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Cinco dias depois de os minoritários da CPFL Renováveis protocolarem reclamação na CVM sobre a nova oferta pelas ações da empresa, os chineses da State Grid responderam às contestações. Em carta enviada à autarquia, a companhia acusa os minoritários de oportunistas, que querem induzir a autarquia a erros e se baseiam em pleitos antigos.
“A reclamação deixa claro que os reclamantes não estão à procura de tratamento igualitário no âmbito da oferta muito menos do cumprimento da decisão do colegiado, mas sim de aproveitar a oportunidade da transação para tentar vender suas ações ao maior preço possível, mesmo que para isso tenham de induzir em erros essa autarquia e buscar vantagens indevidas”, diz a chinesa na carta.
No fim de junho, a State Grid elevou de R$ 12,20 para R$ 13,81 o preço pelas ações da Renováveis – o que representa acréscimo de R$ 390 milhões ao preço original de quase R$ 3 bilhões. Na reclamação feita pelos minoritários semana passada, os acionistas questionam a forma como o preço foi recalculado pela chinesa e reclamam da demora do processo, que se arrasta desde 2016.
Um dos argumentos usados para derrubar a revisão do preço feita no mês passado é que a State Grid teria tentado alterar os fundamentos da justificativa de preço original e usado informações financeiras selecionadas. A acusação é que a empresa não teria feito os cálculos com base no IFRS (normas contáveis internacionais), que consolida os números de todas as controladas da companhia.
A State Grid afirma que não houve mudança de narrativa por parte da ofertante, mas sim o aperfeiçoamento da redação original, “apenas e tão somente para refletir a verdadeira relevância dos métodos” usados. Sobre o IFRS, a chinesa afirmou que à época da transação as únicas projeções elaboradas pelos conselhos de administração de ambas as companhia eram as projeções gerenciais elaboradas pela administração das CPFL Energia e CPFL Renováveis. “Eram as únicas projeções imparciais e confiáveis”, diz a empresa na nota.
Novela
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A revisão do preço apresentada pela State Grid foi feita depois que o colegiado da CVM exigiu, no início de maio, ajustes nos cálculos. Na ocasião, a autarquia suspendeu a decisão de sua área técnica que definia preço mínimo de R$ 16,69 para a Oferta Pública de Ações (OPA) – o que significava algo em torno de R$ 1 bilhão a mais de desembolso da chinesa.
A State Grid foi responsável por uma das maiores transações do País em 2016, ao adquirir o Grupo CPFL Energia. Entre a compra do controle (da Camargo Corrêa) e das ações no mercado, a empresa desembolsou cerca de R$ 25 bilhões. O negócio também incluía a compra das ações da CPFL Renováveis, subsidiária do grupo de energia. Aí começou o conflito.
A chinesa oferecia R$ 12,20 para adquirir a participação no mercado, bem abaixo dos R$ 25 oferecidos aos minoritários da holding. Os acionistas da Renováveis não aceitaram a proposta e entraram com uma reclamação na CVM, que em fevereiro deste ano decidiu a favor dos minoritários ao estipular um limite de R$ 16,69 para a oferta. Essa definição, no entanto, foi derrubada pelo colegiado da autarquia, que pediu novos cálculos para a State Grid.