Com mais filmes do que qualquer estúdio, Netflix quer o Oscar

A empresa resistiu às exigências de lançar seus filmes nos cinemas antes de serem veiculados no aplicativo, irritando cinéfilos e proprietários de cinemas

Bloomberg

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(Bloomberg) — Há muito tempo a Netflix tem produzido os próprios filmes, mas 2019 pode ser lembrado como o ano em que a empresa realmente se tornou um estúdio de cinema.

No começo de 2019, a Netflix se tornou membro da Motion Picture Association of America, a associação de Hollywood que representa estúdios de cinema.

Depois disso, a empresa lançou quase 60 longas-metragens em inglês ao longo de 2019, incluindo os candidatos ao Oscar “O Irlandês” e “História de um Casamento”.

Com uma lista que inclui seu primeiro filme de animação “Klaus”, um thriller de ação de Michael Bay e comédias como “Meu Nome é Dolemite”, de Eddie Murphy, a Netflix dobrou ou até triplicou a produção dos maiores estúdios de Hollywood. E, pela primeira vez, os principais executivos da empresa estão dizendo que os filmes determinarão se a Netflix atingirá suas metas financeiras em 2019.

“Este outono foi um bom ápice”, disse Scott Stuber, diretor de filmes da Netflix, em entrevista. “Estou muito orgulhoso desta lista. Posso olhar nos seus olhos e dizer que fizemos bons filmes tanto quanto outros” estúdios.

Stuber, 51 anos, entrou na Netflix em 2017, depois de mais de duas décadas trabalhando em cinema – primeiro como executivo e, depois, como produtor.

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O diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, pediu que Stuber montasse um estúdio de cinema do zero para rivalizar com qualquer outro em Hollywood.

Naquela época, a Netflix havia lançado apenas duas dúzias de filmes originais, a maioria deles desinteressantes – como a sequência de “O Tigre e o Dragão” e a comédia “The Ridiculous 6”, de Adam Sandler. A empresa teve que preencher a lista com projetos que foram abandonados por outros estúdios.

O filme da Netflix que encantou os críticos, “Beasts of No Nation”, não recebeu indicações ao Oscar 2016 – um resultado que muitos especialistas interpretaram como desaprovação à empresa de streaming.

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A empresa resistiu às exigências de lançar seus filmes nos cinemas antes de serem veiculados no aplicativo, irritando cinéfilos e proprietários de cinemas.

“Era uma empresa criada na televisão, antes de tudo”, disse Stuber, um executivo de 1,83 metro que trouxe um currículo de peso para a Netflix ao produzir filmes como “Separados pelo Casamento” e “Um Espião e Meio”. Desde então, muitos de seus colaboradores anteriores, incluindo Dwayne “The Rock Johnson” e o diretor Peter Berg, assinaram contratos para fazer filmes para a Netflix.

Enxurrada de filmes

Nos dois anos e meio desde que Stuber assumiu o cargo, a Netflix se transformou no maior estúdio de cinema de Hollywood, pelo menos em termos de volume.

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A empresa planeja lançar de 50 a 60 filmes por ano, e isso não inclui projetos nascidos em outras divisões, como “El Camino”, um filme derivado da série “Breaking Bad”.

Neste ano, a Netflix tem dois dos cinco filmes com as melhores chances de ganhar um Oscar, de acordo com o Gold Derby, um site dedicado a prever prêmios de entretenimento. A lista inclui o atual favorito, “O Irlandês”, de Martin Scorsese. As indicações serão anunciadas em 13 de janeiro.

Críticos de cinema de Nova York escolheram o “Irlandês” como o melhor do ano, e a Netflix recebeu o mais indicações ao Globo de Ouro do que qualquer estúdio, tanto no cinema quanto na televisão.

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Mas este ano foi particularmente forte para filmes, e não há um líder. Críticos de cinema de Los Angeles classificaram o “Parasita”, de Bong Joon-Ho, como o melhor do ano, enquanto “1917”, Sam Mendes, também foi aclamado pela crítica. “Era uma Vez em… Hollywood”, de Quentin Tarantino, poderia finalmente render ao cineasta seu primeiro Oscar de melhor diretor.

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