BTG corta preço-alvo do ADR da Petrobras em 45% e alerta para “falta de senso de urgência”

"Reformas mais ousadas podem reverter essa situação... os preços mais altos do petróleo podem reverter esta situação... mas a inércia definitivamente não vai reverter essa situação!", ressaltam os analistas do banco sobre a situação da estatal

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SÃO PAULO – O BTG Pactual cortou o preço-alvo para os ADRs (American Depositary Receipts) da Petrobras (PETR3;PETR4) de US$ 5,50 para US$ 3,00, uma baixa de 45,45%, destacando que a aparente falta de qualquer sentido de urgência está levando a um pedágio enorme sobre a empresa. A recomendação para os ativos segue neutra. 

No geral, eles seguem com visão cautelosa para o setor petrolífero, diante do que parece ser uma tempestade perfeita: combinação de um ciclo de queda das commodities e altos níveis de alavancagem das compaanhias.

“Como as companhias estão muito relacionadas ao preço do petróleo, começamos a questionar o equity value [valor de empresas aos acionistas] de companhias como a Petrobras”, que, segundo os analistas, perdeu oportunidade para se movimentar e vender ativos quando o petróleo estava num patamar mais alto, assim como algumas de suas subsidiárias. A única recomendação de compra para as maiores petrolíferas fica para a YPF, enquanto manteve a recomendação de compra em QGEP (QGEP3) (por conta de Manati) e seguiram neutros com as petroquímicas: Braskem (BRKM5) por conta das investigações e Ultrapar (UGPA3refletindo preocupações com volumes. 

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Sobre a Petrobras, “o corte de aproximante 50% no preço-alvo parece grande mas, se considerado o valor da empresa, na verdade não é”. Com o valor de mercado corrente atualmente em 1 vez o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), qualquer vento contrário poderia ser destrutivo.

E a Petrobras vem enfrentando ventos contrários em 2015, ressaltam os analistas Antonio Junqueira, Julia Ozenda e Andres Cardona. Os preços diminuíram, o custo da dívida subiu, o Brasil foi rebaixado. Mas apesar de todos esses fatores externos, “o principal vento contrário enfrentado pela companhia foi interno”, afirmam os analistas. 

Eles apontam que o corporativismo e a ideologia que rege aquele que empresa não a puxa para as reformas necessárias. A Petrobras precisa privatizar as subsidiárias, destacam os analistas, ao invés de vender participações minoritárias, sendo o caminho para a maximização de valor.

Para eles, o negócio de distribuição de combustíveis deve seguir o mesmo modelo usado no processo de privatização das empresas de telecomunicações no final dos anos 1990 – a companhia deve ser dividida geograficamente e depois vendida em partes. “O mesmo raciocínio se aplica às empresas de transporte, às usinas térmicas, biomassa e todos os outros pequenos segmentos aos quais a empresa está exposta”.

“Lutar contra os problemas não se efetiva sem lutar contra interesses organizados das minorias. Em um ano em que, supostamente, era mais fácil tomar decisões mais duras (o primeiro ano do ciclo político), as conquistas ficaram longe de acontecerem e os problemas ficaram maiores”, ressaltam, destacando que 2015 foi um ano perdido. Com isso em mente, e tendo como base a curva atual dos preços do petróleo, o valor patrimonial da Petrobras está menor do que os passivos consideráveis.

“Reformas mais ousadas podem reverter essa situação… os preços mais altos do petróleo podem reverter esta situação… mas a inércia definitivamente não vai reverter essa situação!”, ressaltam. 

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A QGEP, por sua vez, possui preço-alvo de R$ 11,00, com recomendação de compra, enquanto a Ultrapar e a Braskem tem preços-alvo de R$ 62,00 e R$ 27,00 com recomendação neutra para todos. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.