Binance atinge menor market share em um ano após problemas com reguladores, mostra levantamento

Maior corretora de criptomoedas do mundo passou a registrar 50% de participação de mercado, segundo dados da Kaiko

Bloomberg

(Gabby Jones/Bloomberg)
(Gabby Jones/Bloomberg)

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A Binance parece ter perdido participação de mercado em meio a mudanças em sua estrutura de taxas de negociação e uma repressão regulatória mais ampla ao universo das criptomoedas por autoridades dos Estados Unidos.

A maior plataforma de negociação digital do mundo agora detém cerca de 50% da participação no mercado nas negociações à vista (spot), a menor desde abril de 2022, de acordo com um levantamento da casa de research Kaiko.

O market share da Binance caiu depois que a plataforma, que não tem sede fixa e oferece serviços em todo o mundo, removeu em março as negociações com taxa zero para determinados ativos.

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“Temos que esperar e ver se isso é temporário ou uma mudança mais sustentável nos padrões de negociação”, disse Ianeva, acrescentando que notou que algumas bolsas coreanas de criptomoedas tiveram aumentos de atividade no mesmo período, embora não seja possível determinar diretamente se esse movimento se deve a saídas da Binance.

“É possível que – devido ao atual ambiente regulatório – algumas instituições estejam adotando uma abordagem cautelosa, ficando fora do mercado ou implantando menos recursos em plataformas de negociação”, disse Ianeva.

Enquanto isso, a CCData diz que a participação da Binance nas negociações à vista caiu para níveis anteriores ao colapso da rival FTX, em novembro do ano passado. O volume da Binance caiu 48%, para US$ 287 bilhões em abril, o segundo menor volume mensal de negociação desde 2021. O market share geral da Binance também recuou, disse o provedor de dados.

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A Binance não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Pressão de reguladores e baixa liquidez

Os observadores do mercado cripto têm estado super focados em volumes de negociação e liquidez nos mercados, já que muitos investidores – varejo e instituições – fugiram após o colapso da FTX no final do ano passado. Além disso, em março, a Commodity Futures Trading Commission (CFTC, regulador de derivativos dos EUA) processou a Binance por violar as regras americanas de derivativos. A Binance contestou as acusações.

Outros eventos negativos também foram um fator para muitos investidores engajados anteriormente evitarem as criptomoedas, pelo menos por enquanto. E algumas empresas estão reduzindo seu envolvimento nos mercados de ativos digitais: Jane Street Group e Jump Crypto — duas das principais empresas formadoras de mercado do mundo — estão deixando de negociar ativos digitais nos EUA, à medida que os reguladores reprimem o setor.

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Em abril, os volumes combinados de negociação à vista e de derivativos em bolsas centralizadas de criptomoedas caíram quase 30%, para US$ 2,8 trilhões, de acordo com a CCData. Isso marcou a primeira queda mês a mês nos volumes de negociação neste ano.

Ianeva também aponta que a liquidez do Bitcoin na Binance diminuiu constantemente nos últimos meses e caiu pela metade desde o início de fevereiro. “O volume também recuou, mas o declínio foi impulsionado principalmente pela remoção das taxas zero do BTC em 22 de março”, disse ela.

Enquanto isso, o Bitcoin caiu abaixo de US$ 27.000 na quarta-feira (10), com analistas apontando para a baixa liquidez que pode fazer os preços oscilarem com maior facilidade.

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“Taxa zero”

A Binance, a maior bolsa de criptomoedas do mundo, começou a oferecer no ano passado negociações com taxa zero em alguns casos, o que a ajudou a ganhar mais de 20% de participação de mercado, segundo a Kaiko. Mas, em março deste ano, a bolsa interrompeu a oferta de 13 pares de negociação de Bitcoin (e liberou apenas um, de BTC/TrueUSD).

A participação de mercado da Binance recuou assim que ela deixou de oferecer “taxa zero” para clientes, disse Noelle Acheson, autora da newsletter “Crypto Is Macro Now”.

“A velocidade do declínio nos volumes à vista do BTC na Binance mostra o quão especulativo eram os volumes da bolsa”, disse ela. “Isso faz sentido, já que as taxas são uma das poucas barreiras para a dinâmida de negociação.”

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“Embora uma queda nos volumes geralmente não seja um bom sinal para um mercado, neste caso sinaliza menos dinâmica especulativa, o que é mais saudável”, pontuou.

© 2023 Bloomberg L.P.

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