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SÃO PAULO – A intervenção do Banco Central português no BES (Banco Espírito Santo) não terá seus impactos restringidos em território lusitano: uma das maiores instituições financeiras do Brasil também sofrerá com as perdas contábeis do banco português. Estamos falando do Bradesco (BBDC3; BBDC4). O dano, apesar de milionário, não chega a trazer um alarde perante os analistas de mercado.
Em comunicado enviado nesta segunda-feira (4), o banco brasileiro será obrigado a fazer um ajuste contábil de R$ 593 milhões, o que representa 3,9% da instituição europeia. “O ajuste se dará mediante o provisionamento de 100% do investimento, com efeito no lucro líquido do terceiro trimestre, no valor aproximado de R$ 356 milhões”, informou o Bradesco em comunicado.
Nesta manhã, o BC de Portugal decidiu que deixará com os atuais acionistas do BES apenas os ativos problemáticos do banco, como os empréstimos aos antigos controladores e a participação no BES de Angola. Ao divulgar seu balanço do 2º trimestre na semana passada, o Bradesco informou que avaliava “a evolução futura do valor de mercado desse ativo, com intuito de evidenciar se há uma perda permanente” – se este for o caso, que se tornou ainda mais provável após a intervenção do governo português, o Bradesco deverá indicar a perda no balanço, resultando em uma diminuição de lucro para o terceiro trimestre.
Pela cotação das ações do BES na sexta-feira (1), que lhe davam valor de mercado de € 482 milhões, o investimento do Bradesco podia ser avaliado em aproximadamente R$ 56 milhões – o equivalente a € 18 milhões. Em relatório, a equipe de análise da XP Investimentos afirma que, embora a marcação a mercado fatalmente seja um aspecto desfavorável, o montante representa apenas cerca de 0,77% do patrimônio líquido (R$ 76,8 bilhões) e 0,40% do valor de mercado do Bradesco (R$ 147 bilhões).
Portanto, de acordo com os analistas, mesmo com a redução drástica do valor deste investimento, a perspectiva do grupo financeiro Bradesco se mantém inalterada.