Dividendo de R$ 7,70 por ação? Existe, mas pouquíssimos acionistas receberão

Com liquidez praticamente nula na Bovespa, Encorpar anunciou o peculiar provento aos acionistas; "yield" a colocaria entre os melhores pagadoras do mercado

Leonardo Silva

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SÃO PAULO – Um dos principais atrativos da Bovespa para os mais conservadores é a busca por empresas que pagam bons dividendos e enriquecer seu portfólio utilizando estes proventos para reinvestir no mercado. Na última semana, foi anunciado o que certamente é um dos maiores dividendos por ação pagos por uma companhia na bolsa brasileira. Mas infelizmente poucos investidores se aproveitaram dessa gorda remuneração.

Trata-se da Encorpar, uma holding que atua na indústria têxtil. No último dia 17, o conselho de administração da companhia aprovou o pagamento de um dividendo no valor R$ 13,9 milhões, o equivalente a R$ 7,00 por ação ordinária (ECPR3) e R$ 7,70 por preferencial (ECPR4). As ações passaram a ser negociadas “ex-dividendos” dia 17 de julho e o início do pagamento será nesta quarta-feira (23).

Levando-se em conta as cotações atuais dos papéis na Bovespa, ela entregará um “dividend yield” (dividendo pago/cotação da ação) de 22,5% para cada ação ON e de 16,2% por ação PN. Apenas como comparação, um levantamento feito pela InfoMoney em abril mostrava que o maior yield da Bovespa na época era de 9,2%, das ações da Light (LIGT3). 

Por que ninguém ganha?
Primeiro ponto que limita um investidor a ganhar este dividendo: as ações da Encorpar possuem uma liquidez quase nula na Bovespa. Em 2014 até a última segunda-feira (21), os papéis ordinários da empresa foram alvo de apenas 6 negócios – sendo o último em 7 de abril. Já os ativos ECPR4 tiveram apenas duas negociações realizadas no ano: nos dias 2 de maio e 17 de julho (data que antecedeu a reunião).

Uma das coisas que explica a baixíssima liquidez é a própria estrutura acionária da Encorpar: apenas 11,2% das ações estão no “free float” (ações em circulação no mercado), segundo informações disponíveis no site da BM&FBovespa. O restante está dividido da seguinte maneira: Wembley (46,76%), José Alencar Participações (20,81%) – que pertencia ao já falecido ex-vice presidente da República, José Alencar –, Econorte (9,68%) e outros (22,75%). A empresa não possui ações em tesouraria.

A Encorpar também possui ligações com outras empresas de capital aberto, já que seus principais acionistas detém o controle de outras companhias. A José Alencar Part. possui 95,7% do capital total da Wembley, empresa que também controla a Coteminas (CTNM3, CTNM4) e a própria Encorpar. Por sua vez, a Coteminas detém 52,91% das ações da Springs Global (SGPS3). Avaliada em torno de R$ 84 milhões, a Encorpar está ligada, principalmente, com a produção, venda, importação e exportação de tecidos terminados e semi-terminados.

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Procurada pelo InfoMoney, a empresa não foi localizada para prestar mais esclarecimentos sobre o assunto.