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SÃO PAULO – Em uma entrevista à CBS News, emissora americana de televisão, o ex-CEO da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, se descreveu como um “fugitivo da injustiça” e deixou em aberto uma possível adaptação da sua história para as telas do cinema.
Durante a entrevista, Ghosn disse que Hollywood entrou em contato com o intuito de realizar uma produção cinematográfica sobre sua história de vida. Quando questionado pelo repórter sobre a possibilidade real desse filme ocorrer, o empresário respondeu: “Por que não?”, deixando indícios que um filme sobre a sua fuga não está descartado.
No entanto, Ghosn não deu qualquer outro detalhe sobre um suposto contato de Hollywood e não tocou mais no assunto durante o resto da entrevista.
Fuga digna de filme
No fim de 2019, Ghosn fugiu do Japão enquanto estava em prisão domiciliar na cidade de Tóquio. O empresário foi acusado por executivos da Nissan e, posteriormente, pela promotoria japonesa, de ocultação de patrimônio, uso indevido de ativos da companhia e outros crimes financeiros.
Com uma história de fuga digna de se tornar um filme, o nome do empresário foi vinculado algumas vezes com produtora de filmes.
À época da fuga, no começo de janeiro, o jornal francês Le Monde afirmou que Ghosn teria um contrato assinado com a Netflix para transformar a história em uma produção cinematográfica. Em uma entrevista ao Bussines Insider, a empresa negou qualquer tipo de relação com o empresário por meio de um porta-voz.
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Mas houve outras tentativas de trazer a vida de Ghosn para as telas. Antes mesmo de fugir, no começo de dezembro, enquanto aguardava julgamento em sua casa, Ghosn teria sido procurado pelo produtor americano John Lesher.
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Segundo informou o The New York Times, o tema do filme em questão seria sua ascensão como empresário, a industria automobilística e o sistema judicial japonês, que possui uma das maiores taxas de condenação do mundo.
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Histórico
Segundo a NHK, rede pública de televisão do Japão, Carlos Ghosn deixou sua casa na cidade de Tóquio no dia 29 de dezembro à tarde e se encontrou com duas pessoas em um hotel a menos de 1 km de distância.
A linha de investigação da polícia japonesa acredita que Ghosn pegou um trem bala até o a cidade de Osaka. Na cidade, Ghosn e os dois acompanhantes pegaram um táxi até um hotel próximo do Aeroporto Internacional de Kansai.
Por volta das 22h30, os dois cúmplices deixaram o hotel e rumaram para o aeroporto. Ambos carregavam diversas malas e Ghosn não estava com eles. Nesse ínterim, o empresário deve ter embarcado em um jato particular e ido primeiramente para a Turquia, para então chegar ao Líbano na manhã do dia 30 de dezembro. As informações são da NHK e da AFP, com base em relatos da polícia japonesa e do time de investigação. Há ainda boatos que o ex-CEO entrou em uma caixa com furos para respiração no fundo.
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O The Wall Street Journal reportou que investigadores turcos encontraram uma mala enorme em um dos jatos utilizados para a viagem, o que corrobora a ideia que Ghosn viajou dentro do objeto. O empresário possui as nacionalidades brasileira, libanesa e francesa.
Ghosn não quis falar sobre a suposta caixa em que fugiu do Japão e não confirmou à CBS News se o boato era verdadeiro ou falso. O ex-CEO também não quis comentar se algum americano o ajudou em sua saída do Japão, mas disse que fugiu porque achava a prisão uma “injustiça”.
Ele afirmou que sabia dos riscos que assumiu ao colocar o plano em prática, mas não deu detalhes sobre os passos do esquema. Além disso, o empresário afirmou que planejou sozinho a fuga e que teve ajuda de pessoas pontuais para “operar” alguns serviços.
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“Eu sabia que, se eu estivesse colocando as pessoas ao meu redor, não apenas elas estavam correndo um risco, mas também o risco de acontecer qualquer boato ou vazamento ficaria muito alto. Eu tive que trabalhar sozinho, junto com algumas pessoas para operar, entende? Não havia mais ninguém”, contou Ghosn à reportagem da CBS News em sua casa no Líbano.
Ele reafirma que há muitos boatos sobre o que aconteceu, mas só ele conhece todos os detalhes da fuga. Ghosn refere-se a si como um “fugitivo da injustiça” e teceu severas críticas ao sistema judiciário do Japão.
Ghosn alega inocência de todos os crimes imputados e está atualmente no Líbano, proibido de deixar o país.
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“Não me sinto mal com isso, por conta da maneira como fui tratado e a maneira como encarava o sistema. Francamente, não sinto nenhuma culpa.”
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