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Embora centenárias, as empresas que atuam em ramos mais tradicionais -como metalúrgicas, siderúrgicas e petrolíferas- não estão paradas vendo as startups passarem. Grandes nomes desses segmentos estão incorporando a inovação em suas operações, como forma de atualizar ou até melhorar seus negócios.
Recentemente, a gigante do aço ArcelorMittal anunciou a entrada no metaverso, visando se tornar referência do setor quando o assunto é inovação. Mas, para além disso, há quatro anos, o grupo nascido em Luxemburgo mantém internamente o “Açolab”, um hub de tecnologia que cria soluções para toda a indústria de siderurgia.
À frente da divisão, Rodrigo Carazolli diz que a iniciativa torna a empresa mais disruptiva, trazendo novas ferramentas e modelos de negócio. Por isso, um dos focos do laboratório é se conectar a startups para aproveitar o que há de mais moderno no mercado de tecnologia.
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“Em razão do tamanho da ArcelorMittal, às vezes uma startup ou faculdade queria fazer parceria, mas não sabia como iniciar o contato”, relata Carazolli, que é gerente geral de inovação. “Entendendo como uma possibilidade de gerar mais valor, nós criamos o Açolab para fazer tanto o trabalho de levar oportunidades para o ecossistema, como o de trazer soluções de fora para dentro da companhia”.
A corporação mantém, ainda, o Açolab Ventures, um fundo de investimentos exclusivo que pretende aplicar mais de R$ 100 milhões em pequenas empresas inovadoras. Outra frente trabalha para profissionalizar a mão de obra interna, dando mentoria para que funcionários criem sistemas capazes de melhorar a capacidade produtiva.
“Um grupo de empregados desenvolveu modelos de inteligência artificial que se acoplam a um dos nossos equipamentos e corrigem a falta de sincronia que ocasiona perdas do aço. Os funcionários tiveram uma jornada de desenvolvimento como a de startup, com investimentos nossos”, descreve. “Isso foi criado, testado e agora está sendo expandido para nossas unidades no Brasil em razão do seu alto potencial.
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Inovar para sobreviver
Diferente das empresas que nasceram neste século, e são mais propícias a mudar e se adaptar, inovar é um processo difícil para companhias antigas, sobretudo porque foi seu histórico tradicional que as ajudou a chegar onde estão. Ainda há o fato de que, em razão de liderar um segmento específico, muitas companhias até optam por se manter no status quo, inclusive deixando de aproveitar os novos negócios que a tecnologia pode proporcionar.
Conforme explica Jonathan Santos, coordenador do curso de MBA em Business Agility da Faculdade Impacta, mais do que incorporar a tecnologia, modernizar significa aprimorar seu modelo de negócio, se colocando em um lugar de pioneirismo. Ou seja, às vezes é preciso abrir mão de uma tradição para dar lugar a novos formatos.
“É importante que, mesmo as tradicionais, pensem em mudar processos ou produtos para se posicionar no mercado, sempre atendendo as necessidades dos clientes”, aponta. “A inovação tem que estar no DNA da empresa para que ela possa ter influência e se torne competitiva no mercado para gerar ainda mais lucro”.
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Hackathon tem sido saída
A falta de talentos é um problema para que companhias se posicionem em um mercado cada vez mais tecnológico. Por isso, muitas têm recorrido a ferramentas externas para captar novidades no mercado.
Um exemplo disso são os hackathons, eventos que reúnem profissionais de tecnologia ou startups em uma disputa por soluções inovadoras. Esse tipo de congresso faz parte da estratégia anual de muitas empresas, que vão ao mercado buscar mentes que pensem em projetos direcionados às necessidades específicas da marca.
Normalmente, os hackathons funcionam através de editais, onde os ganhadores -em alguns casos, também os participantes- recebem algo em troca, seja remuneração, prêmio ou contratação. Quando envolve startups, a proposta pode até resultar no fechamento de uma parceria ou em um aporte financeiro.
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“A empresa abre seu desafio para a comunidade, e as pessoas [em formas de times ou startups] tentam resolvê-lo, mapeando o que vai te ajudar. Essa é uma ótima forma de entender e selecionar o que pode colaborar com a empresa, porque você tem algo já resolvido”, salienta Jonathan, da Faculdade Impacta.