Após retomada no curto prazo, Itaú espera desaceleração do crédito no ano

Banco reportou queda no lucro líquido, mas espera melhora no médio prazo, investindo em carteiras de "maior qualidade"

Ana Carolina Cortez

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SÃO PAULO – Na expectativa de que a economia brasileira apresente alguma melhora no segundo semestre, o Itaú Unibanco (ITUB4) prevê uma breve retomada do crédito para os próximos meses, mas já enxerga desaceleração da carteira no consolidado do ano, afirmou a companhia em teleconferência de analise dos resultados do segundo trimestre de 2012.

Segundo Rogério Calderon, diretor corporativo de controladoria, o estoque de crédito, que subiu 4,1% no primeiro semestre frente ao mesmo período de 2011, deve apresentar expansão um pouco maior na segunda metade de 2012. Ainda assim, a taxa de crescimento dos últimos 12 meses, que está em 14%, deve arrefecer para 10% até dezembro.

Sem a carteira de veículos, que vem pressionando os resultados do banco pelos níveis de inadimplência mais elevados, o crescimento do crédito seria de 13% a 15% em 2012. “Estamos reajustando a política de concessão para adequar o banco às novas demandas do mercado, ou seja, um cenário de spreads e juros menores. Para isso, revemos algumas estratégias, focando em carteiras de menor risco, como imobiliário e consignado”, explica Calderon.

Nesse sentido, o banco espera conseguir operar com spreads menores, reduzindo gastos com inadimplência e elevando o nível de eficiência nas concessões. A “correção” de algumas carteiras, como a de veículos, deve ocorrer só em 2013, pois possui um ciclo maior (de 36 a 48 meses). A pressão sobre o lucro da companhia, contundo, tende a ceder no médio prazo.

“Tivemos o lucro prejudicado no segundo trimestre porque tivemos de migrar para um cenário de spreads menores, mas com carteiras com nível mais elevado de risco. Entretanto, para o ano que vem isso não ocorrerá mais, tendo em vista que estamos arredondando o processo de melhoria da qualidade das carteiras”, destaca Calderon.

Esse cenário fica perceptível nas estimativas de provisões de créditos duvidosos. A expectativa inicial do banco era de apresentar volume entre R$ 6 bilhões e R$ 6,4 bilhões, mas o concretizado foi de R$ 5,9 bilhões. “Por ter vindo abaixo, cortamos projeções para as provisões dos próximos trimestres”, aponta. Para o terceiro, o montante deve ficar entre R$ 6 bilhões e R$ 6,5 bilhões, enquanto que, para o quarto, deve ficar entre R$ 5,7 bilhões e R$ 6,2 bilhões.

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“Não é possível projetar o índice de inadimplência para 2012, mas imaginamos que haverá arrefecimento”, destaca.

Resultados
Nesta manhã, o Itaú anunciou um lucro líquido de R$ 3,3 bilhões, queda de 8,30% na comparação com o mesmo período do ano passado. Com isso, o lucro acumulado do banco no semestre chegou a R$ 6,7 bilhões no semestre, recuo de 5,65% no confronto anual.

As operações de crédito totais, incluindo avais e fianças, alcançaram R$ 413,4 bilhões em junho, expansão de 14,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o índice de inadimplência ficou 5,2%, considerando os atrasos acima de 90 dias, alta de 0,1 ponto percentual sobre o trimestre anterior.