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Uma indústria brasileira que é destaque mundial na agenda ESG, produz o primeiro aço carbono neutro do planeta, tem instalações e equipamentos novos e modernos, vende tudo o que produz, apresenta rentabilidade muito superior à dos concorrentes e está começando a acessar o mercado de capitais para acelerar seu crescimento.
Assim pode ser resumida a situação atual da Aço Verde do Brasil (AVB), produtora de aços longos localizada no município de Açailândia, no Maranhão. A companhia pertence ao grupo Ferroeste, de origem mineira e com mais de cinquenta anos de história. Na última década verticalizou sua produção de ferro-gusa para o aço verde, baseado no emprego de biocarbono e economia circular de seus subprodutos.
A AVB é uma usina siderúrgica integrada moderna. Começou a ser projetada em 2008 e após um investimento de cerca de R$ 1,5 bilhão, iniciou a produção de tarugos de aço em 2016 e de produtos laminados em junho de 2018, com capacidade para 600 mil toneladas de aço por ano.
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Algumas conquistas recentes dão uma ideia de como a empresa vem se destacando no setor siderúrgico e do seu potencial de crescimento. Em 2020, a AVB tornou-se a primeira siderúrgica do mundo a alcançar a neutralidade em emissões de carbono. O atestado foi conferido pela Société Génerale de Surveillance (SGS), utilizando as metodologias GHG Protocol e da WorldSteel Association.
Mercado de capitais
Em 2021, foi a única empresa brasileira premiada no Platts Global Metal Awards, principal premiação do setor no mundo, vencendo na categoria Revelação ESG. No mesmo ano, obteve o registro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na categoria B e levantou R$ 250 milhões no mercado de capitais por meio de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). A AVB possui cerca de 60 mil hectares de florestas plantadas com eucaliptos para a produção de biocarbono.
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Em junho deste ano, a companhia captou outros R$ 400 milhões em nova emissão de CRA, que, assim como a primeira, destinou-se à compra de matéria-prima, melhoria do perfil de sua dívida e fortalecimento do caixa. Agora, a AVB se prepara para um IPO no futuro próximo.
A AVB nasceu de um grupo familiar e durante muitos anos teve seu financiamento baseado em capital próprio ou empréstimos bancários. “Agora que atingimos um novo patamar, não apenas financeiro, mas também de estrutura e governança, começamos a acessar o mercado de capitais.” conta Silvia Nascimento, CEO da Aço Verde do Brasil.
Neutralidade em emissões de carbono
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A AVB é destaque em sustentabilidade nos três pilares ESG, a começar pelo ambiental. A CEO da empresa conta que a AVB foi projetada para empregar os mais modernos equipamentos e tecnologias verdes na produção de aço, que vão muito além do uso do biocarbono em substituição ao carvão mineral, ou coque, utilizado no método tradicional.
A lista das tecnologias e dos processos de descarbonização já implantados na AVB incluem:
- emprego de gases de processo na produção em substituição ao uso de combustíveis fósseis;
- reaproveitamento dos gases gerados nos altos-fornos e na aciaria para geração de energia elétrica renovável;
- pré-aquecimento da sucata enfornada no convertedor;
- aquecimento do refratário na aciaria e o reaquecimento dos tarugos na laminação com o gás renovável gerado nos altos-fornos;
- estações de tratamento de água que permitem recircular 100% da água do processo;
- elevado emprego de sucata no convertedor;
- e reaproveitamento da escória gerada nos altos-fornos na produção de cimento.
Ainda este ano, deve inaugurar também uma planta para produção de briquetes com foco na reciclagem dos resíduos sólidos gerados da usina.
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“Além de neutra em emissões de carbono, vamos nos tornar também uma empresa de resíduo zero”, ressalta Silvia.
Instituto AVB
No pilar social, a companhia realiza há mais de dez anos ações nas áreas de saúde, educação, cultura e lazer em parceria principalmente com o Sesi, o Senai e as prefeituras das cidades em que atua.
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“Temos uma usina nova, com os equipamentos mais modernos do mundo, mas se não tivermos gente capacitada, a operação não roda”, afirma Silvia.
“Hoje, temos uma boa equipe, mas queremos ajudar a formar as gerações futuras.” A executiva se orgulha de empregar apenas pessoas da própria região, inclusive nas posições de liderança.
Para aumentar o impacto desse trabalho, a empresa lançou o Instituto AVB, que passa a cuidar dos projetos de maneira unificada, com orçamento próprio. O objetivo, ela antecipa, é utilizar todos os programas de incentivo disponíveis em projetos de saúde, educação e cultura nesses municípios.
No quesito governança, a companhia vem adotando as melhores práticas de mercado, como demonstra a conquista do registro de empresa aberta na categoria B da CVM. Entre os instrumentos adotados nos últimos anos, destacam-se a criação de um conselho consultivo incluindo conselheiros externos, a divulgação de balanços trimestrais e a criação de um canal de denúncias gerenciado por uma empresa independente.
“Há doze anos, somos auditados por uma das quatro maiores empresas de auditoria do mundo”, ressalta a CEO da AVB.
Custo menor, margem maior
Os resultados do negócio impressionam. A AVB apresenta margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 40%, bem maior do que a média de 25% verificada no setor. O principal motivo, segundo Silvia, é o sistema produtivo com emprego de biocarbono, aliado às modernas tecnologias verdes e de baixo custo adotadas na usina.
“Nossa planta foi mais cara para construir e montar, mas a operação é bem mais barata”, ela explica. Além disso o emprego de biocarbono permite a produção de um aço verde e de alta qualidade, adequado às aplicações nobres na indústria.
O aço carbono neutro também contribui para o resultado. A CEO da AVB diz que, no Brasil, onde a companhia vende 100% da sua produção, os clientes ainda não pagam mais pelo produto verde, ao contrário do que já ocorre na Europa.
“Mas, ao mesmo preço, muitos dão preferência ao nosso produto – e isso é muito valioso considerando que temos concorrentes bem maiores, mais conhecidos e tradicionais no mercado”, ela afirma.
A localização no Maranhão, diz a executiva, é outro ponto forte. “Nos últimos anos, o Norte e o Nordeste estão crescendo o dobro da média nacional – e a demanda de aço é maior que a oferta”, ela conta.
Estar perto desses mercados representa um importante diferencial competitivo. No ano passado, a AVB registrou lucro líquido de R$ 543,6 milhões.
Concrete Show 2022
Segundo Silvia Nascimento, a AVB vem trabalhando no limite da sua capacidade de produção, sem ociosidade, diferentemente do que ocorre no setor como um todo.
O produto mais importante da empresa é o fio-máquina de alta qualidade, utilizado por diferentes segmentos na produção de arame agrícola e industrial, prego, tela, aço para fixadores, mola de colchão, entre outros itens. A AVB produz também vergalhão CA 50 e CA 60 em rolo e barra e tarugo de aço, sendo que cerca de 30% de suas vendas destinam-se ao setor da construção civil.
Este ano, a companhia vai participar pela segunda vez do Concrete Show, a maior feira da construção civil da América Latina, que acontece em São Paulo entre os dias 9 e 11 de agosto. O objetivo, explica Silvia, é divulgar a AVB principalmente para pequenos e médios clientes, uma vez que ela já é amplamente conhecida pelos grandes.
“Em 2019, nós vendíamos nossos produtos para cerca de 60 clientes por mês. Hoje, já são cerca de 370”, ela compara.
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