Bilionários acionistas de referência da Americanas (AMER3) receberam cerca de R$ 100 mi em dividendos em 2022

Cifra distribuída em proventos pode não ter refletido a realidade, uma vez que os balanços da companhia terão de ser republicados

Rikardy Tooge Katherine Rivas

Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles (Divulgação)
Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles (Divulgação)

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O trio de bilionários acionistas de referência da Americanas (AMER3), Jorge Paulo LemannMarcel Telles e Carlos Alberto Sicupira embolsaram algo próximo a R$ 100,3 milhões em dividendos da varejista até setembro de 2022, ano que marcou o maior provento pago na década pela companhia.

O levantamento obtido pelo InfoMoney junto ao hub TradeMap apontou que a Americanas distribuiu R$ 333,2 milhões em dividendos até o terceiro trimestre do último ano – o trio de fundadores do 3G Capital possui atualmente 30,13% das ações da companhia.

O levantamento elaborado por Einar Rivero, head comercial do TradeMap, considera o valor correspondente aos proventos já desembolsados — ou seja, já retirados do caixa da empresa, embora possa ainda não ter caído na conta do investidor.

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O pagamento de dividendos da Americanas nos últimos anos pode ser mais um ponto de atenção na crise que vive a varejista. Isso porque o ex-CEO da companhia Sergio Rial já avisou que alguns balanços precisarão ser refeitos para refletir o rombo contábil de R$ 20 bilhões.

*Até janeiro de 2022, a Americanas se chamava Lojas Americanas. Por isso, a tabela possui informações de duas colunas com nomes diferentes

Um advogado experiente do setor corporativo observa que, muito provavelmente, parte desses proventos não deveria ter sido distribuído, uma vez que é grande a chance de as operações de “risco sacado” terem inflado o resultado líquido da companhia.

No entanto, alerta o profissional, não existe ponto pacífico sobre qual seria o caminho para os acionistas que receberam os dividendos da companhia com “boas intenções”, ou seja, que não tinham ideia do problema no balanço companhia. Mais um problema para os próximos capítulos da crise.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br