Conteúdo editorial apoiado por

Allianz conclui compra de braços de seguros auto e elementares da SulAmérica

Com a conclusão da compra, por R$ 3,18 bilhões, Allianz passa a ser a segunda maior seguradora do mercado no ramo de automóveis

Priscila Yazbek

Carros estacionados
Carros estacionados

Publicidade

SÃO PAULO – A Allianz concluiu na sexta-feira (10) a compra das operações de seguros de automóvel e de ramos elementares da SulAmérica (SULA11). O valor da aquisição foi de R$ 3,18 bilhões.

O acordo foi anunciado em agosto do ano passado e autorizado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em setembro de 2019. Em junho deste ano, a Superintendência de Seguros Privados (Susep), entidade que regula o mercado de seguros, também deu seu aval.

“Nós concluímos a maior aquisição do mercado segurador dos últimos anos. É uma transação que traz um enorme potencial de crescimento ao grupo Allianz no Brasil e que permitirá avanços nos processos de digitalização, tornando a companhia mais eficiente e competitiva”, disse Eduard Folch, presidente da Allianz Seguros no Brasil, em entrevista exclusiva ao InfoMoney.

Com a compra, a Allianz passa a ser a segunda maior seguradora de automóveis do país, só atrás da Porto Seguro (PSSA3), com uma participação de mercado (market share) de 14,7%.

No segmento de ramos elementares, que inclui todos os tipos de seguros (como auto, residencial, condomínios e empresarial, exceto produtos de saúde e vida), a empresa passa a deter um market share de 9%, tornando-se a terceira maior do segmento, atrás apenas da BB Seguros (que reúne operações do Banco do Brasil e da Mapfre) e do Bradesco Seguros.

Questionado sobre eventuais efeitos negativos da maior concentração de mercado para o consumidor, Folch disse que o mercado de seguros não possui um nível de concentração elevado e a prova disso foi a rapidez na aprovação da operação pelo Cade.

Continua depois da publicidade

A reportagem perguntou especificamente se a aquisição de parte da SulAmerica deve gerar aumento nos preços de seguros para o consumidor final. Folch não negou a possibilidade em sua resposta, mas disse que “uma companhia maior se torna mais competitiva e oferece melhores serviços e vantagens para o consumidor”.

Ao incorporar a SulAmérica Auto e Massificados, 75% da operação da Allianz passa a se concentrar no segmento de automóveis.

Mas a empresa acredita que o negócio deve trazer avanços especialmente na venda de seguros residenciais e empresariais, por meio do chamado cross selling, já que a nova base de clientes terá acesso a um leque maior de produtos.

Continua depois da publicidade

Em relação à integração das operações da Allianz e da SulAmérica, Folch disse que o processo será feito de forma gradativa e vai observar o melhor das duas companhias. “Nós temos a experiência global da Allianz, a experiência local da SulAmérica no mercado corretor, e com isso o processo deve ser simples, ágil e vai ter o cuidado de manter a carteira de corretores e clientes.”

A Allianz é uma seguradora alemã e completa 130 anos em 2020. Seus principais mercados de atuação hoje são a Alemanha e os Estados Unidos. O negócio fechado no Brasil amplia a participação da América Latina no grupo, em seguros gerais, para 8% e o Brasil passa a ser responsável por 70% de todas as operações latinas da companhia.

“O Brasil é visto como uma grande oportunidade para o grupo. A economia brasileira tem registrado um crescimento maior do que as economias europeias no geral e, historicamente, tem um potencial de crescimento de renda per capita maior”, avalia Folch.

Continua depois da publicidade

Efeitos da pandemia

O presidente da Allianz Brasil disse que a chegada da pandemia da Covid-19 não afetou em nenhum momento os planos de compra das operações da SulAmérica.

“Foi um investimento de mais de R$ 3 bilhões. Mesmo um feito muito prejudicial [como a pandemia] não muda o nosso olhar para o futuro. O planejamento de uma operação desse tamanho é feito observando o longo prazo”, afirmou Folch.

Em relação ao impacto da crise provocada pelo novo coronavírus – sobretudo no ramo de seguros de automóveis, que é mais sensível à redução do deslocamento e do uso de carros-, Folch disse acreditar que, a exemplo do que está acontecendo na Europa, o tráfego das grandes cidades do Brasil deve voltar ao normal em breve.

Continua depois da publicidade

“É claro que o home office reduz muito o trânsito, mas o que faz o trânsito ser menor mesmo é não ter escolas abertas. Quando a retomada das escolas acontecer, o trânsito vai voltar e as pessoas vão voltar a se locomover. Devemos partir para um modelo híbrido, com pessoas trabalhando em casa e no escritório, mas também com a abertura das lojas potencialmente vamos ter a mesma atividade”, disse.

O presidente da Allianz acrescentou que acredita na recuperação da economia em “v”, termo muito usado recentemente para definir uma retomada rápida após queda brusca da atividade.

“Estou otimista e mais confiante de que a renda será recuperada rapidamente, em ‘v'”. Questionado sobre o que ele entende por “rapidamente”, ele respondeu: “A partir de 2021. Quando se fala em algo normalizado, a gente sempre olha o horizonte de 2021”.

Apesar do baque generalizado em vários setores da economia, Folch reforçou que o faturamento da Allianz subiu 8,3%, para R$ 1,45 bilhão, de janeiro a maio deste ano, ante o mesmo período de 2019. Apenas no segmento de automóveis, o avanço foi de 12,7% no período (R$ 892,7 milhões).

Ele atribui o bom resultado à estratégia digital da companhia. “Mesmo antes da crise, nós já tínhamos cotações de seguros feitas online em 47 segundos. A pandemia acelerou os processos de digitalização, mas nós já estávamos preparados”, conclui.

Priscila Yazbek

Editora de Finanças do InfoMoney.