Delivery sem taxa: startup que digitaliza bares e restaurante recebe R$ 15 milhões

A Goomer projeta faturar R$ 20 milhões em 2021, indo de 20 mil para 50 mil estabelecimentos ativos em sua plataforma de delivery, que não cobra taxas deles

Mariana Fonseca

Daniel Wassano, Rafael Laganaro e Felipe Maia Lo Sardo, cofundadores da Goomer (Divulgação)
Daniel Wassano, Rafael Laganaro e Felipe Maia Lo Sardo, cofundadores da Goomer (Divulgação)

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SÃO PAULO – A pandemia fez os brasileiros adotaram o delivery de vez — e forçou bares e restaurantes a se adaptarem às vendas online logo que quarentenas foram decretadas. Entre março de 2019 e março de 2021, o número de brasileiros com smartphone que já pediram uma refeição por aplicativo saltou de 58% para 80%, segundo pesquisa Mobile Time/Opinion Box.

A Goomer vivenciou a mudança repentina na pele: a provedora de cardápios digitais em tablets e totens criou em sete dias uma solução de delivery sem comissões para que seus clientes pudessem operar. A vertical de entregas acumula 20 mil bares e restaurantes ativos atualmente — e ajudou a Goomer a atrair novos investidores.

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A startup captou um aporte de R$ 15 milhões. O investimento série A foi liderado pelo fundo Bridge One (fundo que tem no portfólio startups como Involves e Mandaê) e acompanhado pela Domo Invest (Conta Simples, Logstore, Ramper e Turbi) e pela Aimorés Investimentos (Manipulaê, Teravoz e TrustVox).

Do tablet ao aplicativo de delivery

A Goomer foi cofundada pelos empreendedores Daniel Wassano, Felipe Maia Lo Sardo, Rafael Laganaro. Em 2014, eles formularam uma solução para digitalizar e melhorar o atendimento de hotéis.

“Queríamos aproveitar o turismo gerado pela Copa do Mundo. Porém, esse era um setor com grandes redes e difícil de conseguir acesso. Começamos a testar nossa proposta com os restaurantes dos hotéis e vimos um mercado grande, carente e acessível. Os bares e restaurantes perdem rentabilidade ano a ano – essa rentabilidade costumava estar em 10%, e foi zerada para muitos estabelecimentos durante a pandemia”, diz Sardo.

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A Goomer foi criada para tornar atendimento e venda mais efetivos, dando aos consumidores de bares e restaurantes mais autonomia, facilidade ao pedir e informações sobre o menu. A startup começou fornecendo tablets com cardápios digitais. Em 2016, lançou totens de autoatendimento. Hoje, a Goomer disponibiliza 10 mil telas em 150 cidades para redes como KFC, Madero e Spoleto.

“O delivery não fazia parte dos nossos planos de curto prazo. Mas a pandemia chegou, e vimos o movimento dos estabelecimentos cair dia após dia após a decretação de lockdowns. Eles também diziam que não conseguiam margem vendendo apenas pelos aplicativos de delivery existentes, nem relacionamento com o consumidor”, diz Sardo. Segundo o cofundador da Goomer, estabelecimentos podem repassar comissões que vão de 15% a 35%, dependendo da necessidade de usar cupons ou logística terceirizada.

A Goomer desenvolveu em sete dias uma plataforma gratuita para que os restaurantes criassem cardápios digitais e recebessem pedidos sem ter de pagar comissões. O link desse cardápio digital pode ser compartilhado em redes sociais e mensageiros, como Instagram e WhatsApp. “A ideia era conquistar uma base de usuários que fossem ajudados pela plataforma, e só depois pensar em como monetizá-la”, afirma Sardo.

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Chamada de GoomerGo, a plataforma de delivery atingiu 20 mil bares e restaurantes ativos (que fazem uso semanal da ferramenta). Foram R$ 380 milhões movimentados em delivery em 2020, e a startup estima uma economia de R$ 50 milhões em taxas aos estabelecimentos.

30% desses 20 mil bares e restaurantes aderiram à versão paga da GoomerGo, lançada em agosto de 2020. O software como um serviço (SaaS) fornece recursos adicionais – como um painel com o histórico de pedidos e uma ferramenta de cálculo da taxa de entrega. A mendalidade parte de R$ 30 e pode chegar a R$ 200, quando conta com integração com os sistemas dos pontos de venda físicos.

A Goomer cresceu seu faturamento em 20% ao longo do último ano, faturando R$ 5 milhões em 2020. “O crescimento não foi maior porque tivemos bares e restaurantes fechados durante boa parte do ano, o que prejudicou a frente de tablets e totens, e porque só lançamos a modalidade paga da GoomerGo em agosto”, diz Sarda.

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Os resultados atraíram um novo investimento. A Goomer já havia recebido um investimento anjo (R$ 500 mil) e feito uma rodada semente (R$ 3 milhões). O aporte série A de R$ 15 milhões servirá para continuar o crescimento da empresa, com foco na aquisição de mais bares e restaurantes como clientes.

Para aumentar a adesão de estabelecimentos pagantes, a Goomer também vai desenvolver ferramentas que permitam aos estabelecimentos atrair clientes, coletar seus dados e fazer campanhas de marketing melhores. Para atingir tais objetivos, a Goomer também pretende contratar mais 60 funcionários até o final deste ano, chegando a 135 pessoas.

A Goomer pretende chegar a 50 mil estabelecimentos ativos na vertical de delivery em 2021, movimentando entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões em pedidos. Também busca quadruplicar o faturamento neste ano, chegando a R$ 20 milhões.

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O mercado de delivery é concorrido e tem líderes claros — mas a Goomer espera que sua proposta de monetização por software, e não por taxas, atraia os estabelecimentos cansados de pagar comissões em troca de exposição.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.