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O Brasil segue ocupando uma das piores posições no ranking de competitividade mundial, medido pelo IMD Competitiveness Center com apoio da Fundação Dom Cabral (FDC). Na edição 2023 do anuário, o país ficou no 60º em uma lista de 64 países. Em relação ao ano anterior, o Brasil desceu uma posição.
Para Carlos Arruda, Miguel Costa, Rodrigo Penna e Hugo Tadeu, pesquisadores do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC responsáveis pela parte brasileira do estudo, o país continua com problemas estruturais que não permitem oferecer uma competitividade adequada aos empresários na mesma proporção em que atrai capital estrangeiro.
“O Brasil é o décimo país mais atraente para investimentos no ranking, em linha com a visão de que somos a décima economia do mundo. Mas, na parte de condições competitivas, ainda deixamos a desejar”, explica Carlos Arruda, que faz o levantamento do país desde a edição de 1997 do anuário.
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Para o pesquisador, o Brasil convive com problemas no ambiente regulatório que afetam o planejamento dos empresários. “Temos algumas reformas, mas elas demoram a avançar. Quando saem, existem questionamentos, como vemos com a reforma trabalhista e o marco do saneamento”.
Setor empresarial piora
Os pesquisadores chamam a atenção para o declínio visto na competitividade do setor empresarial, considerado uma das fortalezas do Brasil nas últimas edições da pesquisa. Levando em conta apenas a eficiência dos negócios, o país caiu nove posições – de 52º para 61º.
“A perda da eficiência empresarial é reflexo da queda na competitividade econômica que temos visto nos últimos anos. Estamos em um momento de custo de capital mais alto e a percepção dos empresários sobre o cenário também está pior”, avalia Arruda.
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As dívidas corporativas e as práticas de auditoria contábil apresentaram o pior desempenho do Brasil neste ranking, ficando na penúltima colocação. Vale lembrar que neste ano o Caso Americanas e a sequência de pedidos de recuperação judicial abalaram a confiança do mercado de crédito no país, o que pode ter influenciado no resultado. “Esses eventos ligaram um alerta”, resume.
Outro ponto de atenção fica para a piora nos indicadores de investimento em tecnologia e formação de mão de obra. “Temos o pior desempenho do ranking em gestão da educação, isso reflete na qualidade da nossa mão de obra e tem impacto no nosso futuro”, reforça Carlos Arruda.
Enquanto na especialização da mão de obra, o Brasil está na 62º posição, o país é o 49º na fuga de talentos para o exterior.
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Oportunidades
Por outro lado, os pesquisadores destacam as oportunidades que o Brasil pode capturar para melhorar sua competitividade. Em primeiro lugar, a aprovação de uma âncora fiscal e da reforma tributária são considerados pontes primordiais.
Ademais, a pauta ambiental é uma das forças do país para melhorar a competitividade. No ranking de energias renováveis, o Brasil é o terceiro do ranking, atrás apenas de Islândia e Noruega, com a vantagem de ter mais possibilidades do que esses países.
“Essa é uma grande oportunidade que não podemos deixar passar. Vemos que outros países tiveram suas oportunidades e evoluíram no ranking”, lembra Arruda. O caso principal é o da Irlanda, que melhorou seu ambiente regulatório para o setor empresarial à esteira do Brexit, ajudando o país a saltar da 11º para a 2ª posição da lista neste ano.
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O estudo do IMD considera dados estatísticos oficiais dos países e faz uma pesquisa qualitativa com lideranças empresariais. No peso dos resultados, os dados equivalem a dois terços, enquanto a pesquisa equivale a um terço. No Brasil, a FDC ouviu 130 lideranças empresariais entre fevereiro e abril deste ano.
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