Como ficam Submarino e Shoptime na crise da Americanas (AMER3)? Entenda

Americanas, Submarino e Shoptime formam, juntos, um dos maiores grupos de comércio digital no país

Wesley Santana

Americanas controla um dos maiores grupos empresariais do país, com destaque para o comércio digital. Foto: Divulgação/Submarino
Americanas controla um dos maiores grupos empresariais do país, com destaque para o comércio digital. Foto: Divulgação/Submarino

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Americanas, Submarino e Shoptime formam, juntos, um dos maiores grupos de comércio digital no país, responsável pelas vendas trimestrais de R$ 11,7 bilhões, conforme balanço divulgado no terceiro trimestre de 2022. A formação deste pool se deu em 2021, quando aconteceu a fusão entre a B2W e Lojas Americanas, transação que foi aprovada pelos órgãos de controle fiscal.

Depois que a Americanas (AMER3) divulgou um fato relevante, na semana passada, que revelou um rombo de R$ 40 bilhões nas suas contas -que inicialmente era de R$ 20 bi-, o mercado se questiona sobre o futuro dos negócios. Essas incertezas se estendem, portanto, às demais empresas do grupo, que ainda tem o aplicativo financeiro Ame, o hortifruti Natural da Terra e a rede de conveniência Vem.

O advogado especialista em direito comercial, Tiago Gomes, avalia que o caminho mais natural para o grupo Americanas é pela recuperação judicial. No entanto, se confirmado esse pedido, há três destinos para as companhias que formam o consórcio: 1) entrarem no processo; 2) ficarem de fora dele e com operação independente; ou, ainda 3) acabarem vendidas como forma de conseguir  liquidez para pagar os credores.

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“É muito comum que todas as empresas de um mesmo grupo que enfrenta uma crise econômico-financeira, como é o caso da Americanas, sejam parte do pedido de recuperação”. “O fato é que se precisa beneficiar todas elas, da mesma maneira que foram prejudicadas pela crise, então a saída para o problema de uma passa também pela solução global do grupo”, explica o especialista, também sócio do escritório Ambiel Advogados.

Na semana passada, no pedido de Tutela de Urgência Cautelar que a Americanas fez ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para interromper vencimentos antecipados de dívidas, a corporação citou o Grupo Americanas, B2W Digital, além da subsidiária estrangeira JSM Global. O documento destacou que aquela era a medida mais efetiva para propiciar a continuidade das suas atividades e viabilizar a proteção adequada do grupo.

“Tendo em vista a urgência na adoção de medidas de proteção da Companhia e das demais do Grupo Americanas, a empresa julgou que a apresentação de pedido de tutela de urgência seria a medida mais adequada, neste momento, para preservar a continuidade da oferta de serviços de qualidade a seus clientes (consumidores, sellers, merchants, fornecedores, parceiros e o nosso time), dentro dos compromissos assumidos com todos os seus stakeholders, preservar o valor da Companhia e do Grupo Americanas, e assegurar a manutenção da continuidade de seu negócio e sua função social”, pontuou.

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Na avaliação de Gomes, mesmo com esse fato ainda é impossível afirmar que Shoptime e Submarino -que integram a B2W- fariam parte de uma eventual RJ nos mesmos moldes do pedido de tutela. A afirmação também não é certeira sobre as outras empresas que não foram citadas, como é o caso da rede Uni.Co.

“É muito provável que as marcas que são 100% controladas pela Americanas se utilizem de mecanismos de financiamentos e negociação de preços comuns de todo o grupo, então elas serão impactadas de alguma forma. Também é provável que as menos relevantes para o sucesso da companhia sejam utilizadas como forma de atrair recursos para financiar atividades das mais importantes no sentido societário. É como perder os anéis para salvar os dedos”, exemplifica.

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Situação da Americanas é específica

Esse caso tem ainda uma situação incomum, que é a divisão do controle da rede de conveniências franqueadas Vem, uma joint-venture entre Americanas e a Vibra (VBBR3). Além de atuarem em setores distintos, as duas organizações não têm qualquer ligação direta, a não ser por deter cada uma 50% do quadro societário da rede de lojas instaladas em postos de combustíveis. 

Gomes define essa situação como “complicada”, uma vez que é fruto de duas companhias de capital aberto. A Americanas só pode incluir esse ativo no processo, caso a outra controladora concorde com o dispositivo, já que ela tem o controle sobre metade do negócio.

“Isso não é nada trivial, visto que um pedido de recuperação judicial acaba afetando a reputação de todas as empresas, além de gerar uma série de preocupações. Isso pode resultar, ainda, em gatilhos de vencimentos antecipados, o que não é tão simples, sob a perspectiva da Vibra. No caso das Americanas, acredito que seja importante trazer todos os negócios para a proteção em uma eventual recuperação judicial”.

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Além das empresas citadas, o Grupo Americanas controla a rede Uni.co (responsável pelas marcas Puket, Imaginarium e Love Brands) e a plataforma de logística Let’s. Em nota ao InfoMoney, o site Submarino Viagens afirmou que tem suas operações atreladas ao grupo CVC Corp desde 2015, e não mais com o Submarino comprado pela Americanas.