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SÃO PAULO – Depois de conquistar dois ouros olímpicos, oito títulos da liga mundial e três pan-americanos – e de se tornar um palestrante requisitado – o técnico de vôlei Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho, decidiu dar um novo tipo de treinamento. Dessa vez, no mundo dos negócios.
Como as empresas não contratam técnicos, mas sim especialistas em coach, é isso que Bernardinho vai fazer na MadeiraMadeira, uma startup de venda de móveis pela internet, com sede em Curitiba.
Quando recebeu um investimento de US$ 110 milhões, em setembro, em uma rodada liderada pelo conglomerado japonês SoftBank, a empresa, que deve faturar R$ 1 bilhão neste ano, decidiu preparar seus executivos para uma nova fase: a da abertura de capital.
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E cabe a Bernardinho a tarefa de treinar a equipe para subir ao “pódio olímpico” do mundo dos negócios.
“Atletas precisam ter uma alta performance para chegar a uma olimpíada, uma equipe de executivos também precisa ter o melhor desempenho possível se quiser fazer um IPO [oferta inicial de ações, na sigla em inglês]. Os valores e princípios para essas duas preparações são os mesmos”, afirma Bernardinho em entrevista ao InfoMoney.
“Costumo dizer que empreendedores são atletas corporativos. Eles têm as mesmas dores dos atletas. Não no sentido físico, mas as dores da resiliência, de lidar com derrotas e manter a humildade nas vitórias”, explica o técnico.
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Bernardinho e os fundadores da MadeiraMadeira criaram uma espécie de ciclo olímpico em que, durante quatro anos, os principais executivos da startup receberão treinamentos mensais de liderança, gestão, comunicação, inovação e outros temas com Bernardinho na sede da empresa, em Curitiba.
A startup também está montando o que chama de M Team, uma equipe dentre os seus mais de 700 funcionários que receberá treinamento direto com Bernardinho para aprender e espalhar a cultura da empresa.
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“Queremos construir uma equipe que dê o seu melhor no trabalho, mas também tenha o lado humano, com foco em pessoas. Acreditamos que o Bernardinho pode auxiliar na construção dessa cultura”, afirma Daniel Scandian, presidente e cofundador da MadeiraMadeira.
“Ainda estamos estruturando como o Bernardinho vai nos ajudar na prática. Acreditamos que tem muita coisa que ele pode fazer”, completa.
O trabalho de Bernardinho como coach na MadeiraMadeira é algo inédito em sua carreira, mas não é sua única atuação na área de negócios.
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Aos 60 anos, além de ter sociedade e participar do conselho de empresas como a rede de academias Bodytech e a rede de restaurantes Delírio Tropical, Bernardinho atualmente divide seu tempo entre as quadras, comandando o time feminino de vôlei Sesc-RJ, aulas sobre liderança empreendedora na PUC-Rio e palestras com esse tema em todo o Brasil.
No ano passado o nome do técnico, que é filiado ao Partido Novo, surgiu como uma das apostas do partido para o governo do Estado do Rio de Janeiro, mas a candidatura nunca se concretizou.
Bernardinho e o coach de US$ 1 trilhão
Segundo Scandian, a inspiração para contratar um coach para treinar seus executivos surgiu após a leitura do livro O coach de um trilhão de dólares que conta a história do icônico Bill Campbell.
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Usando ensinamentos do mundo dos esportes, já que iniciou sua carreira profissional como treinador de futebol americano, Campbell teve um papel fundamental no crescimento de algumas das empresas mais proeminentes do mundo. Ele foi mentor de nomes como Steve Jobs (fundador da Apple), Jeff Bezos (criador da Amazon), Larry Page (fundador do Google) e Eric Schmidt (ex-CEO do Google).
“Eu fiquei realmente fascinado pelos ensinamentos do Campbell e comecei a pensar que seria muito bom ter alguém que pudesse fazer o mesmo pela nossa equipe”, afirma Scandian. O nome a que ele chegou foi o de Bernardinho.
Em comum, Campbell e Bernardinho têm em seu currículo o fato de terem sido treinadores e a formação em economia – Bernardinho pela PUC-Rio e Campbell pela Universidade de Columbia.
Mas o técnico brasileiro afirma que as similaridades param por aí. “O Bill foi um grande coach. Eu nunca havia feito algo similar, mas o Daniel [Scandian] veio com a proposta e achei que fazia sentido”, afirma Bernardinho.
Apesar da formação em economia e de ter estagiado no banco Garantia durante a faculdade, Bernardinho não seguiu na carreira executiva. Jogou vôlei de 1979 a 1986 e, logo após encerrar a carreira como atleta, tornou-se técnico do esporte.
“Quando comecei a atuar como técnico descobri o que eu queria fazer para o resto da minha vida, que nada mais é do que treinar pessoas. O Bill Campbell tinha um interesse em desenvolver as pessoas, em fazê-las atingir o seu potencial máximo. Esse também sempre foi o meu objetivo, a minha missão”, afirma.
Bernardinho diz que, para o próximo ano, seus planos incluem fazer um curso executivo de curta duração no exterior e disputar um Meio-Ironman. Resta saber se, na MadeiraMadeira, o coach manterá a postura enérgica e exigente que demonstra nas quadras.
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