Layoff no Hurb: empresa demite 40% dos funcionários depois de decisão do governo

Desde abril, site de viagens tem passado por uma crise financeira e de reputação; ex-CEO fez vídeo expondo dados de clientes

Wesley Santana

João Ricardo Mendes,  ex-CEO da Hurb (Divulgação)
João Ricardo Mendes, ex-CEO da Hurb (Divulgação)

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O Hurb (ex-Hotel Urbano) demitiu, nesta terça-feira (30), 40% do quadro de funcionários, o que seria equivalente a 400 pessoas, conforme relatos dos colaboradores. O site de viagens não confirmou o número de impactados “em respeito às pessoas”, mas disse que o corte é uma resposta ao momento desafiador que vem atravessando.

“Inúmeras medidas estão sendo tomadas para garantir a continuidade dos negócios, entre elas a readequação de seu quadro de colaboradores, além de outras ações que visam a redução de despesas. Em respeito às pessoas, a empresa não fornecerá detalhes sobre essas movimentações e reitera que está prestando todo o apoio para os profissionais afetados, sempre respeitando a legislação trabalhista”, respondeu à reportagem.

A demissão em massa vem na sequência de uma série de conflitos em que o Hurb esteve envolvido nas últimas semanas, que culminou na proibição da venda de pacotes de viagens flexíveis. Mesmo com a proibição, contudo, nesta quarta-feira (31) o Hurb continuava comercializando pacotes flexíveis, como foi demonstrado em reportagem do InfoMoney.  Em despacho na última segunda (28), a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) destacou que a empresa deve comprovar a capacidade de cumprir as vendas já feitas nesse modelo, em que não há data fixa para o embarque.

Segundo o Procon-DF, nos primeiros cinco meses deste ano, as reclamações envolvendo o Hurb cresceram 700% na comparação com o mesmo período do ano passado. No site Reclame Aqui, o número de queixas também é volumoso, somando mais de 60 mil registros nos últimos doze meses.

Leia também: Hurb mantém venda de pacotes flexíveis após governo federal suspender comercialização

A plataforma até chegou a apresentar um plano de ação para cumprimento dos contratos, mas os órgãos de proteção de consumidores avaliaram que o documento não tinha informações suficientes e consistentes.

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O Hurb diz que vendeu pacotes de viagens com datas flexíveis durante a pandemia, válidos por dois anos, mas que agora está tendo dificuldades para honrar os contratos. Apesar disso, a agência de turismo garante ter embarcado 437 mil clientes em 2023.

“Esses números atestam a capacidade do Hurb de operar altos volumes de pacotes, assim como demonstram o comprometimento da empresa com os seus clientes, mesmo que, globalmente, o setor de turismo ainda não tenha se recuperado totalmente dos efeitos da pandemia”, afirmou a agência virtual. “O Hurb frisa que segue prezando pela escuta ativa e cuidado com seus públicos e, por isso, está à disposição caso surjam eventuais dúvidas”.

CEO no núcleo da crise

Além de todas as questões que envolvem os negócios do Hurb, em abril, o fundador e então presidente João Ricardo Mendes renunciou. A decisão foi a solução para uma crise que ele mesmo criou, depois de gravar um vídeo xingando e expondo dados de clientes que reclamaram sobre o não cumprimento dos pacotes de viagens flexíveis.

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Na tentativa de amenizar a repercussão negativa, Mendes publicou uma carta de renúncia, dizendo que passava por um momento delicado na vida pessoal. “Esses recentes acontecimentos, na verdade, foram erros do ‘João Ricardo Mendes’ e não de uma companhia inteira que é muito maior do que eu”, escreveu ele.

De Portugal, onde mora, nesta terça, enquanto seu empreendimento conduzia as demissões, o ex-CEO usou o Twitter para ironizar o atual momento.

“A luta é quando as pessoas te falam para não desistir e você não sabe a resposta. A luta é quando a comida perde o sabor. A luta é quando você não acredita que deveria ser o CEO da sua empresa. A luta é quando você sabe que está perdendo a cabeça e sabe que não pode ser substituído. A luta é quando todos pensam que você é um idiota”, escreveu.