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Quem acompanha futebol e aguarda ansiosamente a Copa do Mundo a cada 4 anos, provavelmente se acostumou com a tradicional cobertura do evento feita pela TV Globo. Afinal, a emissora de televisão deteve a exclusividade nos direitos de transmissão tanto na internet quanto na TV até a Copa de 2018.
Entretanto, para este ano, no Catar a FIFA firmou um acordo junto a LiveMode, para a transmissão no canal do influenciador Casimiro Miguel, tirando a exclusividade dos direitos da Globo pela primeira vez na história.
Mas ao se tratar de business, o que isso significa? O quanto isso impacta na maior emissora de televisão da América Latina? E, talvez, o mais importante, o que isso pode nos dizer sobre o papel dos influenciadores no mercado atual? Vamos entender melhor isso agora.
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O fenômeno Casimiro e a quebra do monopólio da Globo
Eleito em 2022 como o “Homem do ano na internet” pela GQ Brasil, Casimiro Miguel Vieira da Silva Ferreira tem sido considerado uma verdadeira dor de cabeça para o Grupo Globo. Afinal, nos dois primeiros jogos do Brasil na Copa do Catar, o influenciador bateu o recorde brasileiro e mundial de views simultâneos no Youtube.
- Em Brasil x Sérvia o canal CazéTV bateu o recorde Brasil, antes pertencente a Marília Mendonça, ultrapassando os 3,31 milhões de views simultâneos;
- Já em Brasil x Suíça o influencer bateu o recorde mundial de transmissões no Youtube, com 4,41 milhões de views, deixando para trás apenas Elon Musk em live com um lançamento da Space X.
Mas como isso aconteceu? Bom, ao que parece, em 2021 – ano de renovação do contrato com a FIFA -, a Globo pedia uma revisão no valor dos direitos de transmissão do campeonato, de US$ 90 milhões por ano para a entidade esportiva, por conta da crise em decorrência da pandemia de COVID-19.
Na ocasião, o pedido foi negado pela entidade, levando o caso para a justiça. Entretanto, ambas as partes optaram por resolver a situação de forma extrajudicial, chegando a um consenso, porém agora a Globo seria a transmissora do torneio apenas na TV, por meio do canal aberto ou no SportTV, canal da emissora na TV por assinatura.
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Dessa forma, a FIFA teve a liberdade de oferecer os pacotes de transmissão online dos jogos para as plataformas digitais no Brasil, como Facebook, Tik Tok e YouTube.
Entretanto, devido a dificuldade de vender os direitos de imagens para estas, a instituição optou por um acordo com a LiveMode para uma transmissão inédita da Copa pelo canal do Youtube de Casimiro.
E como fica a emissora com essa situação?
Mesmo com o grande número de adeptos ao novo formato de transmissão inaugurado por Casimiro para a Copa, a Globo segue se mostrando forte aos fiéis da icônica voz de Galvão Bueno para os jogos da seleção brasileira.
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Afinal, quem não se arrepia ao lembrar ou rever do grito de pentacampeão? Ou do lendário “Taffareeeel” em 94 junto com a euforia do “É treta, é treta!”?
Bom, ocorre que essa é a última Copa na carreira do narrador pela emissora, o que pode significar grandes problemas para os próximos anos, mais precisamente para 2026.
Entretanto, ao se tratar de agora, mesmo com a dor de cabeça causada pelo influenciador, no jogo entre Brasil x Sérvia a audiência da emissora mais do que dobrou no país.
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De acordo com dados prévios da Pesquisa Nacional de Tráfego (PNT), a média de audiência foi de 26 pontos, valor que é 136% acima da média para o horário da partida, sendo 15 pontos a mais do que o normal para o período.
Mas e falando de valores?
Só para a Copa do Catar a TV Globo vendeu mais de R$ 1 bilhão em patrocínios. Entretanto, mesmo com alto valor do investimento de empresas por publicidade e uma boa audiência, a emissora ainda vai sofrer prejuízo com a exibição do torneio.
Mas por que isso acontece? Posso te apontar 5 principais motivos:
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- Mesmo com as negociações em 2021, os valores cobrados pela FIFA ainda são exorbitantes, chegando a quase R$ 5OO milhões anuais;
- Além dos direitos de exibição, existem ainda custos de produção e transmissão, além da logística para enviar uma equipe para o país sede da Copa;
- A alta do dólar também é um forte fator que influencia diretamente nesse caso;
- A retenção de investimentos do mercado de publicidade, principalmente por conta do marketing digital ganhando cada vez mais espaço;
- O país sede é muito polêmico, afastando potenciais investidores e até espectadores que repudiam as medidas restritivas do Catar.
Entretanto, não é só isso. O mesmo mal que assombra a Disney e a Warner, também chegou ao Grupo Globo.
Afinal, o crescimento dos serviços de streaming obrigou a emissora a investir nesse modelo, transmitindo as partidas também pelo Globoplay, que possui uma margem de lucro bem mais baixa do que as assinaturas da TV a cabo e pay-per-view.
Além disso, a disparada do número de plataformas de streaming aumenta o leque de opções dos anunciantes. Logo, se a Globo cobrar muito caro, a marca pode tentar um acordo melhor com o streamer Casimiro, por exemplo, que também está transmitindo o evento.
Entretanto, ainda que a situação seja uma enorme dor de cabeça para a emissora, a Globo ainda vem se segurando firmemente. Para isso, algumas medidas precisaram ser tomadas, como corte de custos e até a preservação de caixa.
Qual lição de business podemos tirar desse caso?
A primeira lição que podemos tirar disso está naquela velha frase: “ninguém é tão bom a ponto de ser insubstituível”, e isso se evidencia cada vez mais no nosso dia a dia. Ou seja, empresas que não buscam inovar tendem a morrer no longo prazo.
Não digo que esse seja o caso do Grupo Globo, longe disso. Entretanto, já vimos grandes exemplos no mercado, afinal ele é traiçoeiro.
Lembra da Blockbuster? Ela fechou as portas em 2014 depois de ficar mais de 25 anos como a maior rede de locadoras de filmes. Entretanto, ao não ouvir o mercado, viu surgir a Netflix, junto ao novo jeito de assistir filmes on demand: o streaming.
Mas a Netflix não vai muito longe nesse exemplo, afinal a plataforma cedeu seu espaço de protagonista para outros aplicativos de streaming que tomaram conta do mercado, obrigando o app a encontrar outras formas de monetização para se tornar sustentável.
Mas enfim, voltando para nosso embate entre a gigante da comunicação e a personalidade do momento, podemos concluir uma coisa: o monopólio da Globo está terminando aos poucos.
Se antes os direitos de transmissão da Copa Libertadores da América e da Fórmula 1 eram exclusivos do Grupo, hoje já vemos outras empresas compartilhando os eventos junto a serviços de streaming. O grande trunfo da emissora com a Copa também já não é mais exclusivo. Basta saber agora quais serão os próximos passos da emissora.
Mas enquanto isso, já que falamos de um embate entre um grande influenciador e a gigante da mídia tradicional, tenho uma pergunta para vocês: Será que influenciador da ROI? Confira o episódio #157 do ROI Hunters para descobrir essa resposta.
Texto: Dener Lippert
CEO e fundador da V4 Company, maior rede de assessoria de marketing digital do país, autor do best-seller “Cientista do Marketing” e colunista do InfoMoney. Dener tem apenas 27 anos, mas já figura entre os principais empreendedores do país: está na lista da Forbes Under 30 de 2021, fundou a V4 Company com apenas 18 anos (na cozinha da casa de sua mãe) e hoje já tem mais de 150 franquias em todo o país, com uma base de 2 mil clientes ativos. Já passaram pelo portfólio da marca empresas como Dell, Melissa, Wizard, Spotify, Lojas Lebes, Colchões Ortobom, Mobills, Wise Up e Smart Fit. Recentemente a V4 Company anunciou sociedade com o Grupo Dreamers, holding detentora de 16 marcas, entre elas Artplan e Rock In Rio. Dener Lippert também é host do ROI Hunters, podcast de marketing do InfoMoney com foco em assuntos ligados a growth, marketing digital e business.
Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores
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