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SÃO PAULO – Na assembleia da última quarta-feira (2), um fato histórico marcou a assembleia da Petrobras (PETR3;PETR4). Os acionistas detentores das ações preferenciais da companhia elegeram José Guimarães Monforte para uma das dez vagas do Conselho de Administração, substituindo Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do conselho da Gerdau (GGBR4) que estava há 13 anos como parte do conselho da petroleira brasileira.
Em março, a gestora britânica Aberdeen e outros acionistas minoritários da Petrobras haviam lançado campanha para a eleição de Monforte como novo membro independente do Conselho. Além da Aberdeen, a campanha foi apoiada pelos fundos de pensão The California State Teachers’ Retirement System e Universities Superannuation Scheme, pela gestora F&C Management e pela consultoria Hermes Equity Ownership Services.
Monforte foi membro de conselhos de grandes empresas brasileiras, sem vínculos com controladores, como disseram seus apoiadores. O objetivo dos estrangeiros em indicar Monforte é de ampliar a participação nas decisões de um conselho por meio de um integrante que teria maior independência em relação ao controlador, enquanto Gerdau é tido como mais alinhado pelo governo.
De acordo com a Aberdeen, o conselheiro “poderá colaborar para a adoção de modelos de gestão que visem ao interesse de todos os acionistas, em particular para a definição de uma política de preços de combustíveis. Tal definição ampliaria a capacidade de investimentos e de expansão da Petrobras no longo prazo”, informou o fundo.
E Monforte tem um histórico bastante grande de atuação em grandes empresas, sendo um dos mais respeitados consultores financeiros do mercado e já tendo participado do conselho de grandes corporações. Economista nascido em 6 de julho de 1947, ele é graduado pela Universidade Católica de Santos e iniciou a sua carreira em 1973. Atuou em diversos bancos e empresas como BANESPA, Banco Merrill Lynch, Banco Citibank N.A. Em 1979, assumiu a diretoria executiva da Merrill Lynch e, em 1988, ingressou no Citi como diretor de private bank na filial brasileira. Posteriormente, em 1991, foi para a filial de Nova York, sendo responsável pela área de desenvolvimento de produtos. Em 1994, Monforte retornou ao Brasil e assumiu a diretoria de mercado de capitais.
Monforte ocupou a presidência da VBC Energia S.A entre 1996 e 1997, tendo sido responsável por estruturar e coordenar trabalhos de aquisição dos principais ativos oferecidos na privatização de empresas de distribuição de energia no Brasil, conforme destaca o seu currículo. A aquisição da CPFL (CPFE3) foi o destaque.
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De 1998 a 2007, foi presidente e organizador da Janos Participações, que foi formada para gerir o patrimônio dos sócios controladores da Natura (NATU3), onde foi membro independente do conselho de administração, atuando na área de gestão de investimentos financeiros, de serviços ao patrimônio de uso, de compra de participações de empresas. A Janos é uma tradicional family office, que foi uma das responsáveis pela virada na governança corporativa da Natura, culminando com a oferta de ações da companhia de cosméticos em 2004.
A partir da Janos, Monforte foi um dos fundadores e principal executivo da Pragma Patrimônio, afastando-se da gestora em 2012 em meio à reestruturação. A Pragma presta serviços de aconselhamento para empresas e pessoas nas áreas de gestão de recursos, fusões e aquisições e private equity.
Além da Natura, Monforte ajudou a organizar a governança da Vivo (VIVT4), Sabesp (SBSP3), Nossa Caixa, Caramuru, Grupo Martins, JHSF (JHSF3), Rossi Residencial (RSID3), Arezzo (ARZZ3) e Claro, entre outros.
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Monforte também foi vice-presidente da ANBID (Associação Nacional dos Bancos de Investimentos), entidade representante das instituições financeiras que operam no mercado de capitais brasileiro do Conselho da Caixa de Liquidação da Bolsa de Mercadorias.
Também esteve envolvido no desenvolvimento do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), sendo conselheiro em 2002, vice-presidente do Conselho em 2003 e presidente de 2004 a 2008, além de coordenador do Comitê de Abertura de Capital da Bovespa.
Caso Agrenco
Se Monforte teve atuações bem sucedidas, outras não foram tanto assim. Monforte era um dos três conselheiros independentes da Agrenco, companhia que decretou em agosto de 2013. A Pragma Patrimônio, atuou como “assessor contratado” da distribuição pública dos BDR (Brazilian Depositary Receipts)s, recibos de ações utilizados para a entrada na Bovespa,e não conseguiu detectar os problemas da empresa.