Dona das bikes Yellow e patinetes Grin pede recuperação judicial

A Grow, dona das marcas Yellow e Grin, já havia suspendido os serviços em 14 cidades e encerrado o negócio de bicicletas neste ano

Priscila Yazbek

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SÃO PAULO – A Grow, companhia formada a partir da fusão das empresas de compartilhamento de bicicletas e patinetes Yellow e Grin, entrou com pedido de recuperação judicial na 1ª Vara de Falências da Justiça de São Paulo.

A informação foi confirmada ao InfoMoney pela empresa e pelo escritório Veirano Advogados, que representa a Grow e foi responsável por entrar com o pedido na Justiça.

Segundo a assessoria do escritório, o caso está com o juiz Tiago Limongi, que também foi responsável pelo processo de recuperação judicial da Avianca. Eles informaram ainda que as dívidas da Grow totalizam R$ 40 milhões.

A recuperação judicial ou RJ é uma medida que visa evitar a falência. A empresa entra com o recurso quando perde a capacidade de pagar suas dívidas. Ao entrar no processo de RJ, a empresa busca condições mais flexíveis de renegociação com credores e traça um plano para reorganizar os negócios e solucionar as dificuldades financeiras.

A operação da Yellow no Brasil começou em 2018 e, em janeiro de 2019, a empresa se juntou à mexicana Grin, formando a Grow.

Em janeiro, a Grow já havia anunciado um plano de reestruturação. Na ocasião, a empresa informou que as bicicletas amarelas seriam tiradas de circulação em todo o país e que os serviços em 14 cidades seriam suspensos. Desde o começo do ano, a empresa seguia apenas com o compartilhamento de patinetes em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Curitiba.

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A Grow ainda tentou criar um serviço de assinatura dos veículos durante a pandemia e, em junho, chegou a demitir metade de seus funcionários.

Por meio de nota, a Grow informou que, assim como a maioria das empresas do mundo, as startups Yellow e Grin foram duramente afetadas pela pandemia “Seus negócios são baseados na mobilidade diária das pessoas nas cidades e, com o isolamento social, suas operações foram diretamente afetadas, sendo interrompidas em 19 de março, o que comprometeu sua receita”, diz o posicionamento.

E a nota prossegue: “A recuperação judicial é um passo fundamental para viabilizar a superação da crise econômico-financeira e permitir a retomada das atividades. Com ela, as startups terão fôlego suficiente para buscar a reestruturação e a continuidade de suas atividades”.

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Pedidos de RJ aumentam entre pequenas empresas

De acordo com dados da Quist Investimentos, consultoria especializada em reestruturação e recuperação judicial de empresas, os pedidos de RJ entre pequenas e médias empresas aumentaram durante a pandemia.

A empresa afirmou que as assessorias prestadas a companhias que entram em recuperação judicial triplicaram desde abril. “Nunca tínhamos recebido tantos pedidos por meses seguidos. Antes da pandemia, havia um pedido de recuperação por mês. Agora essa média saltou para três ou quatro. As consultas mensais giravam em torno de quatro. Agora são 16”, diz Douglas Duek, sócio-fundador da Quist.

Um dos principais problemas enfrentados pelos pequenos empresários, segundo Duek, é o acesso ao crédito. Um levantamento realizado pela consultoria com 100 empresas mostrou que 78% delas não tiveram acesso a crédito desde março, quando o governo começou a anunciar programas de concessão de crédito a micro e pequenas empresas.

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Veja em mais detalhes as dificuldades enfrentadas pelos micro e pequenos empresários para obter crédito durante a pandemia.

Priscila Yazbek

Editora de Finanças do InfoMoney.