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O empresário Elie Horn fundou a Cyrela na década de 1970 e a transformou numa das maiores incorporadoras do país, com milhares de funcionários e quase R$ 5 bilhões de faturamento.
Hoje, uma de suas principais iniciativas tem apenas sete funcionários, mas planos grandiosos – e recursos potencialmente bilionários para chegar lá.
A pequena empresa é uma organização filantrópica, o Movimento Bem Maior. Foi fundado por Horn em 2018 e conta com a participação de outros empresários como Rubens Menin, da MRV, e Eugênio Mattar, da Localiza.
A entidade já apoiou mais de 100 projetos pelo país, em diferentes áreas, como educação, saúde, agricultura e combate à violência.
Em 2021, foram investidos cerca de R$ 25 milhões e o plano é acelerar, mas não apenas injetando mais recursos em mais projetos sociais.
“Nossa filantropia é estratégica. Ao selecionar os projetos e acompanhar o impacto que os novos recursos investidos por nós geram, não queremos apenas saber se o dinheiro foi bem gasto. Buscamos entender como potencializar esses investimentos”, diz Carola Matarazzo, diretora executiva do Bem Maior.
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Com experiência de mais de 20 anos no terceiro setor, ela coordena essa equipe de sete pessoas, que deve chegar a 11 nos próximos meses.
“É difícil tomar decisões sobre isso da Faria Lima. Um corpo técnico que analise os projetos é fundamental”, diz ela.
“A filantropia estratégia é o que faz a ponte entre a doação e as pessoas que têm um problema e muitas vezes também já tem um caminho de solução para ele. Mas precisam de apoio, e não apenas financeiro”, diz.
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A atuação da organização se dá em três frentes. Uma delas é a de cofinanciamento de projetos nacionais, como o Todos pela Educação, organização sem fins lucrativos cuja meta é melhorar a educação básica do país.
O objetivo nessa frente é “mexer o ponteiro” de políticas públicas em setores como educação e inclusão produtiva.
Outra frente é chamada de Futuro Bem Maior e prevê a seleção de projetos que serão financiados por meio de editais. “O impacto vai além do financeiro. Ajudamos a desenvolver projetos e buscamos fortalecer a organização na ponta e suas lideranças, que vão colocar a iniciativa em prática”, diz Carola Matarazzo.
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Um desses projetos é o de prevenção à cegueira, no Ceará. O Bem Maior ajuda a financiar uma entidade social, da CAVIVER, que presta atendimento clínico e cirúrgico às crianças portadoras das principais causas de cegueira na infância, como catarata e glaucoma congênitos.
A última frente busca fortalecer a cultura da doação no país, apoiando, por exemplo, pesquisas sobre o assunto e iniciativas como o podcast Aqui se faz, aqui se doa, que também conta com o apoio e a divulgação do InfoMoney.
Os planos para os próximos anos são ampliar o volume de recursos doados e aprimorar os mecanismos de medição de resultados.
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“Buscamos atingir mudanças relevantes no comportamento das pessoas e em indicadores sociais”, diz Elie Horn.
Desde que deixou o comando da Cyrela a cargo de seus dois filhos, em 2014, Elie Horn dedica-se quase que exclusivamente à filantropia.
Além do Bem Maior, o empresário também fundou o Instituto Liberta, que atua no combate à exploração sexual infantil
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Em 2015, foi o primeiro brasileiro a aderir ao The Giving Pledge, iniciativa do casal Bill e Melinda Gates e do investidor Warren Buffett para incentivar doações. Horn e a esposa se comprometeram a doar 60% de seu patrimônio.
Um levantamento da Charities Aid Foundation mostra que, no Brasil, o volume de doações chegou a 0,2% do PIB em 2019, ou cerca de US$ 3 bilhões. “Esse percentual precisa dobrar, no mínimo”, diz Horn.
Nos Estados Unidos, o percentual é de 1,4% do PIB e, na Argentina, fica em 0,3%.