Apesar dos juros altos pressionarem os custos, a Priner (PRNR3) deve manter uma taxa de crescimento “bem forte, de dois dígitos”, segundo Túlio Cintra, CEO da companhia. Em entrevista ao InfoMoney, ele afirmou que o cenário macro faz com que a empresa fique mais seletiva em relação ao tamanho das aquisições (M&A) que pretende fazer em 2023, mas que as compras não devem parar.
“Todas as companhias que nós tivemos sucesso em trazer para nosso grupo cresceram a taxas de dois dígitos por todos os anos. Continuamos tão seletivos quanto éramos mesmo no cenário de taxas [de juros] menores, teremos M&As este ano, agora a seletividade passa a ser também o tamanho. M&As que venham a demandar um aporte muito alto vão ter que esperar no banco, porque com essa situação de despesa financeira nós temos que selecionar M&As que sejam muito lucrativos mas que não afetem significativamente a alavancagem da companhia”, afirmou o CEO.
Ele participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do quarto trimestre e ano fechado de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.
“Na infraestrutura, entra governo, sai governo, a infraestrutura no Brasil, dado que ela está muito atrás do que ela deveria ser, nós sempre temos demanda na infraestrutura. E a gente só atua em infraestrutura para órgãos privados, como PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) privatizadas, rodovias privadas, ferrovias privadas. Esses segmentos não pararem nem durante o ‘crunch’ que nós tivemos de crescimento em 2015”, continuou o executivo.
“Esse é um dos motivos que a gente expandiu para infraestrutura, porque é um segmento relativamente estável. De fato, a gente não vê para 2023 nenhum tipo de nevoeiro que possa nos tirar da nossa velocidade de crescimento. Pode reduzir em função da taxa de juros, macroeconomia, mas a taxa de crescimento continuará sendo forte, de dois dígitos, bem forte”, completou Cintra.
Sobre o aumento das despesas no quarto trimestre de 2022, Marcelo Costa, CFO da Priner, explicou que elas aumentaram por causa da provisão de um bônus para a Gmaia, uma de suas controladas. “No primeiro trimestre, elas voltam aos níveis anteriores”, ressaltou. Ele falou ainda sobre a piora no resultado financeiro do período que, segundo o CFO, se deve ao aumento da dívida da companhia, que vem crescendo em função do Capex maior para fazer frente ao plano de crescimento orgânico e via M&As.
“Mesmo assim a posição financeira líquida negativa da companhia é muito confortável. Ano passado, a gente terminou com uma alavancagem de 0,5x a relação entre dívida líquida e Ebitda, já considerando o Ebitda ajustado. É uma posição bastante conservadora”, disse o executivo.
Costa também comentou sobre a captação de R$ 130 milhões que a companhia tem que fazer em 2023, dos quais R$ 107 já foram captados em março. “Se nós quiséssemos, poderíamos ter captado o dobro disso. Mas já estamos preparados para o capex previsto para este ano e para esses M&As pequenos previstos para 2023. Nossa expectativa é passar de R$ 1 bilhão em receita neste ano”, afirmou.
O CEO e o CFO da Priner comentaram ainda sobre pagamento de dividendos, perfil dos contratos dos clientes, sobre os riscos envolvidos no negócio, sobre as iniciativas ESG (meio ambiente, social e governança) da companhia e sobre repasse de custos em um cenário inflacionário. Veja a entrevista completa no player acima, ou clique aqui.