possível otimizar algumas coisas. Por exemplo, não precisamos adquirir o cliente, porque dividimos o custo do usuário em todas as verticais. Isso nos dá uma vantagem enorme em relação a esses que tentam construir o negócio do zero.
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No Brasil, o conceito de “superapp” parece que não pegou como em países asiáticos. Isso desapontou vocês?
Nenhum conceito de fora se traduz igualmente dentro do Brasil. O conceito de superapp vai ser rachado em dois ou três ecossistemas dominantes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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