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Diferente de 2021, quando os caixas ficaram cheios, o ano passado foi bem difícil para as startups, que viram a fonte de recursos financeiros secar. Ao que tudo indica, o ano de 2023 deve replicar essa performance nada animadora ou ser ainda mais desafiador.
Um levantamento da Distrito, publicado nesta terça-feira (1º), mostrou que as startups brasileiras captaram US$ 96,6 milhões em janeiro, número que representa uma queda de 84% em relação ao mesmo mês do ano passado. O relatório aponta que esse resultado só não foi pior em razão de um aporte de US$ 50 milhões -ou seja, metade do total- captado pela energytech Origo na última semana do mês.
Com isso, o montante levantado pelas startups em janeiro deste ano já é o menor resultado para este mês desde 2018, antes do boom dos aportes, quando somaram US$ 77 milhões. O pódio para o mês fica com: janeiro de 2021, com US$ 720 mi; janeiro de 2022, com US$ 615 mi; e janeiro de 2020, com US$ 230 mi.
Em termos de número de transações, houve queda de quase 80%, totalizando 25 nos primeiros 30 dias do ano contra 117 do mesmo intervalo do ano passado. Entre as fusões e aquisições (M&A na sigla em inglês), a baixa foi de 65%, das 26 anteriores para 8 operações do mês passado.
Para o hub de inovação, esse resultado negativo está ligado ao cenário global de alta de juros ao redor do mundo. Diante disso e de um cenário econômico global com grandes incertezas, o mercado de Venture Capital tem segurado a carteira para fazer novas apostas de risco.
“Não temos a menor dúvida que 2023 será um ano desafiador para a indústria. Ainda existem dúvidas sobre quando e como os juros globais começaram a ceder. Com isso, os recursos tendem a continuar escassos e as startups deverão buscar sustentabilidade operacional e fontes alternativas de capital”, diz Gustavo Gierun, CEO e cofundador do Distrito. “Janeiro foi marcado por maior intensidade no movimento de demissões, tanto de big techs quanto de startups, o que demonstra o humor do mercado ”
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Crowdfunding, o salvador
Com o dinheiro curto, quem mais sofre são as startups em estágio inicial, que têm pouca ou nenhuma visibilidade. Mas elas estão podendo contar com uma ajuda alternativa para ampliar o caixa, no chamado crowdfunding, um tipo de captação certificada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que permite o receber de recursos por pessoas físicas em quantias a partir de R$ 1 mil.
Um relatório divulgado pelo órgão federal nesta terça-feira (1º) mostrou que, em 2022, esse tipo de captação alcançou a marca de R$ 210 milhões no país, um percentual 62% maior no que o acumulado em 2021. Ao todo, foram registradas 110 operações neste modelo, que foram viabilizadas pelas 57 intermediadoras que estão aptas a fornecer essa transação, segundo a CVM.
Uma das plataformas autorizadas é a Captable, que movimentou quase R$ 28 milhões em 15 rodadas diferentes. Em uma única operação, a empresa conseguiu juntar 211 investidores, além de um fundo de investimentos, para aplicar R$ 3,5 milhões na foodtech Simples&Co.
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Em um levantamento feito com dados públicos, a empresa avaliou que as dez principais plataformas do setor conduziram 43 captações durante o ano passado. Beegin.Invest (R$ 18,5 mi), SMU Investimentos (R$ 12,3 mi) e Kria (R$ 12 mi) foram as outras em destaque.
“Um dos maiores desafios no venture capital é democratizar o acesso ao investimento privado. Em 59 rodadas promovidas até agora [desde a fundação], percebemos que cada vez mais o brasileiro está aprendendo que há uma possibilidade de variar a carteira investindo em inovação. E temos no nosso portfólio justamente as queridinhas do momento que são as early stages”, explica Guilherme Enck, cofundador da Captable.