CVC Corp: “Em dois anos vamos ter o mesmo nível digital que nossos concorrentes”, diz CEO

Em 2019, 10% do faturamento do grupo veio das vendas online. Leonel Andrade afirma que dentro de quatro a cinco anos, metade das vendas virá do digital

Letícia Toledo

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SÃO PAULO – Quando o executivo Leonel Andrade foi anunciado como presidente da maior empresa de turismo do país, a CVC Corp (CVCB3), muitos previram que ele teria uma tarefa árdua pela frente.  Mas ninguém imaginou que o desafio de Leonel se agravaria tanto até ele realmente assumir as operações.

Em março, quando seu nome foi anunciado, o grupo com marcas como CVC Brasil, Submarino Viagens e Experimento Intercâmbio sofria forte pressão dos investidores por conta da queda na receita e dos problemas contábeis. Em 1º de abril, quando tomou posse, Leonel encontrou uma companhia com cerca de 1.500 lojas fechadas e as vendas próximas de zero.

Com quase seis semanas no novo cargo, o experiente executivo — que já presidiu a Losango, a Credicard e a Smiles — afirma que as questões emergenciais já foram resolvidas e que está pensando no futuro.

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“Tomamos três passos fundamentais logo no início — cuidar dos clientes, colocar os funcionários no home office e sentar em cima do caixa. Agora já estamos pensando no futuro”, afirmou Leonel em entrevista ao InfoMoney.

A entrevista aconteceu no Youtube e faz parte de uma série especial do podcast Do Zero ao Topo para falar sobre gestão em tempos de crise. Confira a live na íntegra no player acima.

Neste futuro, um dos principais desafios da CVC é ajustar sua operação online — rotineiramente vista como ainda muito pequena e embrionária quando comparada à plataformas de turismo que operam 100% digital, como a Decolar.com.

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No ano passado, apenas 10% do faturamento do grupo veio das vendas online. Sobre esse cenário, o executivo afirma que a CVC “não é tão offline quanto parece”. “Hoje, mesmo as nossas lojas físicas fechadas estão vendendo cerca de 15% do que venderam o ano passado. Isso tudo de maneira digital”, afirma.

Quando questionado sobre a concorrência, Leonel afirma que ainda não há no mercado de viagens online um modelo ideal. “Em dois anos nós vamos estar no nível digital que estão hoje essas empresas que vocês citam ou usam como referência no mercado brasileiro. Isso significa ter um cliente no digital podendo transacionar online em todos os produtos e em todos os canais. Seja um cliente pessoa física ou pessoa jurídica. Mas quero ressaltar: nós não temos no Brasil ninguém que a gente possa dizer que tem o produto ideal no digital”, afirma.

Para se tornar mais digital, Leonel reconhece que a CVC precisa resolver problemas como a falta de utilização de dados do cliente — para entender seu comportamento e oferecer produtos mais adequados, com uma precificação dinâmica, por exemplo.

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Apesar do prazo de dois anos, o executivo afirma que melhorias na operação online da CVC devem começar a ser vistas ainda neste ano. Do ponto de vista da receita, o executivo acredita que em um prazo de quatro a cinco anos, metade das vendas do grupo deve vir das lojas físicas e a outra metade, do digital.

Caixa e capitalização

A CVC Corp possui atualmente cerca de R$ 350 milhões em caixa e ainda R$ 800 milhões em recebíveis. Segundo Leonel, esses valores são suficientes para enfrentar a crise. As despesas do grupo variam entre R$ 50 e R$ 60 milhões por mês. “Mesmo se a gente ficasse um ano com a receita zerada ainda teríamos caixa para todas as despesas”, explica.

Ainda assim, a empresa contratou o banco Itaú BBA para buscar um aporte — que pode chegar a R$ 1 bilhão, segundo notícias. A capitalização, segundo Leonel, servirá para deixar a companhia em melhores condições de negociação para o período pós-crise.

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“A nossa visão é que, quando a crise acabar, a primeira melhor coisa é que a empresa esteja viva e a segunda melhor coisa é que a empresa tenha capacidade de aproveitar todas as oportunidades que virão”, explica. Confira a entrevista na íntegra no player acima ou clique aqui.

Letícia Toledo

Repórter especial do InfoMoney, cobre grandes empresas de capital aberto e fechado. É apresentadora e roteirista do podcast Do Zero ao Topo.